Não existe esse negócio de acreditar que “eles” querem apenas ajudar, viabilizar a Conferência e que as preocupações da FF são com a democracia, a livre circulação de informações, a abertura dos meios de comunicação a entidades do movimento popular, sindicatos, enfim, a “democratização da mídia”.
E tampouco a idéia que em se tratando do poder de fogo das famílias que controlam os principais veículos de comunicação no Brasil possa ser comido pelas beiradas. A verdade é que atitudes como essas só colocam a idéia e o desejo de efetivamente democratizar as comunicações no País dentro da boca do jacaré. É só ele fechar e “crau”. Some tudo.
A legislação brasileira, mesmo para países capitalistas no resto do mundo e no conglomerado militar/empresarial que conhecemos como EUA, é centralizador. Favorece o controle absoluto da informação por poucos e permite que se tenha, como hoje temos, um quadro de mentiras veiculadas à exaustão até que se tornem “verdades” aceitas pela imensa maioria dos brasileiros.
Nos EUA não é possível ser dono de uma rede que dispõe de jornais, revistas, rádios e tevês como é a família Marinho e a GLOBO. Um estado paralelo.
O que é um jornal como a FOLHA DE SÃO PAULO, citado por muitos, na classe média principalmente como de “boa qualidade”?
A trajetória da FOLHA é um exemplo claro e preciso, linear, do tipo de jornalismo voltado para os interesses das elites, no caso elites paulistas, e assim tem sido historicamente. Se tomarmos o golpe militar de 1964 como ponto de partida, encontramos a FOLHA alinhada com os militares e empresários golpistas.
Os veículos da empresa FOLHA DA MANHÃ que edita o jornal, família Frias, foram cedidos à OBAN – OPERAÇÃO BANDEIRANTES – para transportes de presos políticos, muitos deles após sessões de tortura e outros mortos para serem desovados nos tais “atropelamentos” dos quais se valiam os militares torturadores para justificar a morte de líderes de oposição.
A FOLHA alinhou-se com a luta pela “redemocratização” no momento em que boa parte do empresariado paulista e dos militares percebia que o modelo do golpe estava esgotado e as conseqüências de uma ditadura mais prolongada poderiam ser nocivas aos “negócios”. Ou seja, “a distensão lenta e gradual”, que significou e continua significando manter o controle sobre o aparelho estatal, ou fixar limites para a propalada democracia.
E já na propalada democracia a FOLHA voltou a ser um jornal paulista, mesmo com circulação nacional, no pressuposto que fora de São Paulo não existe vida inteligente.
Hoje é um pálido jornal de mentiras e inserido num projeto que perpetua o estado elitista e privatizado que temos. Desde fichas falsas da ministra Dilma Roussef, a interesses de grupos empresariais, distorção deliberada de fatos ao adjetivo “ditabranda”, para justificar um golpe que perseguiu milhares de brasileiros, matou centenas e encheu os cárceres na violência e na barbárie que permanece escondida e guardada a sete chaves pelos “controladores”.
Um jornal tucano à medida que tucanos são os braços visíveis do projeto e do modelo neoliberal em nosso País.
Se o ESTADO DE SÃO PAULO imagina e destila por suas páginas que D. Pedro II ainda governa o Brasil e negros são escravos, pelo menos o faz às claras. A FOLHA disfarça. Como faz VEJA.
O poder da GLOBO é de tal ordem que para além de modificar horários de competições esportivas em função de interesses de audiência e evitar prejuízos para sua programação normal, se sustenta nos cofres públicos nos muitos disfarces dos caixas dois que pululam em todo o processo político e econômico brasileiro.
Noticia o que quer, o que acha que deve ser noticiado, banaliza a notícia, vende a prostituição sofisticada dos BBB através da televisão. Aniquila com culturas regionais.
Será que a Fundação Ford, envolvida em financiamento de golpes de estado – Honduras agora, o mais recente – em lavagem de dinheiro e aliada de traficantes como o presidente da Colômbia Álvaro Uribe quer ajudar a encontrar formas ou fórmulas para democratizar a comunicação no Brasil?
Em primeiro lugar isso não será o resultado de uma Conferência. Será sim a conseqüência de um processo de lutas que transcende ao mundo institucional.
A programação das emissoras conhecidas como RÁDIO GLOBO, em cadeia nacional, veicula diariamente que “rádio pirata é crime e lugar de criminoso é na cadeia”. Não estão falando de “piratas”, mas de rádios comunitárias. Criminalizando a luta e os movimentos de luta.
Uma realidade que terá que ser arrancada no peito e na raça. O substantivo pirata é defesa que fazem do modelo atual. É a generalização deliberada, bem medida, bem estudada.
Não foi por outra razão que William Bonner chamou o telespectador padrão da GLOBO de Homer Simpson.
Uma dos motivos pouco citados para a deposição do governo constitucional de João Goulart, em 1964, foi a decisão do presidente de ceder concessões de emissoras de rádio para sindicatos e organizações do movimento popular.
Hoje se concede a deputados e senadores na cumplicidade e na percepção que o controle da mídia é fundamental para preservar intocados os cartórios das quadrilhas que detêm o poder no Brasil.
O projeto do senador Eduardo Azeredo que prevê mecanismos de controle sobre a rede mundial de computadores é, na prática, um estatuto de censura sobre o único meio de comunicação não controlado pelos donos.
Como provou ser eficiente para desmontar um sem número de farsas, ameaça o poder e os “negócios” dessa gente.
E os caras acham que a Fundação Ford quer ajudar. Que tal pedir logo uma verba a CIA, outra ao Pentágono, eleger o milionário Murdoch presidente de honra da Conferência e chamar os donos dos canais FOX e CNN para a abertura do encontro? Podem ensinar como mentir e distorcer e criar realidades diversas, transformando o mundo numa grande irrealidade, ou num grande espetáculo onde a bunda da mulher Melancia torna-se mais importante que a fome na África, ou que as responsabilidades de grandes empresas pela disseminação do vírus da gripe suína e os lucros dos grande laboratórios.
A Conferência Nacional de Comunicação é um instrumento que pode vir a ser um ponto de partida para a efetiva democratização do setor, com ampla participação dos movimentos populares e com o papel de transformar a comunicação em debate vivo do modelo de país que desejamos os brasileiros.
De informação correta e formadora de consciência e de espírito crítico pelo debate.
É tudo o que a FUNDAÇÃO FORD não quer. O dinheiro é para poder calar a boca mesmo.
É uma luta contra máfias. E a FUNDAÇÃO FORD é um disfarce das máfias.