Os Mathias - Parte II

Cá estou novamente dando notícias. Pois bem, Milbs, estou esperando a minha filha procurar um CD, onde ela tem a monografia que ela fez da conclusão do curso de Turismo e hotelaria. Fez essa monografia sobre patrimônio histórico, ela conta uma boa parte da história do avô Manoel Mathias. Sabe Milbs, o papai quando veio para cá, na Fazenda São Cristovão, ele tinha fábrica de aguardente. Essa aguardente foi famosa naqueles tempos, se chamava Aguardente São Cristovão.

Essa fazenda, era fazenda de senhores de escravos, quando o papai chegou na São Cristovão, foi por volta de 1953/54 encontrou o tronco, mas já arrancado da frente da sede.

O papai contava que estava jogado lá num canto, que os antigos vizinhos, falaram para ele que aquele era o tronco onde castigavam os escravos. Essa casa tinha 23 cômodos, alguns já deteriorados, que o papai acabou por desmanchar. Sabe Milbs, essa fazenda não trouxe felicidade p nós, aconteciam muitas coisas, perdas de animais, o canavial pegava fogo, foram muitos prejuizos que o papai teve, mas ele era teimoso reconstruia tudo novamente, renascia das cinzas. Tinhamos todo conforto, luz elétrica, chuveiro elétrico, casa boa, água cristalina do rio Betione. Os únicos carros naquelas redondesas eram os nossos, o papai tinha caminhões, carros de passeio, imagina naquele fim de mundo. Só ele mesmo. Em 1968 ele não suportou mais e vendeu a propriedade.

Nós tinhamos que estudar em São Paulo,  me lembro que íamos de trem até Bauru, era uma alegria, o papai comprava cabine, me lembro do restaurante do trem, gostava de ficar sentada com meu pai, tinha um bife que nunca mais comi outro igual. Hoje sou vejetariana. kkk. Milbs, tem muita coisa para ser contada sobre Manoel Mathias. O papai tinha um cavalo manga larga, de sua montaria, que foi de Washington Luís. Esse cavalo morreu picado por uma cobra, o meu pai quase morreu de tristeza. Não tinha o soro para aplicar. Depois desse episódio nunca mais faltou soro antiofídico na fazenda, vinha do Butantã. O papai pegava as cobras, colocava numa caixa apropriada e mandava para São Paulo, e o Butantã mandava o soro para a Fazenda.

Outra coisa que quero te contar. Olha como são as coisas. Naquele diário do avô Antônio Mathias, que o papai trouxe com ele de Portugal, em 1935. O papai chegou em Santos e no outro dia já começou a trabalhar. Ele teve comércio, padaria e confeitaria. Nesse diário, tinha uma receita de um bolinho que se chama, bem-casado. Muito bem, esse diário esta na família desde 1901. A minha filha mais nova, qdo tinha uns 4 anos, nós perguntávamos para ela: Kilza, o que você vai ser quando crescer? Ela respondia com todas as forças: "Cozinheira!" Eu falava nosssa...Meu Deus! O tempo passou, ela se formou em Turismo e hotelaria. Prestou concurso para gestora da Fundação de Turismo do Estado, passou em 2º lugar. O novo governo que assumiu, cancelou o concurso, sem nenhuma explicação, nem devolveu o dinheiro da inscrição. Ela ficou muito decepcionada...Muito mesmo!

Um dia ela me disse: Mãe, não vou ser mais empregada de ninguém, vou montar meu próprio negócio. Cadê aquela receita dos bem-casados do avô? Levei um choque sabe Milbs, gastei muito para formá-la, fazer uma boa faculdade, em Curitiba, e parar assim. Confesso que assustei. Mas, fui na gaveta, peguei o diario do avô e entreguei a ela e disse: Agora é seu, voce é a guardiã. Milbs, graças a Deus, isso já fazem 3 anos. Ela começou a fazer os doces, aperfeiçou, trocou alguns produtos, acrescentou outros. Hoje ela vive dos doces. Ela é dona da Eu Amo Doces. Sempre posto no face os doces. O doce dela já foi até para Suiça. Já mandou doces para casamento em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro. Agora tem uma encomenda para um casamento em Vitória/ES

Milbs, ela sempre me diz: "Mãe, o segredo desses doces só eu tenho, se eu não tiver filhos para passar, o segredo vai morrer comigo." Bem, Milbs, depois conto mais coisas.
um grande de abraço, delmira mathias

ALAMBIQUE VELHO MATHIAS

A aguardente antes tinha o nome de São Cristóvão. O Sr. Manoel Mathias, português nascido em Coimbra veio com 21 anos de idade para a cidade de São Paulo e casou-se aos 26 anos com a Sra. Adelina, que na época tinha 17 anos. Moraram em Santos e tinham comércio na cidade. Ao ler um noticiário no jornal da venda de uma fazenda (São Cristóvão) em Mato Grosso, o casal veio desbravando matas até chegar ao município de Miranda. Vieram por meio terrestre (primeiros caminhões) com 15 empregados. Ficaram primeiramente em Maracajú, pois precisavam abrir estrada até Miranda e ficaram na Fazenda São Pedro e Cruz Alta por 20 dias. Foram muito bem recebidos e ao chegar em Miranda compraram a Fazenda São Cristóvão para fabricar a aguardente de mesmo nome.
Plantaram a cana e fabricaram a pinga chamada Branquinha e outra de nome Extra (amarelinha porque era curtida em tonel de Angelim). A aguardente era comercializada em toda a região de Mato Grosso e também para São Paulo, Santos e Piracicaba. Isso desde 1954 até 4967. Foi muita luta, os canaviais pegavam fogo constantemente e a família sempre recomeçava do zero. De tanto tentar a produção foi encerrada e a família entrou para o comércio. Até hoje pessoas da região e também do Estado de São Paulo procuram a aguardente São Cristóvão que poucos sabem que hoje se chama Velho Mathias.
O Alambique de aguardente possui maquinário elétrico e forno a lenha. Está localizado na Chácara Santo Antônio. Localidade mais próxima: centro.


Rótulo da aguardente São Cristóvão e aguardente Extra. Fonte:  Kilza Mathias Souza.

SIRENE

Esta sirene está localizada na residência da Senhora Adelina Mathias a mais de 30 anos. Funcionava de cinco a seis vezes ao dia, para informar a hora de trabalho, almoço, e final de expediente de trabalho. Estragou e parou por mais de 10 anos. Foi consertada a mais ou menos um ano e é acionada para informar o horário para o almoço às 11:00 horas. O som é original e pode ser ouvido quase que pela cidade inteira.


Sirene de Miranda Fonte: Kilza Mathias Souza

Nota da Redação de O REBATE.
Washinfton Luiz Pereira de Souza, citado por Delmira, é nascido em Macaé, foi grande amigo de meu avô Mathias Coutinho de Lacerda. O Sitio onde é editado o jornal www.jornalorebate.com fica numa parte de uma fazenda que pertenceu a Familia do Presidente W. luiz nos anos de 1920. Mathias Lacerda foi dono da Fazenda o Ayris, vereador em 1924, falecido em 1926 e está sepultado na Confraria de Santana em jazigo Perpetuo desde sua morte. (José Milbs, editor e historiador).

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