Franco Montoro, Leonel Brizola e Tancredo Neves foram eleitos governadores dos três maiores estados da Federação de mentirinha. São Paulo, Rio e Minas Gerais. O vice-governador de Montoro era Orestes Quércia.
Em 1986 o grupo do governador Franco Montoro (um homem decente), ao qual pertenciam José Serra (seu secretário de governo) e Fernando Henrique Cardoso (senador e derrotado por Jânio Quadros nas eleições municipais de 1985), tentou de todas as formas evitar a candidatura de Quércia ao governo do estado. Covas, Mário Covas, que já havia sido prefeito nomeado de São Paulo, era o preferido do grupo.
Quércia venceu-os na convenção do PMDB e FHC foi indicado candidato ao Senado. Não era propriamente uma candidatura à reeleição já que em 1978 perdeu para Montoro. Virou suplente já que a legislação à época assim o determinava em decorrência do expediente casuístico da sublegenda.
As eleições para o governo do estado de São Paulo em 1986 foram disputadas por Orestes Quércia (PMDB), Antônio Ermírio de Moraes (PTB) e Paulo Maluf (PDS). FHC, mesmo candidato a senador pelo PMDB, apoiou a candidatura de Ermírio de Moraes, até...
...Até que as pesquisas divulgadas três dias antes das eleições apontavam a vitória de Orestes Quércia. Quem tiver boa memória vai se lembrar que Ermírio e Maluf quase se atracaram num debate transmitido por uma rede de tevê e isso acabou beneficiando Quércia, já que, naquele momento, não existia a figura do segundo turno.
À véspera da eleição o candidato do PMDB Orestes Quércia fazia panfletagem numa montadora no ABCD paulista em companhia do então deputado Fernando Moraes (hoje autor consagrado de várias biografias). Num dado momento Fernando Moraes notou que o “fusca” de FHC estava chegando e o candidato ao Senado, sem nenhum constrangimento, típico dos amorais, achegou-se e juntou-se ao candidato favorito.
Ao perceber a chegada de FHC, Fernando Moraes virou-se para Quércia e disse-lhe o seguinte – “agora não tenho dúvidas que você venceu, olha quem chegou” –. Definição perfeita para o caráter oportunista do então senador e candidato.
O fato foi publicado na coluna PAINEL do jornal FOLHA DE SÃO PAULO.
José Serra naquele ano foi eleito deputado federal.
Em 1988, depois de tentar de todas as formas o comando do PMDB paulista e se insurgindo contra Ulisses Guimarães, o grupo de FHC e Serra saiu do partido e resolveu fundar o PSDB. Uma das explicações dadas de público é que o partido havia sido dominado em São Paulo por “corruptos”, no caso o governador Quércia e estava se desviando de seu caminho de partido popular, à esquerda. O PSDB, segundo seus fundadores, resgatava o extinto MDB, na linha de frente da luta por um Congresso Nacional Constituinte que não cedesse às pressões de grupos conservadores (PFL e outros) e o PMDB que, nos dois principais estados da Federação de mentirinha, São Paulo e Minas, estava em mãos de políticos “corruptos”, no caso Quércia e Newton Cardoso.
Mário Covas foi o relator da principal comissão do Congresso Nacional Constituinte, ainda no PMDB e FHC, também no PMDB, foi o autor da emenda que dispunha sobre tributação de heranças (quando foi presidente mandou esquecer desse negócio).
Em 1989 Covas foi indicado candidato do partido, já o PSDB, à presidência da República. No segundo turno, disputado entre Lula e Collor, foi dos primeiros a se postar ao lado de Lula, assim como Leonel Brizola e Ulisses Guimarães.
Covas veio a ser eleito governador de São Paulo em 1994, depois de derrotado em 1990 por Luís Antônio Fleury, candidato de Quércia. Havia sido eleito senador em São Paulo em 1986 e arrastara FHC na segunda vaga, estavam no PMDB. Naquela eleição Covas assombrou os especialistas com a votação que teve, mais de sete milhões de votos.
Em 1992, quando Collor começou a enfrentar dificuldades em seu governo e era visível que o desfecho não lhe seria favorável, o presidente convidou FHC para exercer funções semelhantes às de um primeiro ministro e de pronto o senador aceitou. Sem consultar partido, sem ouvir ninguém, aceitou. A ordem viera de Washington, da Fundação Ford, o projeto de Collor viria a ser aplicado por FHC com o mesmo nível de corrupção a partir de 1994. Não virou ministro por conta da oposição de Covas e nasceu aí mal disfarçada rivalidade entre os dois dentro do PSDB.
Serra sempre ao lado de FHC, sempre trabalhando seu projeto pessoal.
Pouco antes de virar ministro das Relações Exteriores o então senador FHC disse a alguns jornalistas que seria candidato a deputado federal, temia não ser reeleito para o senado nas eleições de 1994. Ministro das Relações Exteriores do governo Itamar Franco, em seguida ministro da Fazenda, construiu sua candidatura presidencial nos bastidores, iludindo e mentindo (o que sempre fez), à custa de intrigas, beneficiou-se do Plano Real e dos altos índices de aprovação do governo Itamar.
Eleito, entre outros, derrotou o candidato do PMDB, exatamente Orestes Quércia. José Serra foi nomeado Ministro do Planejamento. Em pouco mais de três meses bateu de frente (tem um temperamento do cão, além de ser traiçoeiro e mau caráter) com Pedro Malan, ministro da Fazenda. FHC chamou Serra e o ministro pediu demissão. Foi franca a confissão de FHC – “não posso demitir Malan” –.
Por que? Malan não era e nem é tucano. Malan não era amigo de FHC. Por que? Malan não fora indicado por FHC, mas pelos condutores externos e internos do processo neoliberal que resultou no desastre absoluto do governo tucano, nas privatizações e FHC era e é empregado desses condutores, digamos assim.
Serra voltou e no Ministério da Saúde quando se aproximavam as eleições de 2002 e os tucanos precisavam de um candidato. Aí, a essa altura do campeonato, já absorvido e na folha de pagamento dos mesmos grupos que pagaram e pagam a FHC.
Foi Serra quem armou a operação contra Roseana Sarney em cima de um esquema para beneficiar a si e favorecer a GLOBO. No exato momento que Roseana subiu nas pesquisas e ameaçou a candidatura do tucano, a Polícia Federal sob controle tucano trepou nas tamancas e armou todo aquele fuzuê contra Roseana. O jornalista Luís Antônio Magalhães, de credibilidade acima de qualquer suspeita, revela hoje que foi Serra quem mandou que Regina Duarte fizesse a declaração “tenho medo da eleição de Lula”.
O que acontece dentro do PSDB hoje é uma espécie de briga de foice no escuro entre José Serra e Aécio Neves pela indicação presidencial para as eleições de 2010. Tanto um como outro obedecem aos mesmos patrões. A disputa é só de poder. Se Aécio é um tresloucado controlado pela irmã, pelo vice-governador Anastasia, Serra é um ditadorzinho sem caráter algum, sem nenhum escrúpulo, cheio de ódio, que não admite qualquer tipo de contestação, paranóico e obcecado com o poder.
E ambos estão liquidando com seus estados, São Paulo e Minas. Os próximos governadores desses dois estados pagarão as contas dos absurdos cometidos com dinheiro público.
Quer dizer, o povo pagará a conta.
A notícia divulgada pelo jornalista Juca Kfhoury sobre o tapa dado pelo governador de Minas na namorada numa festa no Rio foi passada a jornalistas do País inteiro, a partir de jornalistas aliados de Serra. Joyce Pascowitch (tem ligações e caso com o governador de São Paulo). Se Aécio deu ou não deu o tapa é outra história. Serra e Aécio são dois perigos para o País. Dois políticos corruptos, sem escrúpulos. E Aécio vai carregar uma carga da qual nunca se livrará. Tancredo Neves, seu avô, tinha aversão a FHC e a Serra, considerando-os exatamente como são. Canalhas aproveitadores, oportunistas e doentios, no caso de Serra.
Orestes Quércia, hoje, é o principal aliado de Serra dentro do PMDB, principalmente o paulista, já que Michel Temer, presidente da Câmara, deve ser o vice na chapa de Dilma Roussef.
Como serão duas as vagas em disputa para o Senado (renovação de dois terços) em 2010, uma delas é de Quércia, isso no acordo com Serra, resta saber se o povo vai embarcar na canoa furada.
De Quércia, ex-corrupto para Serra, sobre tucanos, logo após sua vitória em 1986 –“se um tucano estiver apertado para fazer xixi, entrar no banheiro e encontrar dois vasos, faz nas rcalças, não vai conseguir decidir-se a tempo” –.
Um e outro se merecem. Os corruptos se encontram muito antes do infinito. Não são paralelos, são congruentes.
Vem mais chumbo grosso contra Aécio e ele que se cuide. É que o mineiro resolveu entrar na briga pela indicação partidária. Uma coisa é certa. Aécio saber também dar o troco. Já avisou a Serra que se o indicado for ele, apóia outro candidato, Serra nunca.
Tucano tem esse negócio de raivinha, de ódio, de descabelar quando em jogo está o poder e o que o poder representa.
Não existe um que preste. Não é partido político, é quadrilha.
A meta agora é acabar de vender o Brasil e passar a escritura.