A resposta de Obama foi enigmática, mas nem tanto - "você pode estar farto dele, mas eu tenho que lidar com ele todo dia".
Um correspondente da BBC em Paris relatou que a conversa foi ouvida por vários jornalistas e só veio à tona agora, alguns dias depois, pois decidiram poupar o presidente francês de um "constrangimento" durante a reunião.
O jornalista afirmou que a conversa, a princípio privada, acabou sendo pública. É que os jornalistas presentes e aguardando declarações dos dois chefes de governos receberam fones de ouvido com a recomendação de só ligá-los quando terminasse a conversa entre ambos. A ordem não foi obedecida por muitos dos jornalistas.
Um outro jornalista, esse francês e do jornal LE MONDE, um dos maiores do país, se referiu à conversa entre Obama e Sarkozy, embora não tinha citado literalmente as frases. Jornais de Israel transcreveram ipsis literis o que foi dito pelos dois.
A conversa foi, segundo avaliação, quando Obama confrontava a posição da França de votar a favor do reconhecimento palestino na reunião anual da UNESCO. E a resposta de Sarkozy mostrou a quebra de confiança de líderes ocidentais em relação ao primeiro-ministro de Israel. Outra conclusão é que isso pode afetar o processo de paz no Oriente Médio.
O relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), um órgão da ONU, divulgado agora, afirma que o Irã trabalhou de forma organizada para a geração de tecnologias nucleares com "o possível intuito de fabricar armas atômicas e que ainda pode estar desenvolvendo esse projeto".
Em 2002, no período que precedeu a Guerra do Iraque, inspetores da AIEA se recusaram a afirmar que o governo de Saddam Hussein dispunha de armas químicas e biológicas capazes de colocar a "humanidade em risco", como queriam George Bush e Tony Blair, primeiro-ministro da colônia britânica. O presidente da AIEA era o embaixador brasileiro José Maurício Bustani.
Bustani foi acusado pelo governo de Bush de "irregularidades", uma assembléia dos integrantes da Agência foi convocada e países que lá estavam, mas em débito com a instituição e não teriam direito a voto, tiveram suas dívidas saldadas pelos EUA para que pudessem destituir Bustani e abrir os caminhos para a guerra/terrorista pelo petróleo iraquiano. À época FHC e seu chanceler Lampréa largaram Bustani à própria sorte, num dos mais sórdidos exemplos da subserviência tucana aos EUA.
Mais tarde, como o Conselho de Segurança de ONU não aceitasse a decisão de Bush e Blair de invadir o Iraque, foi mandado às favas e a invasão se deu à revelia da comunidade internacional, no direito invocado de uso da barbárie e da boçalidade para preservar o império capitalista, os "negócios".
Israel insiste a partir de Netanhyahu na invasão do Irã. Tem o apoio de governos ditatoriais de países como a Arábia Saudita, o Iêmen e dos chamados falcões norte-americanos. Republicanos sionistas ou não, ligados ao governo terrorista e aos "negócios" do terror de Estado de Israel.
No entendimento desses grupos terroristas e genocidas o Irã deve ser liquidado de imediato para evitar "problemas futuros", como influência sobre revoltas árabes em outros países, fazendo com que, no Egito, por exemplo, a coisa escape da gendarmaria norte-americana que chamam de forças armadas egípcias e as urnas ou a vontade popular instalem um governo islâmico contrário a Israel.
É uma espécie de ação preventiva em cima de mentiras usuais de norte-americanos e governos de Israel para a estupidez que caracteriza esses dois países a partir de seus governantes.
O que Sarkozy fez, insuspeito no caso, pois é homem de direita, foi deixar transbordar a gota d'água da farsa constante montada por Benjamin Netanyahu e seus seguidores.
Para não dizer que não cumpriu seu "papel" nesse jogo a Agência das Nações Unidas afirma em seu relatório, que é possível que o Irã ainda esteja desenvolvendo armas nucleares, pois conta com a ajuda de um cientista russo especialista no assunto.
Ahmadinjed, presidente do Irã, acha irônico que os EUA, com cinco mil ogivas nucleares estejam preocupados com uma bomba nuclear no Irã. E foi mais além, deixou claro que a resistência do país e de seu povo não passam por bombas atômicas.
A decisão de bombardear usinas nucleares do Irã e destruir a infra estrutura do país já está tomada em Tel Aviv. Obama é que ainda não foi convencido, ele e parte de seu staff que mais uma guerra traria benefícios aos EUA, em pleno processo de desintegração interna, com vinte milhões de indigentes, grandes manifestações populares contra o capitalismo e uma dívida impagável que tenta de todos os jeitos transferir para outros países.
A Agência Internacional de Energia Atômica é só mais um adereço dos Estados Unidos, desde a farsa das armas químicas e biológicas para justificar o ataque, a ocupação e o saque no Iraque.
E nem Obama e nem Netanyahu engoliram a decisão da maioria dos países membros do Conselho da UNESCO de reconhecer a Palestina como Estado independente e com direito a assento na organização. E muito menos o voto de um aliado, a França. Pior agora que Sarkozy afirma que Benjamin Netanyahu é "um mentiroso".