
Há 20 anos, os pobres choravam os 19 mortos de Eldorado dos Carajás (na foto). Agora choram os 10 assassinados em Pau D’Arco. Em de todo o país, a dor, o choro, o desconsolo dos pobres massacrados pelos ricos. Foto: CNBB
 O que aconteceu na fazenda Santa Lúcia  em Pau D’Arco (PA), em  24 de maio foi um dos mais brutais massacres da  história do país. Dez trabalhadores rurais (nove homens e um mulher) foram  assassinados depois de caçados e torturados por uma tropa de mais de 30  policiais civis, militares e paramilitares (seguranças privados), todos a soldo  dos fazendeiros da região, no sul do Pará. Veja 10 fatos estarrecedores sobre a  chacina de menos de um mês atrás: 
  1. Os trabalhadores foram mortos com  tiros frontais, a maioria deles à queima-roupa, na cabeça e no peito,  característicos de morte por execução; 
  2. Quase todos foram cruelmente  torturados antes de serem mortos. Os policiais e paramilitares xingavam e riam  muito enquanto torturavam e matavam os trabalhadores, segundo os sobreviventes; 
  3. Apesar de o governo Simão Jatene  (PSDB) ter afirmado que houve um “confronto” na fazenda, os laudos do Centro de  Perícias científicas Renato Chaves atestam que não havia vestígio de tiro em  nenhum dos coletes usados pelos assassinos; 
  4. Nenhum dos assassinos, policiais ou  seguranças, sofreu qualquer ferimento; 
  5. Toda a operação de invasão da  fazenda, com perseguição, tortura e morte dos trabalhadores durou mais de duas  horas, sem que os assassinos tivessem sido interrompidos ou molestados por  qualquer autoridade, apesar de a cúpula da Polícia Civil e da Polícia Militar  na região terem ciência do que ocorria; 
  6. Os corpos dos mortos foram removidos  do local da chacina pelos assassinos que destruíram a cena do crime, para  impedir a realização da perícia; 
  7. A Secretaria de Segurança Pública do  Pará proibiu o Ministério Público de fotografar os corpos; 
  8. A perícia da Polícia Civil paraense  foi propositadamente feita para concluir que teria havido confronto; a  delegação do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) que estava no local  foi impedida de acompanhar o trabalho pericial; 
  9. Os mortos foram entregues às famílias  em estado avançado de putrefação, pois o governo do Estado não dispensou  tratamento digno aos corpos das vítimas; 
  10. No domingo seguinte ao massacre, policiais  militares, um vereador e um deputado federal organizaram uma passeata em Pau  D’Arco para defender os criminosos, sem qualquer ação das autoridades para  impedi-los. 
  [Mauro Lopes] 

  




























