OS DIREITOS HUMANOS

A HIPOCRISIA. COMO VOCÊ A CONCEITUARIA NO CASO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DO SISTEMA CARCERÁRIO – OS DIREITOS HUMANOS


Se alguém se der ao trabalho de comparecer a qualquer igreja, de qualquer religião, em qualquer lugar do Brasil – vamos ficar por aqui – vai ouvir uma série de expressões comuns a todas. Amor, solidariedade, paz, harmonia, família e, dentre elas, perdão.

É difícil imaginar que a mãe de Isabela Nardoni possa perdoar o ex-marido pelo assassinato da filha. É um caso específico. Um dentre muitos. Na semana passada em minha cidade, Juiz de Fora, MG, próximo de onde moro, um cidadão pacato, cumpridor dos seus deveres, íntegro, até dentro do padrão hipocrisia/capitalista, SPC E SERASA em dia, pegou um machado e matou mulher e filhos.

O capitalismo inventou um negócio chamado “relações humanas”, deu-lhe forma e conteúdo científicos, para que o trabalhador passasse a chamar a fábrica onde vende a um salário vil seu trabalho de “nossa”.


Uma vez visitando uma fábrica da COCA COLA, símbolo do capitalismo, percebi que os trabalhadores falavam com orgulho da “nossa fábrica”, dos “recordes de produção batidos” e vai por aí afora.

Não encontrei um único trabalhador com idade superior a e 45 anos e fui informado que a empresa demitia esses trabalhadores por dois motivos. Primeiro a questão salarial. Com o tempo de serviço o trabalhador ia acumulando aumentos decorrentes dos dissídios coletivos da categoria e segundo, com mais de 45 já não produzia para bater recordes de produção.

Ao demitir admitia novos trabalhadores com um salário mais baixo para a mesma função do demitido, moía como carne e depois dos 45 rua.

A mídia, dependente direta de empresas como a COCA COLA, pouco se importava com isso, como pouco se importa, pois na cabeça de qualquer grande veículo, seja nacional, estadual ou regional, a COCA COLA é um grande anunciante e o trabalhador um “abençoado” que consegue pelo menos o que comer e pagar um aluguel miserável num canto qualquer. Mas até os 45.


Empresas têm grandes passivos ambientais, sociais e econômicos

Sobre seus resultados em 2005, o grupo francês Arcelor Brasil, que surgiu da união da Belgo-Mineira, inclusive a unidade de Vitória, CST e Vega do Sul, informou que apresentou uma receita líquida de vendas de R$ 13,341 bilhões, o que significou um crescimento de 7% sobre R$ 12,466 bilhões (pró-forma) apurados no ano anterior. Foram comercializadas 8,805 milhões de toneladas de aços longos e planos, 2% abaixo das 9,013 milhões de toneladas vendidas em 2004.

E que seu lucro líquido foi de "R$ 3,255 bilhões (R$ 5,025 por ação) em 2005", 3% abaixo dos R$ 3,357 bilhões (R$ 5,184 por ação) contabilizados em 2004.

As duas usinas siderúrgicas da Arcelor Brasil - CST instaladas em Tubarão poluem a Grande Vitória com gases derivados do enxofre lançados no ar initerruptamente ao longo de 25 anos. Tais gases causaram doenças que custaram à população R$ 1.250.000.000,00, até o ano passado. O custo anual da população para tratar doenças oriundas da populuição desta empresa é de R$ 50 milhões.

Agora a Arcelor Brasil - CST se compromete a implantar uma usina de dessulfuração para suas as duas unidades antigas, investimento estimado em cerca de R$ 130 milhões. A Arcelor (CST) responde por 15 a 20% dos poluentes lançados no ar na Grande Vitória, e a Arcelor (Belgo), de 5-8% das 264 toneladas/dia de poluentes, 96.360 toneladas/ano de poluentes emitidos na região. A CVRD responde por 20-25% dos poluentes na Grande Vitória, e é a maior poluidora industrial da região nos últimos 33 anos.

O presidente da CST é José Armando de Figueiredo Campos.

Aracruz Celulose - Esta empresa teve lucro líquido de R$ 3,17 bilhões nos últimos três anos: em 2005, R$ 1,2 bilhão; em 2004 de R$ 1,1 bilhão, e em 2003, de R$ 870 milhões. A Aracruz Celulose é presidida pelo brasileiro Carlos Augusto Lira Aguiar, engenheiro químico, nascido em 1945, em Sobral, no Ceará.

A empresa tem uma história de destruição ambiental, social e econômica no Espírito Santo e no País. E recebe favores do governo desde sua implantação, durante a ditadura militar.

Favores que continuam: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestou R$ 297.209.000,00, a juros de até 2% ano ano, à Aracruz Celulose, recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O BNDES também emprestou dinheiro para a construção da fábrica da Veracel (empresa da Aracruz Celulose e Stora Enso, sueco-filandesa), na Bahia: o investimento total foi US$ 1,24


Os recordes de produção só fazem permitir ao dono, ao patrão, às elites, acumular capital em cima de salários que por mais altos que sejam e arrancados em exaustivas negociações, são sempre de exploração.

Esse modelo criou uma faixa intermediária entre os donos, os exploradores e os trabalhadores, os explorados. A chamada classe média.

A classe média aprendeu que é preciso andar na moda, estar em dia com os compromissos básicos para manter o status, ter um carro capaz de mostrar que ali está um vencedor, não importa o preço que tenha que pagar, importa que foi criada para andar de quatro para os patrões, os donos, imaginar que integra o topo da pirâmide e baixar o chicote no debaixo.

E todos seguindo os mandamentos de Deus, obedecendo às regras de amor, piedade, caridade, solidariedade e perdão.

Perdão pode significar chance, nova oportunidade. Não precisa significar e nem significa esquecimento. Esse é impossível.

Aprendeu também o primeiro mandamento do capitalismo. Amar a si acima de todas as coisas e pessoas. O outro é conseqüência, decorrência e se atrapalhar, basta passar a perna, jogar para um canto, afinal, como se diz, o “mundo é assim”.

Foto tirada do Século Diario: www.seculodiario.com.br/index.asp?data=3/4/2010

Quando as autoridades policiais prenderam jovens de um condomínio de luxo no Rio, Barra da Tijuca, que haviam assaltado uma empregada doméstica alegando que se tratava de uma vagabunda e “estavam limpando a cidade”, assim como Boninho, diretor do bordel BBB que joga água suja nas que entender serem vagabundas, o pai de um dos jovens reclamou da prisão alegando que seu filho não era morador de favela, que estudava direito, tinha uma educação diversa do marginal comum, como se ele não fosse pior que um marginal comum exatamente por isso.

O dinheiro do trabalho da empregada assaltada foi “expropriado” pela elite bandida, no caso os jovens, para comprar drogas.

É um equívoco, por exemplo, imaginar que traficante do morro seja o principal responsável pela produção e tráfico de drogas. É um intermediário e só isso mais nada. Os donos do tráfico freqüentam salões de luxo, colunas sociais, eventualmente viram presidentes de repúblicas (tudo estava acertado para Álvaro Uribe ser reeleito para um terceiro mandato na Colômbia quando o Departamento de Combate às Drogas dos EUA, principal parceiro daquele país e do governo Uribe, alertou Obama que isso implicaria em manter no governo um dos chefões do tráfico. Dançou, não conseguiu o terceiro mandato).

Abadia morava num dos mais luxuosos condomínios de São Paulo e todo o seu entorno comparecia às suas festas civilizadas, pois era de bom tom. Até Abadia ser preso.

O ministro César Peluzo, do Supremo Tribunal Federal, assume agora a presidência da Corte em substituição ao gerente dos bancos de Daniel Dantas, Gilmar Mendes, que de quebra emprega e paga com verba pública uns jornalistas “independentes” da GLOBO.

Entre doze e dezenove de abril o ministro vai participar, em Salvador, BA, do 12º Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção ao Crime e Justiça Criminal.

Vão estar lá representantes de países de todo o mundo na tentativa de modificar regras que datam de 1955 e criar condições para que a violência seja combatida de forma racional, observado os direitos humanos e se permita ao infrator, qualquer que seja a infração, paga a sua dívida (como se costuma dizer), se reintegre à sociedade democrática, cristã e ocidental.

Só que a sociedade democrática, cristã e ocidental tem um papa envolvido em pedofilia, um presidente traficante na Colômbia, a barbárie em Guantánamo, a estupidez e a boçalidade em Israel contra palestinos e as prisões lotadas de “criminosos”, tanto quanto uma polícia, aqui no Brasil, via de regra ineficiente (exceção para a Polícia Federal nos moldes atuais). Ineficiente, violenta e a serviço dos donos, muitas vezes a serviço do crime organizado.

Começa pela excrescência chamada de Polícia Militar. Polícia é uma instituição civil e não há sentido nessa separação.

O filme O BOPE – Batalhão de Operações Especiais – fez sucesso em vários países não pelo que possa conter – a meu juízo é propaganda da violência – de eficiência policial, mas pela estupidez com que transforma policiais em assassinos frios e a sangue frio, sem resolver o problema da violência, da criminalidade, pelo contrário, aumentando.

Causou frisson na classe média. Dirigia-se a ela para obter a justificativa que “bandido bom é bandido morto”. Frase um policial corrupto do estado do Rio, conhecido como Sivuca e que chegou a ser deputado em alguns mandatos.

A velha hipocrisia padrão Lions Clube ou Rotary de ajudar os desvalidos vendendo uma ideologia podre é só aparência. Uma espécie de ocupação para evitar tédio de dondocos e dondocas. Justificar a “caridade empresarial”.

O dinheiro do tráfico é guardado nos bancos cristãos, democráticos e ocidentais do sistema financeiro internacional e quando se encontram em dificuldades os governos correm e socorrem com verbas públicas, vale dizer, dinheiro do trabalhador e da própria classe média.

E nem o Vaticano fica fora disso com toda o mea culpa de Bento XVI junto aos irlandeses. Um cardeal norte-americano, Marcinkus, que comprou a maior parte dos cardeais que elegeram o papa João Paulo II, não podia sair do país sob pena de ser preso por fraudes financeiras.

Pablo Escobar ia à missa todos os domingos, confessava e comungava. No filme “O Poderoso Chefão” de Francis Ford Coppola, os Corleones faziam a mesma coisa e guardavam bem guardadinhos os títulos de “comendadores”.

A coisa hoje é mais diversificada nesse “ramo”, digamos assim, hipocrisia.

Surgiram Edir Macedo e aquele que nadou horas a fio em meio a tubarões brancos, em algo mar, após um naufrágio e chegou são e salvo à praia e hoje cura desde AIDS, a câncer, qualquer um, o mal que for.



Os jornais de hoje, 31 de março, noticiam que num estado da Federação, num determinado presídio, estão 600 presos onde cabem 240. Um senador paspalho de nome Gérson Camata, paspalho e corrupto, diz que o governador corrupto de seu estado (extinto Espírito Santo, hoje fazenda da VALE/ARACRUZ/SAMARCO, CST) o tal Paulo Hartng, capataz de luxo do crime organizado no mais alto escalão, foi o que mais investiu em presídios e melhoria de condições de vida de presos e condenados.




Acorrentados pelos corredores das delegacias, esquartejados em penitenciárias, delegacias, vai por aí afora, um investimento e tanto. E o lucro nosso de cada dia nas quentinhas terceirizadas e superfaturadas.

Camata fez alusão a um ex-governador que segundo ele “deixava a chave da prisão com os presos”.

É típico de gente como Camata. Não recita o alfabeto inteiro, tropeça no B, engasga no E, cai e enrola a língua.

O congresso de Salvador, vai tratar exatamente da humanização do sistema carcerário, de busca de saídas e soluções para a reintegração de criminosos, de respeito aos direitos humanos, mais ou menos como deixar a chave da prisão com os presos, no sentido que Camata quis dizer.

Convocar o Judiciário a aplicar penas alternativas, o Poder Executivo a criar condições compatíveis com os direitos humanos para que os criminosos cumpram suas penas, paguem seus débitos com a lei, porque até prova em contrário qualquer criminoso por mais bárbaro que seja é um ser humano.

Nesta semana a classe média vai ouvir sermões candentes sobre a vida de Cristo. Entre outras lembranças, essa sociedade cristã e democrática, vai ouvir que Cristo deu a outra face e quando Pedro cortou a orelha de um soldado romano, recolocou-a no lugar.

E que “violência gera violência”.

Vai ouvir, vai dar uma esmola aos que se postam à porta das igrejas, católicas ou não, regressar à sua casa e mergulhar no bacalhau nosso de cada dia, no vinho português ou francês e gozar as delícias da consciência limpa. Madame de unhas pintadas (o mercado oferece agora incontável variedade de cores) e num esforço supremo, um véu à cabeça, na procissão do enterro, uma vela acesa, um olhar de piedade e a esperança que um colunista social registre seu sacrifício para que todos tomem conhecimento do conseqüente despreendimento religioso.

Vai daí que como disse o presidente eleito do Uruguai, Pepe Mujica, em seu discurso de agradecimento ao povo de seu país, “é preciso lembrar que nessa hora de alegria muitas pessoas estão triste e precisamos trabalhar para que não seja assim”.

O congresso em Salvador vai propor uma série de mudanças no modelo, ainda insuficientes, mas significativas e portas que serão abertas para uma sociedade onde o direito à vida seja também o da existência, coexistência e convivência em bases dignas e humanas.

O ministro César Peluzo já se comprometeu com a agenda básica, pode ser vista numa matéria publicada no jornal ESTADO DE SÃO PAULO.


O discurso de Pepe Mujica, um ex-guerrilheiro que enfrentou os facínoras travestidos de militares que como aqui derrubaram um presidente constitucional para implantar um regime de terror, pode ser visto no Youtube em


Ao término, falando de paz, conclamando a todos os uruguaios para o combate contra a fome, a miséria, Mujica dá abraços como símbolo desse sentimento.

O antigo estado do Espírito Santo pode ser comparado àquelas antigas cidades do oeste dos EUA, abandonadas, usadas pelas quadrilhas de assaltantes de bancos, de gado, assassinos, pistoleiros, para fugirem da lei. Ali, no antigo Espírito Santo os cidadãos de bem vivem acuados por um governo corrupto, ligado ao crime organizado, submisso aos interesses de empresas que estão liquidando com o meio-ambiente em nome do tal “progresso”, mas todos são cristãos, democratas e ocidentais e os adversários, os que denunciam a malta, a súcia, recebem respostas tresloucadas de néscios como Gérson Camata, pau mandado tanto dos “donos”, como do capataz Paulo Hartung.


A ONU, através da Comissão de Direitos Humanos denunciou os crimes cometidos nas delegacias e penitenciárias e boa parte das denúncias feitas por policiais íntegros, por associações da categoria, envergonhados com tamanha desfaçatez e o estado de barbárie que reina. E por cidadãos de bem e a sociedade organizada ainda não corrompida pelo efeito classe média.

A mídia não, é podre, controlada pela GLOBO, seja a rede de tevê GAZETA (envolvida em vários escândalos nunca apurados, fraudes, toda a sorte de crimes imagináveis ou não). Não é muito diferente noutros estados brasileiros.

Hipocrisia é exatamente isso tudo e mais alguma coisa. Um professor do governo de José Collor Arruda Serra recebendo 900 reais por mês, alguns até com doutorado e PM em cima, borduna, pancada, prisões por reclamarem. Um ROUBOANEL inaugurado sem estar pronto com superfaturamento (foi assinado um termo com o Ministério Público Federal em que o pilantra que governa o Estado através de seus representantes se compromete a corrigir os custos da obra, mais de 200 milhões que iriam para campanhas tucanas/GLOBO/DEM).

Prisões lotadas e suspiros de alívio da classe média com cada tiro do BOPE, seja BOPE ou o nome que tenha, na defesa da família, da moral e dos bons costumes, desde que o modelo FIESP/DASLU de sonegação e o diabo a quatro seja preservado intacto em nome do modelo.

O antigo Espírito Santo é a síntese de toda essa hipocrisia. Termina com o sinal da cruz feito com água benta.
Quem disse que o crime não compensa?

Dê uma olhada nas novelas da GLOBO. No JORNAL NACIONAL. Monte uma empreiteira. Uma grande mineradora, ou um banco.


Financiadores da campanha de camata 0 senador mentiroso Vejam todos diretores da ONG Empresarial ES em AÇÃO que tem como presidente no bienio 2009/2011 o diretor da Aracruz Walter Lidio. Em seguida dê um festa, convide tout le grand monde, sirva champanhe francês à rodo, uísque escocês de forma generosa e vinhos de safras requintadas e elogiadas por enólogos, logo um monte de gente como Camata e Paulo Hartung, Arruda Serra, Tasso Jereissati vai estar correndo atrás de “doações” para campanhas democráticas, cristãs e ocidentais.

E se o cardeal, como fez no golpe militar em Honduras, não quiser celebrar missa pela família, a tradição e a propriedade privada, não se avexe, Edir Macedo faz isso por um custo que garante mansões no paraíso.

E você corre o risco de aparecer no Faustão como grande benfeitor da humanidade.

Esses caras, os donos, inventaram um tipo de espelho que você olha, pensa que se enxerga, mas no duro mesmo, ali está apenas o espectro de um ser humano que acredita piamente em vida inteligente nos desinfetantes de vasos santários.

 

Fotos tiradas do site: www.seculodiario.com.br , dos arquivos do SINDIPOL, ASSINPOL e dos relatórios denuncias da ONG Conectas em 2009 e Igrat em 2006 e do Relatório do Juiz Carlos Eduardo Lemos, então, a epóca Juiz da Vara Penal do ES 

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