NÃO USO COLGATE NEM AMARRADO

Um dos atrativos da propaganda das redes de tevê via satélite ou a cabo no início de suas operações no Brasil era a inexistência de anúncios. O assinante brasileiro paga um preço extorsivo para dispor desses canais (uma tentativa de fugir da mediocridade da tevê aberta) e recebe em troca bombardeios de COLGATE, HARPIC, marcas de automóvel, o mesmo tempo de comercial das tevês abertas em boa parte dos canais.

A EDITORA TRÊS, que edita a revista ISTO É, inovou em matéria de apoquentar a vida do cidadão. À uma hora da manhã o telefone toca o distinto atende é alguém, ou uma gravação querendo vender assinatura da revista.

Não leio nem que no consultório do médico ou dentista só existam exemplares de ISTO É. Prefiro ficar olhando para as paredes enquanto espero.

Acho um absurdo ético dentistas venderem marcas de cremes dentais como solução para duzentos problemas bucais, ou microbiologistas falando de determinados sabonetes que eliminam as bactérias e evitam que seus filhos ou netos gripem, tenham infecções graves.

Não compro e não uso nenhum desses produtos anunciados por esses fraudadores. Conheço dentistas que mostram asco diante dessa atitude de alguns “companheiros”.

Tomei uma decisão que não vai mudar coisa alguma, mas me fez bem. Não compro produtos anunciados por “especialistas”, nada que Fausto Silva diga que é bom, ou seu colega Luciano Huck e ainda atormento os amigos com um discurso chato, tal e qual o daqueles que não gostam de cigarro ou pararam de fumar.

E considero a prática da EDITORA TRÊS um desrespeito.

Das companhias telefônicas nem falo. Oferecem planos o dia inteiro e operadoras de celular são pródigas em campanhas para isso e aquilo que na prática não acontece, pois são apenas quadrilhas a extorquir do cidadão comum. Campeãs de reclamações nos PROCONs. E de mensagens entupindo essa praga que acabou virando indispensável (mas para ligar e receber ligações), o tal celular.

É um protesto solitário, mas é um jeito de ser. Não compro produtos que eu saiba tenham origem em empresas de Israel ou participação de capital de cidadãos israelenses. Chegam manchados de sangue palestino.

É difícil escapar dessa ofensiva, mas tento. Os que identifico não uso, não compro.

E ainda faço a contrapropaganda.

Tomei a decisão de mudar de canal nos horários comerciais. O controle remoto acaba sendo uma grande arma do telespectador e entendo porque Roberto Marinho resistiu tanto a permitir que chegasse ao País. É uma forma de fugir da GLOBO.

E nem sou telespectador de horas a fio à frente da tevê.

Dou uma olhada em alguns noticiários – o que escuto e vejo interpreto ao contrário –, assisto partidas de futebol do clube que torço – Fluminense – e uma ou outra de maior envergadura, eventualmente assisto a um filme.

Não há xenofobia nisso. Acompanhei a série SEINFELD por anos a fio.
Vida inteligente na tevê.

À noite, quando nada há a fazer vasculho os canais à busca de um filme de Feline, de Visconti, de Antonioni, de Godart, Clouzot, Woody Allen, Sílvio Tendler, ou mesmo algum bom diretor norte-americano, mas ainda assim é difícil. A maioria das produções é de péssima qualidade e vendem a ideologia do capitalismo de forma escancarada, a convicção que é preciso passar a perna primeiro no próximo. Isso antes que ele passe em você.

O DVD acaba sendo uma conquista inestimável. Permite que eu fuja da tevê e possa ver filmes de minha livre escolha.

Há tempos os governos tentam enquadrar as redes de tevê fechada. Não conseguem. O poder delas é maior. Se um deputado fala mal logo o convidam para uma entrevista, uns salamaleques e pronto. Tudo resolvido. Claro que existem aqueles que nem de longe, têm caráter e não têm sobrenome Sarney.

A última do imortal é que “não vamos fazer da história do Brasil um WIKILEAKS”. Certo está o extraordinário Millôr Fernandes ao afirmar que “que quando você larga um livro do Sarney nunca mais pega”.

As tais letras miudinhas permanecem intocadas. Aparece um remédio para gripe, resolve tudo e embaixo um monte de letras miudinhas, além daquele negócio de qualquer coisa consulte o seu médico.

A propaganda vende a idéia de que cada um é um super homem. E de repente pode ter Gisele Bunchen esfregando o chão e apanhando uma cerveja na geladeira. É claro que essa série com a modelo vai ter um desfecho trágico, digamos assim, para o cara. Mas é essa a idéia geral.

As mulheres estão sendo transformadas em objeto sexual. Academia, corpo bem modelado, boa parte dos anúncios, digamos assim, traz em si, implícito, de maneira subliminar, o preconceito.

Nota-se uma preocupação das agências em ter negros em suas propagandas, mas sempre em condição inferior aos brancos, uma ou outra exceção.

Duro mesmo é o tal sabão que lava mais branco, tira todas as manchas e ainda deixa a roupa brilhando.

Corro dele. Prefiro roupas menos brancas.

Vendem um mundo que não existe. Boa parte dos filmes que vendem carros ou refrigerantes são feitos no exterior, locações de outros países, atores de outras plagas e quando chega a época de Papai Noel então, é um tal de neve que ninguém agüenta, geralmente num calor senegalesco por aqui.

Dia desses um desses que aceita algum destaque na manada estava em Bariloche e levando as mãos à neve dizia que só seria possível sentir “esse milagre da natureza estando aqui. Quem não vê, não sabe nada”.

Imagino como deve ter se sentido o cara que leu Platão, Huxley, Machado de Assis, Joyce, como deve ter se sentido.

Desligou a tevê e correu para o psicanalista, depressão imediata. Como é possível não ter percebido que se não pegar na neve e esfregar no rosto não vai ficar sabendo de nada.

Há duas pontas nesse trem todo.

O do espertalhão que produz o filme e do otário que acha que se usar determinada marca de carro vai bombar e virar celebridade.

E milhões de desrespeitados com o tal telefonema na madrugada vendendo assinatura de ISTO É. Cabe processo por noite mal dormida, por conta de susto. Telefonema de madrugada, via de regra, é má notícia. E alguém de bom senso está interessado em assinar ISTO É?

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