Hoje não consigo registrar nada...
Simplesmente nada...
É como se minha mente estivesse vazia e oca.
É um sentimento de apatia, de inércia e de impotência que torce a minha alma e fere a minha carne com uma crueza animal, irracional, e imoral.
Frases soltas ecoam num delírio alucinante, soam como pequenos sinos tocando no vácuo.
Tomam forma, é a criação surgindo da ausência.
É a ausência surgindo como criação.
É o devaneio, frenesi de cores, contornos e sons valsando incógnitos por entre neurônios nervosos.
Piração, doideira, loucura...
São ecos de um comando que nos fazem ir sempre em frente...
Escreva! Vá até o quadro negro de seu imaginário e solte sua fantasia sem medo das críticas, sem medo de errar.
Escreva tudo! Sua vida, seus amores, suas desventuras, suas frustrações, seus sonhos, seus segredos mais bem guardados, seus pudores, suas verdades e suas mentiras.
Vá! Escreve tudo! Conta toda sua vida, não deixe passar nada em branco, use todo o espaço negro que puder.
Se não conseguir, invente! Vai lá! Vai em frente, mas tente...
Não desista nunca! Não se deixe morrer por não conseguir escrever.
Que angústia sem fim é essa que não me larga? Não segure minhas mãos, deixe-me soltar o ser fantástico que habita em meu imaginário.
Leva para a escuridão os bandoleiros que nos roubam e a nossa criação.
Vade retrum, criatura nefasta que afugenta o melhor de nós.
Adriana De Cenzo.