No caso específico de Mahmud Ahmadinejad os atritos se estendem a Israel. O estado terrorista de Israel detém o controle da maioria das ações dos EUA (empresas, bancos, congresso, judiciário, militares e presidente da república). A política externa brasileira no atual governo nunca escondeu sua solidariedade aos palestinos no Oriente Médio. A posição do Brasil nas constantes agressões terroristas de Israel a Palestina tem sido de clara condenação a esse tipo de política genocida e criminosa que Tel Aviv pratica.
A configuração, vamos usar essa palavra tão em moda, do mundo nos dias atuais sinaliza que a IIIª Guerra Mundial começou com o fim da União Soviética e se estende para todo o planeta no modelo neoliberal e globalizante imposto primeiro pelos EUA e secundado pela Comunidade Européia (por interesses diretos, falta de alternativas e tentativa de sobrevivência, a Europa, politicamente, é um continente em vias de extinção).
Há uma espécie de revisão da teoria de Segurança Nacional desenvolvida pela Comissão Tri-lateral nas décadas de 60/70 do século passado. Essa comissão era formada por fundações privadas (FORD e ROCKFELLER, entidades empresariais e congressistas norte-americanos) e tinha um apêndice em sua denominação – AAA (AMÉRICA, ÁSIA e ÁFRICA).
Gerou os golpes militares na América Latina, a guerra do Vietnã (um dos ingredientes preferidos era o chamado “efeito dominó”, que significava que à queda de uma peça, se seguiam as outras). Ou seja, no caso do Vietnã, se perdida a guerra, perdidos estavam o Camboja, o Laos e a Tailândia.
Em termos de América Latina a definição mais precisa dessa forma de enxergar o mundo foi Richard Nixon – “para onde se inclinar o Brasil se inclinará a América Latina” –.
A derrota de Jimmy Carter em sua tentativa de reeleição sepultou de vez aquele “idealismo” protestante norte-americano, do pai bonzinho, capaz de compreender os muitos filhos e principalmente, de políticas de direitos humanos em sua totalidade. Carter cortou algumas operações subterrâneas e os presidentes democratas que se seguiram a ele, Bil Clinton e agora Barack Obama, perceberam que essa “ingenuidade” tinha que ser posta de lado. Uma questão de trocar o ingrediente principal do esquema. Se os republicanos são areia, os democratas são vaselina, mas o bolo é de mandioca ou aipim como queiram. Não muda o sabor, vale dizer, não mudam as políticas imperialistas. Muda o letreiro da loja, sai o carniceiro, entram o garçom e a cerveja gelada com sorriso colgate.
Carter atolou-se na ocupação da embaixada dos EUA no Irã e Clinton não vacilou um só instante na guerra da Bósnia, no genocídio da Bósnia, envolvendo a rigor toda a antiga Iugoslávia. Como agora Obama não muda um acento ou pingo nas políticas no Afeganistão, no Iraque, na questão Israel versus Palestina. Nas bases militares na Colômbia. Nas ameaças ao Irã, no apoio nem tão velado assim ao golpe militar em Honduras. Na ocupação do Haiti (grande erro do governo Lula).
Uma das principais conseqüências do modelo neoliberal, da globalização, no caso da América Latina e, portanto, do Brasil é a resultante de governos com o de FHC. Nada além de um funcionário de interesses dos EUA e da nova ordem política e econômica mundial. Outra, a forma escancarada e sem disfarces, já não há mais necessidade de disfarçar, como nossas elites políticas e econômicas se entrelaçam no defender com unhas e dentes esse modelo, revelando-se para além de colonizadas. Elites apátridas, ou alguém acha que a senadora Kátia Abreu e os parlamentares da chamada bancada ruralista têm qualquer tipo de preocupação com o Brasil? O agronegócio é uma imposição norte-americana, da MONSANTO e significa muito mais que a produção de soja, milho, feijão, etc, transgênicos.
É o controle da terra no Brasil por poucos. A mão de ferro sobre a agricultura brasileira impedindo processos reais e efetivos de desenvolvimento político, econômico e social com a reforma agrária. O senador Agripino Maia, um dos líderes do DEM no Congresso brasileiro, tem dívidas da ordem de 50 milhões de reais com o Banco do Brasil por conta de financiamentos a negócios nessa área e nunca, em momento algum, cogitou ou cogita de pagar essa dívida, pois o Estado brasileiro é privatizado em função desses grupos. Tasso Jereissati é ligado a grupos estrangeiros de telefonia. José Sarney mantém o Maranhão e parte do Amapá no seu estilo tacanho, mas todos são coronéis de uma ordem política e econômica girando e gravitando em torno de interesses que não são nacionais.
Quem já ouviu qualquer noticiário de televisão, o JORNAL NACIONAL (NACIONAL dos EUA) por exemplo, falar nas dividas dos latifundiários?
Um grupo de parlamentares norte-americanos manifestou preocupações com a visita do presidente Mahmud Ahmadinejad ao Brasil. “Estou preocupado com os avanços diplomáticos do presidente Lula com o presidente iraniano Ahmadinejad”, disse o deputado Eliot Engel, ligado ao lobby sionista, numa audiência no subcomitê do Congresso para a América Latina.
Segundo ele, Eliot Engel, “não me agrada quando a Venezuela amplia sua relação com o Irã, mas quando o Brasil amplia seus laços com o Irã fico desconcertado”. Para ele “Hugo Chávez tem uma visão distorcida do mundo”. Ou seja, busca os caminhos determinados por seu povo e não por Wall Street e o conjunto de interesses que representa junto com Washington. Visão distorcida para eles é isso.
E o pulo do gato – “no futuro, acredito que teremos que ampliar nosso diálogo com o Brasil sobre os perigos do Irã e convidar nossos amigos (grifo meu) em Brasília a reconsiderar os vínculos com Teerã”.
Engel é um deputado democrata e o mesmo pensamento foi externado pela republicana Connie Mack. A deputada e seu companheiro Ron Klein querem que o presidente Obama considere a Venezuela “país patrocinador do terrorismo”.
Na avaliação dessa gente “não acho que seja necessária muita persuasão para se dar conta de que os objetivos do Irã nesta parte do mundo não são benignos”. Declaração em tom de advertência do chefe do subcomitê do Oriente Médio, Gary Ackerman, notório líder da comunidade judia/sionista.
O que é benigno ou não para o Brasil e a América Latina é que o pensam norte-americanos. E a forma de resolver a questão é “convidar nossos amigos em Brasília”. E nem é preciso muita “persuasão”, é o que dizem. Só mala cheia de dinheiro.
O papel que cumpre o senador Eduardo Azeredo ao bloquear de todas as formas – coube a ele essa “missão” – a ratificação do acordo que trata do ingresso da Venezuela no antigo MERCOSUL. Sarney também fala nessa direção.
São funcionários da nova ordem.
“Nossos amigos em Brasília” são tucanos e DEMocratas, ou agente secundários como Roberto Freire e seu PPS. Setores do PMDB. Latifundiários, grandes empresários, banqueiros.
A ALCA – ALIANÇA DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS – era e é, ainda existe como projeto dos EUA a despeito dos acordos de livre comércio feitos de forma bi-lateral, uma ameaça. Passa a régua nesse processo de dominação.
Fechava o cerco do IV REICH na América Latina. “Um mercado de um trilhão de dólares” na visão do ex-secretário de Estado do governo Bush, Colin Powell. Não por acaso general.
Governos considerados hostis como o da Bolívia, da Venezuela, do Equador, do Paraguai, determinadas medidas do governo argentino, outras tantas do governo brasileiro, soam como desafio ao poder do império dos EUA e entra aí a história dos “nossos amigos em Brasília”.
Em 1964 designaram um general que falava português e tinha ligações com lideranças militares brasileiras, Vernon Walthers, para comandante das forças armadas do Brasil, desfechando um golpe de estado contra um governo constitucional (tal e qual em Honduras agora), dando início a um período de ditadores militares escorados na barbárie, na violência e na entrega do País à sanha desses interesses dos patrocinadores.
Não é tão diferente assim nos dias de hoje. Houve um golpe em Honduras, há um golpe em curso na Colômbia, as manobras para manter o narcotraficante Álvaro Uribe no poder. Besteira, bobagem?
O embaixador dos EUA no Brasil durante o governo do ditador Médice foi a Washington levar um relatório sobre violações dos direitos humanos pela ditadura (tortura, assassinatos, estupros, toda a barbárie que é marca registrada dessa gente) e ouviu de Nixon o seguinte –“é uma pena, mas não podemos fazer nada, o Médice é um bom aliado”.
Esse mesmo raciocínio se aplica a Uribe.
Reatadas as relações diplomáticas com a União Soviética o então ministro extraordinário do Planejamento Celso Furtado foi a Moscou negociar acordos comerciais e numa recepção no Kremlin ouviu o seguinte do embaixador norte-americano em Moscou – “o que o senhor está fazendo aqui? Não há nada que interesse ao Brasil aqui” –, dito alto e bom som em presença de outras pessoas para amedrontar e intimidar o governo de João Goulart.
Pouco antes do golpe de 1964 o marechal Josep Broz Tito, presidente da Iugoslávia veio ao Brasil e esse mesmo tipo de protesto armado e organizado por elites apátridas, pela direita extremada – são a mesma coisa – marcou a visita de Tito. “Assassino de velhos”, “comedor de crianças”, “contra a família”.
Não me consta que na Iugoslávia, à época, existisse a GLOBO e sua pornográfica produção jornalística, ou os heróis do Bial no Big Brother Brasil.
Circula em determinados setores um documento que tenta apresentar-se como ponto de vista das forças armadas brasileiras. Critica a proximidade com países como o Irã, a Venezuela, as políticas de integração latino-americana, enfim, critica uma perspectiva de Brasil livre e soberano. É lamentável, mas a maioria das forças armadas brasileiras pensa como militares norte-americanos e se prestam a esse papel de instrumentos dos colonizadores, tal e qual em 1964.
O governo Obama, farsa desde o primeiro momento, comanda uma ofensiva sem qualquer escrúpulo, ou vestígio disso, contra governos democráticos e populares aqui e no mundo inteiro.
No momento que o Brasil vai receber a visita do presidente Ahmadinejad, do Irã, como diria um amigo meu, “problema do Brasil, recebo quem eu quero em minha casa”, as elites e setores militares se voltam contra a visita porque a casa deles é o mundo dos “negócios” e a sede dessa grande fazenda é em Washington, com filial em Wall Street e o Pentágono pronto para qualquer emergência.
Lula tem culpa disso. Quando afirma que o MST agiu com “vandalismo” na ocupação da fazenda da CUTRALE, não disse que a fazenda da CUTRALE (EMPRESA DA COCA COLA) é terra pública grilada e objeto de ação judicial do governo federal para reintegração de posse. Vândalos e ladrões são os latifundiários,
Quando afirma que para governar no Brasil é preciso “se aliar a Judas”, está apenas revelando o caminho que escolheu. Quando foi eleito tinha todas as condições objetivas e subjetivas para escolher um caminho diferente. Sete anos depois ainda acredita que é possível comer esse mingau pelas beiradas, sem perceber que os caras já estão quase no centro do prato.
No episódio da visita de Celso Furtado a Moscou a resposta do brasileiro foi simples –“eu sou um ministro do governo brasileiro, o senhor é o embaixador dos EUA aqui em Moscou, não lhe devo satisfações e tampouco o que represento aqui, o governo do Brasil”.
A visita do presidente Mahmud Ahmadinejad ao Brasil será um instante de afirmação nacional. Não temos satisfações a dar aos EUA. Pelo menos imagino que deva ser assim. Apesar da FIESP/DASLU, dos tucanos, dos DEMocratas, de Roberto Freire, de banqueiros, de grandes empresários como Ermírio de Moraes (chefe de quadrilha predadora do meio-ambiente, buscador de dinheiro público) ou de bandidos como Daniel Dantas.
Que tal o senador Agripino Maia em seu patriotismo canalha pagar a dívida que tem como latifundiário com o Banco do Brasil? Ou Kátia Abreu explicar o que fez com o dinheiro da Confederação Nacional da Agricultura para um fim específico e usado em sua campanha eleitoral? Ou FHC e sua quadrilha de tucanos paulistas (tem a quadrilha de tucanos mineiros e assim por diante) explicar porque querem e desejam que o pré-sal seja entregue aos norte-americanos e a PETROBRAS privatizada?
E um monte de outras tantas coisas ditadas ao sabor das conveniências de Washington, dos EUA.
Bem vindo Ahmadinejad. Os que sonham e lutam por um Brasil soberano, senhor do seu destino e capaz de construir um futuro de liberdade e justiça social saúdam o presidente eleito pelo voto do povo iraniano.