(Mas um gigante com pés de barro que vai ser varrido pela Revolução Agrária!)
A carne é fraca mesmo! Forte é a semi-feudalidade deste nosso capitalismo burocrático podre, que montou uma verdadeira operação de guerra para abafar o impacto desta operação da Policia Federal contra Frigoríficos e fiscais do Ministério da Agricultura, flagrados nos crimes de incluir carnes impróprias em embutidos além da quantidade permitida e divulgada, adulterar carnes em processo de degradação com ácido ascórbico para que a aparência das mesmas fosse de carne fresca, corromper fiscais e financiar políticos (PT, PMDB e PP).
O Ministro da Agricultura, latifundiário, atacou a Polícia Federal. Michel Temer correu para acalmar os compradores estrangeiros. E as televisões passaram a produzir dezenas de matérias para tentar qualificar o episódio como um fato isolado dentro de um sistema eficiente.
Temer saboreando uma picanha ... argentina!
E a crise geral faz a canalha que gerencia o país meter os pés pelas mãos, tentando impedir a queda das ações destes grandes frigoríficos e um possível boicote às importações da carne do latifúndio brasileiro. Divulgado o grampo em que chamava um dos fiscais acusado de chefiar a quadrilha de “grande chefe”, Osmar Serraglio, ministro da justiça indicado pela bancada ruralista, cuja eleição foi financiada principalmente pela Friboi, ficou na muda. Na tentativa desesperada de tranquilizar os estrangeiros, dando mostras de se lixar para a população brasileira, Temer afirmou que, dos 21 frigoríficos investigados, somente 6 haviam exportado nos últimos 60 dias. Mas o discurso do presidente imoral, tão podre como a mercadoria em questão, proferido diante dos importadores, passou na televisão para milhões de brasileiros, que se perguntaram: quer dizer então que nós, brasileiros, podemos comer carne estragada? E continuando sua ópera bufa, Temer vai com os estrangeiros a uma churrascaria em Brasília, onde 80% da carne servida é importada da Argentina, do Chile e do Uruguai. Cômico, se não fosse trágico!
É preciso ir mais fundo na compreensão destes acontecimentos. E ir ao fundo não é o que fazem os analistas idiotas de Globo, Bandeirantes, et caterva, que ficam tentando descobrir um fato, uma articulação, um interesse, um culpado de plantão que absolva o sistema. É claro, pois sem isso a “cara de tacho” de seus âncoras ficará evidente quando defenderem abertamente seus pares e financiadores. Daqui a pouco vai aparecer uma notícia que ligue a operação da PF a interesses imperialistas para tomar o lugar do Brasil no mercado de carnes. Como se essa canalha vende-pátria tivesse um mínimo que fosse de honradez para com a nação. Ir ao fundo na compreensão destes acontecimentos é ver que a carne fraca, a carne podre, a carne da Friboi, do Toni Ramos, da Fátima Bernardes, é a ponta do iceberg da maior desgraça do Brasil, o latifúndio putrefato e fedendo a fezes, embalado para presente como agropop, agrotec, etc., etc., etc.
O único sangue de verdade na carne brasileira é o derramado pelos camponeses, indígenas e quilombolas na luta pela conquista ou para permanecer em suas terras!
Cleomar Rodrigues (LCP), Luiz Lopes (LCP),Renato Nathan (LCP), Oziel Gabriel Terena, Keno (MST), camponeses e indígenas assassinados pelo latifúndio
A grande maioria das terras onde são criados os animais para o abate são griladas, terras públicas utilizadas pelo latifúndio há mais de 5 séculos no Brasil, sempre defendidas pela força das armas, seja a força armada de um Estado em decomposição avançando para o fascismo, justificada por decisões de juízes corruptos, seja a pistolagem impune. Agora em Rondônia, quando estes dois instrumentos fracassaram, o Estado ameaça os camponeses do Canaã, Raio do Sol e Renato Nathan 2 com o Exército.
O financiamento para este negócio, “agronegócio”, é público. BNDES, o escambau, tudo quanto é agência pública de financiamento enche a burra do latifúndio de recursos, empréstimos, financiamentos. Que não são pagos! Levantamento da ONG Oxfam, com dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, destacou que 4.013 pessoas físicas e jurídicas detentoras de terras devem à União 906 bilhões de reais. A título de comparação, dívida 6 vezes maior do que o falso “déficit” da Previdência Social apontado pelo governo federal.
E mais, essa qualidade da carne destes frigoríficos, toda “arrumadinha”, sem gosto, como se fosse um produto industrializado, europeu ou norte-americano, é falsa. È impossível um país semi-colonial como o nosso ter uma indústria de alimentos digna deste nome. Essa máscara de produto de qualidade é construída com a desmoralização da produção camponesa, da pequena produção, da mandioca que o camponês leva da roça para vender na cidade, do frango, do porco. Existe toda uma campanha para caracterizar estes produtos como impróprios para o consumo por serem produzidos na roça, por não terem padrões de higiene tal qual os que seriam necessários na cidade; estes produtos teriam bactérias, causariam doenças, etc. Em Rondônia, os camponeses denunciam enfaticamente a GTA, Guia de Transporte de Animais, que é cobrada pelo frango que o camponês leva no “ônibus de linha” para vender na cidade. Se não pagar é multa, apreensão da mercadoria, criminalização. Ou seja, o que o camponês produz é ruim, o que o latifúndio “moderno” (o agronegócio) vende é bom.
E é assim em toda a agropecuária brasileira!
Em 2013, em alguns produtos que os camponeses do Norte de Minas embalaram, no rótulo da frente estavam fotos dos produtos embalados ou sendo produzidos, e ao fundo um texto, como na imagem abaixo:
Agora em que a primeira declaração para contestar a crise da carne foi do secretário-executivo do Ministério da Agricultura Eumar Novacki, que defendeu o SIF, Sistema de Inspeção Federal do DIPOA – Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, órgão que carimba e sela as carnes, ficou claro o que disseram os companheiros do Norte de Minas sobre seus produtos:
“Este produto não têm nenhum selo de garantia do governo, por isto não pode ser vendido onde se exigem estes “carimbos” e números, que na verdade não garantem nada para o consumidor, só servem para cobrar imposto, transferir a renda dos pobres para os ricos.”
Se já é criminalizado enquanto luta pela terra, o camponês, que produz mais de 70 % do que o brasileiro consome, é criminalizado quando tenta produzir. E quando consegue produzir, é empurrado para vender sua produção barata para o latifúndio e suas empresas, que colocam estes selos fajutos, que como todos estamos vendo não valem nada. E mais, os salários que estes frigoríficos pagam são baixíssimos, grande parte dos trabalhadores são camponeses sem terra ou com pouca terra, que vivem doentes pelas péssimas condições de trabalho.
O que essa crise da “carne fraca” escancara é que o latifúndio e todas as suas extensões é o cerne da crise que vivemos. Alguém viu, em todos os 3 anos de Lava-jato, tantas vozes se levantarem, de forma tão organizada, para desqualificar as denúncias da policia federal? Alguém viu tanto desespero? Isso não é pelo que aparece, é pelo que está por baixo! O Brasil não pode conviver mais, nem um minuto que seja, com o latifúndio, sob pena de viver sob o manto da crise, da corrupção, do atraso, da mentira. E aos que não querem ver, só mais uma pergunta: não é contra o trabalhador rural que estão apontados “canhões” de calibre mais grosso da Reforma da Previdência?
Conclamamos todas as organizações políticas de luta pelos direitos do povo, no Brasil e no mundo a fazer uma campanha internacional de boicote à carne podre (desde o seu início até o produto final para o consumidor) vendida no Brasil e exportada pelo latifúndio brasileiro!
Defender o Canaã, Raio do Sol e Renato Nathan 2
Produção de banana no Canaã
Viva a Revolução Agrária!
Boicote à carne podre e estragada do latifúndio brasileiro!
Viva o Canaã, Raio do Sol e Renato Nathan 2!
Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres