Herzog foi assassinado numa cela do DOI/CODI em outubro de 1975 e Luís José da Cunha em julho de 1973. Nas celas do DOI/CODI de São Paulo foram assassinados dezenas de militantes contrários à ditadura fascista implantada no Brasil com o golpe militar de 1964. Era o principal açougue da ditadura ao lado do quartel da PE (Polícia do Exército) no Rio. Em São Paulo reinava o açougueiro Brilhante Ustra.
A juíza afirma em sua decisão que no Brasil não existem leis que tipifiquem crimes contra a humanidade – são imprescritíveis – e sendo considerados como homicídios à luz da legislação brasileira estão prescritos.
A procuradora Eugênia Fávero afirma que a decisão da justiça esgota as possibilidades de punição dos torturadores e assassinos dentro do Brasil. "Aqui não há mais o que fazer. Agora, caberia aos familiares e a organizações civis entrarem com um pedido junto Comissão Interamericana de Direitos Humanos para tentar levar o caso à corte internacional".
A procuradora dá o exemplo de um caso acontecido no Chile sobre um militante morto na ditadura de Pinochet. "O processo lá foi arquivado com base em prescrição e a corte interamericana condenou o Chile por omissão. O Chile acatou a decisão e agora tem julgado vários casos de crimes cometidos pela ditadura".
Quando Paul Simon e Garfunkel cantavam "The sound of silence" não deviam estar pensando em Alan Resnais, diretor de cinema francês e autor de uma das maiores obras primas da tela. "Hiroshima mon amour". O som do silêncio.
Ao fim da caminhada Riva e Okada percebem a derrota na tentativa de reinventar o presente a partir do esquecimento. Não há como. O esquecimento como tentativa de um esplendor e o peso asfixiante da identidade e da memória.
Um universo sem humanidade. "A saída, onde fica a saída?" Frase de uma sobrevivente do holocausto japonês em Hiroshima que mesmo cega percebe a chegada de alguém. A bomba atômica foi lançada por um avião da força aérea norte-americana.
Os médicos noruegueses Erik Fosse e Mads Gilbert passaram onze dias trabalhando num hospital na Faixa de Gaza. O jornal AFTENPOSTEN divulga hoje a acusação feita pelos dois – o exército de Israel está usando um explosivo experimental conhecido como DIME (DENSE INERT METAL EXPLOSIVE). Mistura de material explosivo e outro químico como o tungstênio. Alcance reduzido – raio de ação – mas efeito devastador. Arma química. Proibida pela convenção internacional sobre guerras e motivo para Bush invadir e ocupar o Iraque em 2003.
"Os dois médicos baseiam suas acusações nos corpos mutilados que examinaram durante seu trabalho no hospital de Shifa e que, segundo eles, mostram claros indícios de terem sido atacados com esse explosivo". "Há uma forte suspeita de que Gaza esteja sendo usada como laboratório de testes para novas armas". Essa afirmação foi feita ao jornal por Mads Gilbert. Uma primeira análise de fotos dos corpos enviadas a um centro de estudos em Tromso, norte da Noruega, dá razão aos médicos. Ambos colocaram em dúvida os dados de alguns meios de comunicação – tipo GLOBO - e denunciaram que os alvos preferenciais dos nazi/sionistas eram os civis.
O Estado de Israel é uma das mais cruéis e sórdidas dentre as organizações terroristas na história da humanidade.
"Os alemães mataram seis milhões de judeus e apenas seis anos os judeus fizeram a paz com a Alemanha. Conosco os judeus não querem a paz" – Rachid Hussein, poeta palestino.
Mahamoud Darwich recusava-se a ser considerado o poeta palestino. Morreu dia nove de janeiro. O som do silêncio. A voz da revolução.
Carteira de identidade
Mahmoud Darwich
Registra-me!
sou árabe
número de minha identidade é cinqüenta mil
tenho oito filhos
e o nono... virá logo depois do verão!
vais te irritar por acaso?
Registra-me!
sou árabe
trabalho com meus companheiros de luta
em uma pedreira
tenho oito filhos
arranco pedras
o pão, as roupas, os cadernos
e não venho mendigar em tua porta
e não me dobro
diante das lajes de teu umbral
vais te irritar por acaso?
Registra-me!
sou árabe
meu nome é muito comum
e sou paciente
em um país que ferve de cólera
minhas raízes...
fixadas antes do nascimento dos tempos
antes da eclosão dos séculos
antes dos ciprestes e oliveiras
antes do crescimento vegetal
meu pai... da família do arado
e não dos senhores do Nujub¹
e meu avô era camponês
sem árvore genealógica
minha casa
uma cabana de guarda
de canas e ramagens
satisfeito com minha condição
meu nome é muito comum
Registra-me
sou árabe
sou árabe
cabelos... negros
olhos... castanhos
sinais particulares
um kuffiah² e uma faixa na cabeça
as palmas ásperas como rochas
arranharam as mãos que estreitam
e amo acima de tudo
o azeite de oliva e o tomilho
meu endereço
sou de um povoado perdido... esquecido
de ruas sem nome
e todos os seus homens... no campo e na pedreira
amam o comunismo
vais te irritar por acaso?
Registra-me
sou árabe
tu me despojaste dos vinhedos de meus antepassados
e da terra que cultivava
com meus filhos
e não os deixastes
nem a nossos descendentes
mais que estes seixos
que nosso governo tomará também
como se diz
vamos!
escreve
bem no alto da primeira página
que não odeio os homens
que eu não agrido ninguém
mas... se me esfomeiam
como a carne de quem me despoja
e cuidado... cuida-te
de minha fome
e minha cólera.
1 Célebre tribo da Arábia
2 Lenço com desenhos quadriculados, usado para cobrir a cabeça e
que tornou-se símbolo nacional palestino pela liberdade e independência.
Originariamente, esse lenço é usado pelos camponeses para
protegerem a cabeça durante o trabalho no campo.
Gaza? Onde fica a saída? Mais de mil mortos, mais de três mil feridos.
E armas químicas e biológicas. E experimentos como nos campos de concentração de Hitler. Que diferença existe entre o estado terrorista de Israel e o III Reich?
Começou o Big Brother Brasil. Em cena os heróis de Pedro Bial.