FUNDAMENTALISMOS

Na entrevista que concedeu há cerca de quatro meses a uma jornalista da REDE RECORDE o bispo Edir Macedo disse, ao final, que “religião nenhuma presta”. O bispo usou a entrevista para se defender das acusações feitas pela concorrente GLOBO. O bispo William Bonner havia acusado Macedo de uma série de irregularidades, algumas beirando o estelionato.

Um dos retruques de Macedo foi um terreno público em São Paulo, capital, do qual se apropriou a GLOBO e logo depois foi “legalizado” pelo governador Arruda Serra, em troca de “benefícios para a população paulista”.

Num determinado momento, a briga corria entre outras coisas por conta de índices de audiência, a GLOBO decidiu não tocar mais no assunto. Jogou a toalha sem que ninguém percebesse que estava jogando a toalha, um acordo deve ter sido feito nos bastidores, os bandidos são pródigos em se acertarem quando os “negócios” ficam ameaçados.
 
Macedo cria fantoches pelo mundo afora, um tipo de fundamentalismo que podemos chamar de “fundamentalismo aleluia” e hoje se associa a grandes empresas norte-americanas (o bispo vive em Miami). Beneficia-se, neste momento, dos escândalos de pedofilia que abalam a Igreja Católica, senhora absoluta do obscurantismo durante séculos, a bem dizer, dois milênios (com breves espaços de lucidez, lógico e algumas figuras notáveis, o que significa, à revelia da própria).
 
Cristo não tem nada a ver com isso. Ou como disse Mahatma Ghandi, “aceito o Cristo de vocês, mas não aceito o cristianismo”.
 
A barbárie guerreira, predadora, anda de mãos dadas com as religiões desde tempos imemoriais e talvez as cruzadas sejam o melhor exemplo, ou o maior. Registre-se que quando os mouros abandonaram a Europa, especialmente a Espanha, nenhum monumento católico havia sido destruído, ao contrário da ação de católicos em terras muçulmanas.
 
Em seguida ao golpe militar em Honduras, a deposição do presidente constitucional Manuel Zelaya, os chefes militares e civis golpistas foram assistir à missa comemorativa da retomada do poder pelas elites e celebrada pelo cardeal hondurenho.
 
Na milésima, ou bilionésima crucificação de Cristo, os generais entraram na Catedral carregando uma imensa cruz e todos com caras pias e de augustos salvadores da pátria, da democracia e da liberdade.
 
No Brasil de 1964 não foi diferente. Na ação preparatória do golpe o comandante militar “brasileiro” o general norte-americano Vernon Walthers chegou a envolver alguns sacerdotes como Patrick Payton e tudo culminou na Marcha com Deus pela Pátria, a Família e a Liberdade.
 
Uma ordem do dia emitida por Mário Luís de Oliveira, comandante da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, que trata do golpe de 1º de abril de 1964, fala de forças perigosas que ainda ameaçam a família e a democracia no Brasil. Cita especificamente o programa Bolsa Família e de forma depreciativa, mas pior que tudo isso, fala nas forças armadas “vigilantes” e dispostas a cumprir sua missão, vale dizer outro golpe se os sacrossantos interesses dos donos forem ameaçados.
 
O pior de todos os fundamentalismos, a mim me parece, é o patriotismo. Creio que o deputado e pensador inglês Samuel Johnson, quando disse em discurso na Câmara dos Comuns que “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas”, estava pensando assim.
 
O brigadeiro Rui Moreira Lima e outros oficiais que escapam a essa doença protocolaram no STF (Supremo Tribunal Federal), um pedido de revisão da lei de Anistia para que militares torturadores sejam processados e punidos.
 
Rui Moreira Lima foi cassado pelo golpe militar de 1964. É um herói dos campos de batalha da FEB (FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA) na luta contra o nazi-fascismo em terras européias e conta com 94 missões de combate aéreo em seu currículo.
 
Entende que a função do militar é diferente. Não tem nada a ver com tortura. Com golpes de estado. Com barbárie.
 
É um dos mais de dois mil militares brasileiros expurgados de forma violenta pelo golpe. Ao contrário dos golpistas seus compromissos eram com o Brasil, continuam sendo, não se subordinavam a comandos estrangeiros.
 
E tampouco tinham o vírus da covardia vil da tortura.
 
Não traz consigo esse germe fundamentalista patriótico que esconde a canalhice. O seu patriotismo é outro. Se materializa na ação efetiva e concreta de uma força armada integrada aos interesses nacionais, logo, parte do processo de construção de uma nação livre e soberana, senhora do seu destino.
 
Isso inclui todos os brasileiros. Não tão somente o esquema FIESP/DASLU.
 
A América Latina vive um momento decisivo em sua história. Governos populares e voltados para seus interesses nacionais contrariam os norte-americanos e os grandes grupos econômicos e o Brasil passa a ser o alvo principal, como em 1964, da sanha golpista dessa gente.
 
A possível decisão do STF ignorando a necessidade de abrir essa página da história do País, mostrar a crueldade e covardia da ditadura militar, principalmente sob o argumento que já se passaram 30 anos, ignora uma realidade. O crime de tortura é imprescritível e muitas famílias sequer sabem onde estão seus mortos, jogados em valas comuns pelos torturadores.
 
Esse é o pior de todos os fundamentalismos, o patriotismo canalha. Dizer que é boçal é redundância, qualquer fundamentalismo é boçal.
 
A decisão do brigadeiro Rui Moreira Lima, herói da FEB na IIª Grande Guerra serve para mostrar, dele e de vários de seus companheiros, que é possível uma força armada brasileira, voltada para os interesses nacionais e sem o fundamentalismo padrão Costa e Silva, Médice, Figureiredo, que em nada diferem de Pinochet, ou daqueles que homens como Rui Moreira Lima combateram na Itália. Os nazi-fascistas.
publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS