Um novo sinal do aquecimento global, que afeta o Norte mais do que qualquer outra região do mundo, o derretimento de verão da camada de gelo da Groenlândia e do mar Ártico igualou seu recorde anterior com mais de quatro semanas de antecedência.
De acordo com o "índice de derretimento acumulado", publicado na quarta-feira, 15 de agosto, por Marco Tedesco, professor assistente no Departamento de Ciências Atmosféricas e da Terra no City College de Nova York, a camada de gelo no interior da Groenlândia atingiu, em 8 de agosto passado, o recorde de baixa observado no final do verão de 2010.
"Com as fontes adicionais que virão, o declínio total deste ano ira superar com folga os recordes anteriores", afirma o pesquisador. As geleiras da Groenlândia têm sido submetidas a este declínio acentuado em quase todas as regiões neste verão, incluindo as regiões mais elevadas, geralmente poupadas do degelo.
Já em julho, informações obtidas por satélites da NASA e bastante divulgadas indicavam que 97% da superfície da camada de gelo da Groenlândia estava coberta por uma fina camada de água líquida, o que é um evento excepcional.
A de 2012 está entre as quatro menores mínimas
Os resultados do "índice de derretimento acumulado", que medem o grau de derretimento, são ainda mais alarmantes, afirma Tedesco. O fenômeno descrito pela NASA "mudou as propriedades físicas da camada neve, mas provavelmente ainda não gerou o aumento do nível do mar", ao contrário das massas de gelo derretido medidas pelo índice, informa ele.
Enquanto isso, o Centro Nacional de Dados sobre a Neve e o Gelo (NSIDC – National Snow and Ice Data Center) dos Estados Unidos informou, em 13 de agosto último, que a extensão do gelo ártico ficou abaixo do recorde de baixa de 2007. Um mês antes do final da estação, o ano de 2012 "já está entre as quatro menores mínimas de verão desde o início das observações por satélite", afirmam os cientistas do NSIDC.
Em 13 de agosto deste ano, a extensão de gelo do mar Ártico era de 5,1 milhões de quilômetros quadrados, 2,7 milhões a menos do que a média observada entre 1979 e 2000, e 483 000 km2 a menos do que o mínimo anterior, em 2007.
"A taxa média de perda de gelo desde o final de junho tem sido importante, com pouco mais de 100.000 km2 por dia", informam os pesquisadores.
Grégoire Allix
Le Monde - 17/08/2012
Tradução: ArgemiroPertence