O CASAL QUE ENGAVETA

Escrevo antes da decisão da CPMI do Cachoeira ter decidido sobre a convocação ou não do Procurador Geral da República Roberto Gurgel e sua mulher a procuradora Cecília Sampaio, para que ambos deponham na referida comissão.

Convocados o Procurador e sua mulher a CPMI, cumpriu o seu papel. Caso contrário Demóstenes Torres que se prepare para ser a única vítima de todo essa queda de água suja. Breve Cachoeira vai estar livre e retomar suas atividades normais.

É a velha forma de agir inspirada nas velhas máfias. Em momentos de crise, ou dificuldades, se entrega uma cabeça com garantias que nada faltará à sua família e ficam a salvo todos os “negócios” e o resto da organização.

Isso implica em dizer que a revista VEJA vai acabar escapando de qualquer implicação em denúncias falsas e pagas por Cachoeira, sendo parte da quadrilha, até porque, por trás de tudo isso existe o maior grupo de comunicação do Brasil, o grupo GLOBO, também implicado em várias pontas com o banqueiro e empresário Carlos Cachoeira e sua construtora DELTA.

Os procuradores gerais da República desde Geraldo Brindeiro adquiriram o hábito de engavetar inquéritos que possam colocar em risco o mundinho do clube de amigos e inimigos cordiais que controla o Estado brasileiro.

O atual Roberto Gurgel acrescentou um detalhe significativo a essa maneira de agir. Para livrar-se dos incômodos dele próprio ter que tomar a atitude de engavetar, nomeou a mulher Cecília Sampaio para seu gabinete – é procuradora também. Ela cumpre esse tipo de tarefa.

A rigor, o último Procurador Geral digno do título e das obrigações foi Aristides Junqueira. De lá para cá a Procuradoria virou uma espécie de arquivo morto dos escândalos que permeiam o clube de Brasília e se espraia por todo o País.

O inquérito que apurou compra de votos a dinheiro e por concessões de canais de rádios e tevês para aprovar a emenda que permitiu a reeleição de Fernando Henrique Cardoso (golpe branco) dormita numa gaveta qualquer da Procuradoria e a despeito de fartas provas não chegou às autoridades do Judiciário. Um deputado inexpressivo foi sacrificado e pronto.

As coisas estão tão confusas e complicadas que até Collor de Mello deitou falação esculhambando VEJA. Foi a vingança pela entrevista de seu irmão que à época gerou o que veio ser o processo de impedimento ao exercício de seu mandato de presidente da República. Descontando o fato dos ataques a VEJA terem sido feitos por Collor, nada do que ele disse é mentira... Exceto o que diz respeito a ter sido ele vítima de injúrias e mentiras da revista. Não foi, necessariamente verdade, foi um jogo para afastar Collor e partiu dos seus primeiros aliados, inclusive a GLOBO.

Não percebeu até hoje que foi deixado na chuva por seus próprios aliados quando descobriram que sua estatura política era pequena demais para o projeto neoliberal no Brasil. Só chamar o carro brasileiro de “carroça” não foi o suficiente, tampouco abrir os portos.

Dentro da Procuradoria Geral da República como um todo há críticas ao comportamento do Procurador Geral e sua mulher. E mais uma vez ressurgem, ainda que em som baixo, as propostas que mudam os critérios de escolha do Procurador Geral, todas buscando permitir ao Ministério Público Federal maior liberdade no combate ao crime, qualquer que seja ele.

Essa liberdade esbarra também em ministros do STF – Supremo Tribunal Federal – que não enxergam com bons olhos eventuais situações como as vividas por César Peluso e Ricardo Levandowski, o constrangimento de terem recebido gratificações irregulares do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Por que engavetar uma investigação que em 2009 ligava Demóstenes Torres a Carlos Cachoeira e agora jactar-se de ter tomado a atitude correta, do contrário as investigações não teriam chegado ao ponto que estão?

Demóstenes não é ligado apenas a Carlos Cachoeira. Mas também a Gilmar Mendes, ministro do STF e foi pivô de uma falsa gravação no gabinete do ministro, quando da Operação Satiagraha que colocou em risco o império de Daniel Dantas. VEJA foi a protagonista do caso ao divulgar a falsa gravação e com isso abrir caminho para o arquivamento das investigações do delegado Protógenes Queiroz.

Medo de vir à tona esse tipo de ligação? Das investigações da Polícia Federal revelarem todo o esquema do clube de amigos e inimigos cordiais em Brasília?

Ou agora, o próprio trabalho da CPMI do Cachoeira começar a bisbilhotar o que não deve, segundo a ótica dos donos do País?

O Ministério Público tem sido de capital importância na apuração de crimes do colarinho branco, mas suas instâncias superiores têm faltado com as obrigações mínimas e no caso de Roberto Gurgel e sua mulher Cecília Sampaio os fatos têm que ser apurados e ambos têm que depor na CPMI.

Em tese, pelo menos em tese, são servidores públicos com o dever de zelar pela coisa pública e não de engavetar. E no mínimo, deveriam se afastar ou serem afastados de suas funções. Não se mostram capazes de exercer cargo de tamanha importância com isenção e responsabilidade.
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