Artigo de João Meirelles é capa do Boletim de Ciências Humanas do Museu Paraense Emílio Goeldi.
Principal publicação científica da região amazônica, o Boletim de Ciências Humanas do Museu Paraense Emílio Goeldi, posiciona-se no centro do debate sobre a relação entre o desmatamento e o avanço da pecuária na Amazônia. Com a pergunta na capa – “É possível controlar o desmatamento na Amazônia?”; o artigo de João Meirelles, diretor geral do Instituto Peabiru, instiga-nos a refletir sobre o cenário que pouco se altera desde o fim da ditadura brasileira; em que a conversão da floresta em pasto cresce de forma exponencial. Isto, principalmente, por conta da ausência de políticas públicas que pouco estimulam o grande e médio pecuarista a aumentar a produtividade de seu negócio.
“O Brasil precisa discutir a fundo a questão tributária sobre a terra rural. Isto é um tabu, o governo e o Congresso não se interessam pelo tema, cabe à sociedade civil dar visibilidade para a questão. Hoje o fazendeiro não se preocupa em tornar sua terra produtiva pois paga pouco imposto sobre ela, ou seja, é muito barato manter uma fazenda pouco produtiva. De maneira geral, na Amazônia temos uma média de uma cabeça de gado por hectare, quando todas as pesquisas indicam que poderíamos ter uma média de 3 cabeças por hectare, sem a necessidade de grandes investimentos”, comenta João Meirelles.
Para Meirelles, o consumo de carne bovina cresce rapidamente, tanto no Brasil como no exterior, principalmente na Ásia, e “a produtividade baixa empurra o boi pra dentro da floresta. Se o Brasil investir no aumento da produtividade das terras já desmatadas, especialmente na Amazônia, não será necessário desmatar. Quem é eficiente deve ser premiado, e os ineficientes, punidos com altíssimos impostos. Sem revisar o Imposto Territorial Rural (IRT), que não é atualizado há décadas, nada mudará”, complementa Meirelles.
No artigo, Meirelles nos apresenta alguns dados relevantes sobre o assunto.
O Brasil possui 850 milhões de hectares, destes, cerca de 200 milhões, ou 25% do país, são compostos por pastos. E 1/3 destes pastos, cerca de 70 milhões de hectares, resultam do desmatamento da Amazônia Brasileira nos últimos 50 anos. Atualmente, há 70 milhões de cabeças de gado na Amazônia, o que representa mais de 1/3 do rebanho brasileiro, de 200 milhões de cabeças. Há forte pressão para dobrar este rebanho nas próximas décadas, e se não houver efetiva política pública de aumento da produtividade, haverá mais desmatamento.
Clique aqui para ler o artigo na íntegra.
(Instituto Peabiru)