O BRASIL E AS OLIMPÍADAS

Imaginar que a realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro signifique a redenção do País e sua transformação em grande potência é mais que beirar o ridículo, é insanidade. Mas negar a importância dessa conquista e o papel do presidente Lula em todo o processo que culminou com a escolha do Rio é negar o óbvio. É deixar de se ater a uma realidade visível a olho nu e tampar o sol com a peneira de miopia política.

Que o governador José Serra tenha tido um chilique quando tomou conhecimento do fato também é normal. Serra é um político corrupto e uma pessoa de má índole, sem qualquer respeito pelo que quer que seja, como qualquer tucano, ou qualquer DEMocrata.
Não pensam e nem agem como brasileiros. São como que uma seção da Fundação Ford e interesses políticos e econômicos estrangeiros voltados para o Brasil.

Transformar os Jogos Olímpicos de 2016 em alavanca para conquistas populares principalmente na área do esporte é uma tarefa e um desafio. Os Panteras Negras foram importantes no movimento pelos direitos dos negros nos EUA. A Olimpíada de Moscou exibiu ao mundo um outro mundo possível e os últimos Jogos Olímpicos mostraram uma China e sua face até então só imaginada, nunca dantes vista.

A conquista do direito de organizar e sediar os Jogos Olímpicos de 2016 é um fato político importante dentro do contexto do mundo como ele o é e o trabalho de Lula, a presença de Lula, foi decisiva. O jeito de ser do presidente brasileiro e seu prestígio internacional não mudam a natureza das críticas que possam ser feitas a ele, como a de inventar o “capitalismo a brasileira” (definição de Ivan Pinheiro), pela simples razão que a luta como um todo não passa por aí e nem se cinge a Jogos Olímpicos.

Todo o esbravejar de Miriam Leitão sobre os custos, despejando a frustração da direita brasileira através do seu principal veículo a REDE GLOBO, mostra apenas os temores dessa direita com relação às eleições de 2010. Cada dia fica mais difícil vender um político corrupto, autoritário e a serviço de interesses estrangeiros como é o caso de José Serra, mesmo porque se conhece e bem quem deu origem esse clone. Falo do primeiro, do original, FHC.

Há um processo de afirmação do Brasil como nação livre, soberana, capaz de caminhar pelas próprias pernas, mesmo nesse modelo político e econômico podre e a partir dele se abre a perspectiva do debate nacional sobre a realidade desejada. Nessa medida e em todas as suas contradições Lula significa isso também.

O que quer que seja um passo, ou meio passo à direita é retrocesso e retrocesso num momento delicado, quando a potência colonizadora se volta com um apetite voraz para a América Latina.

As Olimpíadas não mudam a realidade do campo, por exemplo. O latifúndio e o seu perverso agronegócio. Mas mudam a realidade, ou podem mudar, a realidade do esporte no Brasil. E, até prova em contrário o esporte é parte da vida de qualquer nação.

Se na organização dos Jogos Pan-americanos houve corrupção (construção de vilas, estádios, etc), não significa, necessariamente, que vá existir o mesmo na montagem, digamos assim, dos Jogos Olímpicos de 2016.

É o momento inclusive de se repensar o papel do Estado na formulação de políticas voltadas para o esporte. Se determinada empresa privada paga a um jogador de futebol (nada contra), cem mil reais por gol marcado, atletas olímpicos muitas vezes deixam de participar de competições decisivas por falta de cinco ou dez mil reais.

A hora de se criar políticas para o esporte como parte do processo da educação. E com presença do Estado. O esporte, para a livre iniciativa é, aí sim, um fator de ganhos, não de investimento ou de espírito messiânico. 

Cortem os benefícios existentes em lei e poucos atletas conseguirão sobreviver.

Nessa lógica, de percepção fácil, a própria GLOBO e a grande mídia se beneficiam e certamente passado o instante do ganho político, inquestionável, de Lula, voltarão suas atenções para os grandes patrocínios, como aliás sempre o fez a GLOBO principalmente.

Não é nada, não é nada, teremos a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016.

A conquista do direito de organizar e promover os Jogos Olímpicos de 2016 não é nenhuma mágica, nem vara de condão para acabar com o processo corrupto e podre que permeia o mundo institucional no Brasil. Não remove Gilmar Mendes do STF. 

Mas é um instante de afirmação do Brasil. O grande problema é que o Rio vai ser a sede e não o vizinho país que fala a mesma língua, São Paulo. E num ano que precede as eleições presidenciais e o esquema FIESP/DASLU que controla aquele estado imagina controlar outra vez todo o Brasil.

Não se pode ver a conquista desse direito pelo lado mesquinho de gente como Miriam Leitão. E nem acreditar que, a partir de agora, vivemos no Éden.

Vivemos não. Permanece o latifúndio, permanecem as empresas destruindo o meio-ambiente. Permanece a cobiça estrangeira sobre a Amazônia. São alguns exemplos

Os Jogos Olímpicos, além da afirmação – são os primeiros que serão realizados na América do Sul – não são nada mais que um instante mágico do esporte. Só isso.  
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