Para determinar futuras "responsabilidades" de Muntadhir ele está sendo submetido a exames que vão dizer se estava bêbado, drogado ou foi pago para isso. A velha prática de desqualificar e tirar o foco do assunto principal – a rejeição dos iraquianos à invasão e ocupação do seu país pelos Estados Unidos –. Por que George Bush? A verdade oculta, mas nem tanto, é outra. Muntadhir foi espancado e torturado na prisão. Sofreu fraturas numa das mãos e numa costela. As autoridades iraquianas (títeres dos EUA) afirmam que o jornalista será julgado de acordo com as leis do país. O jornalista está internado num hospital de campanha das forças invasoras. Deve ser para "garantia" de seus "direitos" de ser tratado como animal. É a prática dos norte-americanos. Costumam usar coleiras inclusive.
Bush, porque o líder terrorista da Casa Branca fez uma auto crítica na semana passada em que disse que seu maior erro foi invadir o Iraque acreditando nos relatórios da inteligência – CIA – sobre a posse de armas químicas e biológicas pelo governo de Saddam Hussein. E nos oito anos que ocupou a presidência de seu país a partir de uma fraude eleitoral não fez outra coisa que não terrorismo sobre povos do mundo inteiro.
Na visita ao Iraque assinou um acordo que chama de "pacto para retirada das tropas norte-americanas", fixou a data limite, 2011 e falou em "tarefa difícil a de "garantir a segurança americana e a paz mundial".
O acordo assegura a permanência de soldados invasores até 2011. É diferente a realidade da versão oficial.
Não há uma palavra de George Bush sobre os quase cem bilhões de dólares gastos na chamada "reconstrução do Iraque" e que segundo denuncia o jornal THE NEW YORK TIMES tem dados maquiados e foi outro fracasso do governo texano.
Atirar os sapatos em alguém nos países muçulmanos e chamar esse alguém de cachorro é a pior forma de ofensa que se pode fazer. Foi o que Muntadhir fez. Indignado com a invasão, ocupação, assassinato de seu povo, extorsão e toda a sorte de barbáries praticadas pelos "libertadores" reagiu tampando os sapatos e chamando Bush de "cachorro".
Nem bêbado, nem drogado e tampouco pago para isso.
Bêbado estava Bush na solenidade de abertura dos Jogos Olímpicos em Pequim e nos dias que se seguiram, quando das competições das quais participaram atletas do seu país. Desceu a uma quadra de vôlei de areia, deu um tapa na bunda de uma das jogadoras, tropeçou, quase caiu, falou um monte de besteiras.
Maquiado, como tudo que faz, foi Bush na noite que anunciou a invasão do Iraque em nome da "liberdade", da "paz" e todos esses adjetivos que norte-americanos usam para disfarçar o terrorismo capitalista. Um descuido dos responsáveis pela transmissão mostrou o maquiador do rosto do terrorista, preparando o discurso maquiado da mentira transformada em "verdade" pela força das armas.
O modelo e os cremes e pós de maquiagem são os mesmos que Ingrid Betancourt usa durante as viagens que faz mundo afora defendendo a "paz" e a "libertação" do que chama reféns da guerrilha em seu país, a Colômbia.
Como nada no capitalismo se perde, só se transforma, ou se apropria, a moça em questão é patrocinada por uma indústria de cosméticos. Mostra o viço e a beleza de alguém que passou dez anos em "cativeiro" e se manteve assim por força dos produtos tais.
Bêbado, à hora que os sapatos foram arremessados, Bush não estava. Esquivou-se com precisão absoluta. No primeiro e no segundo arremessos.
Mas tratou de seguir para o Afeganistão, outra vítima da "democracia" dos EUA. Foi falar sobre paz, liberdade, essas coisas assim que enfeitam e ornam o american way life, feito de bombas, choques, terror, tortura, Guantánamo, estupros, todas as barbáries que fazem das histórias de Drácula canções de ninar. "autoridades" afegãs anunciam que o Talibã está mais forte que nunca e a Al Quaeda se reestrutura com força total no território do Paquistão.
Um dos itens do relatório que trata do fracasso do projeto de "reconstrução do Iraque" fala exatamente em desconhecimento da realidade e da cultura dos iraquianos, árabes de um modo geral, muçulmanos em particular. Dos afegãos.
Aos libertadores do mundo que estão agora mandando a conta da "libertação" para todos os "libertos" pagarem, é impossível compreender a indignação de um cidadão do Iraque pelo simples fato que não sabem o que é dignidade.
Pensam que é um sanduíche do McDonalds. Ou Bil Gates dando um passeio pelo Center Park calçando tênis Nike.
Advogados de várias partes do mundo estão se oferecendo para defender Muntadhir. Atirar sapatos em Bush já virou um game. É possível faze-lo em vários sites da rede mundial de computadores.
É a verdadeira dimensão do fato. Bilhões de cidadãos em todos os países do mundo gostariam de ter arremessado os sapatos em Bush e bilhões desejariam que o arremesso atingisse o alvo.