No carnaval de meu tempo...

NO CARNAVAL DE MEU TEMPO, OS BÊBADOS ERAM MENOS CHATOS E MAIS CRIATIVOS.

(José Milbs editor)

As rivalidades do Carnaval Macaense tinham o sabor da divinal adversida­de que marcava competições olímpicas da velha Grécia. Era tudo no amadorismo.

Sem essa de apoio financeiro de políticos "empresários". As pessoas se cotizavam nos bairros. faziam tamborins de pele de boi ou gato e os repiques entravam pela madrugada nos Cajueiros. Rua do Meio e periferias.

Nos clubes. Abaetês (hoje Ipiranga), Tênys, dos Blocos do Azul e Branco de seu Juquinha da Casa de Carida­de, até o Velho Atlântico, fundado pelo carnavalesco   Abraão Agostinho, que funcionava onde é hoje a Padaria do saudoso  Lazir e do alegre e meigo amigo  Mozart.

Macaé tinha um toque de tamborins extra sensoriais. Nestas ocasiões "Teneré", com seu grito de "E ROOOOLHA." se misturava as cantigas que Alfredo Boca Torta dava no seu IORULEITI (no Bob Nelson).

Era tudo isso e mais as andanças das meninas prá lã e prá cá no centro da rua Direita. Nos salões sempre era aguardada a presença de Benildo Amado com seu dançar feliz que mais se parecia com os toques dos grandes Mestre-salas...

As ruas eram enfeitadas com simplicidade mas com muito gosto. Lá, nas cadeiras que se espalhavam por todo o trecho se podia ver, seu Maninho da Pharmácia Narciso e toda a sua família, seu Bebé, Alfredo Mussi, Jofre Chaloub, Jorge Caldas, Edmundo Caetano, seu Ximenes, as janelas cheias da "Casa do Seu Barreto" com  Jajara e os demais ir­mãos.

Era uma Macaé bem ao gosto do prazer. Os bêbados eram bêbados engra­çados. Eram falsos travestis alegres e um amontoado de recordações bailam em cada um que vivenciou esta época do carnaval macaense.

Os dias eram cheios de atrações que tinham a marca do bom gosto e da seriedade carnavalesca.

Se no "Independente" do João Pinto, de Titinha e do resto dos moradores da Rua do Meio a coisa tinha o sabor da provocação aos Cajueiros, no Tênis Clube de Dalton Brochado a rivalidade ficava por conta dos Blocos do Azul e do Branco. A rivalidade terminava à noite com a confraterniza­ção que  marcou grande parcela de gerações macaenses.

Lança perfume "Rodouro", em frasco amarelinho de dois tamanhos a gente recebia das tias quem vinham do Rio de Janeiro. Jogávmos nas costas suadas das meninas, nos olhos de algum concorrente de namoricos. Cheirar também dava uma boa onda. Quem se atrevia "ir fundo" saia dos Salões carregados para curtir "onda" deitado nos gramados dos clubes ou nas Praças...

Comércio e capitalismo voráz marca o carnaval dos anos 2000. Negros empurrando brancos em carros alegõricos em troca e "um qualquer". Sambistas elogiando os exploradores do POVO em enrredos de "Imperadores cruéis" dos tempo do Império. Tudo isso, numa alienação total e descabida tendo como "Carro de Frente" as TVs brasileiras que nada mais são que agentes da comunicação do USA.

(José Milbs de Lacerda Gama editor e jornalista de www.jornalorebate.com)

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