A Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou em regime de urgência medida que colocou em liberdade o deputado Álvaro Lins, ex-secretário de Segurança Pública no governo de Anthony Garotinho, preso em flagrante pela Polícia Federal por crime de lavagem de dinheiro. A edição do JORNAL NACIONAL, sexta-feira 30 de maio, abriu com a manchete sobre o suicídio de um tenente da Polícia Militar de São Paulo ao ser comunicado que havia um mandado de prisão contra ele por crime de pedofilia. Quase nenhum comentário sobre o fato, mas uma tentativa de estabelecer lhames entre o tenente e o casal Nardoni, madrasta e pai de Isabela num crime que a mídia transformou em show. O tenente foi o primeiro policial a conversar com o pai de Isabela, logo após o crime. Para o JORNAL NACIONAL esse fato supera o crime cometido pelo tenente, pedofilia e sua morte estúpida.
O relator do Conselho de Direitos Humanos da ONU vai dizer em Genebra que o BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio) não faz outra coisa que não seja matar e muitos inocentes morreram nas asas dessa "justiça". Entre outras coisas o relatório exibirá laudos de autópsias onde fica provado que vítimas mortas por terem "resistido" a bala foram simplesmente executadas. "Resistência" é o eufemismo criado pelo BOPE para assassinato.
O deputado Álvaro Lins, quando secretário de Segurança, cobrava para nomear delegados em delegacias onde fossem pródigas as "contribuições" do crime organizado. Perseguia delegados que não aceitavam entrar no esquema. Deixava-os e as delegacias resistentes (sem aspas) a pão e laranja, logo, a população à mercê do crime.
Outra conclusão do relator do Conselho de Direitos Humanos da ONU é que a ação do BOPE não diminuiu nem o tráfico de drogas, muito menos o crime de um modo geral. Phillip Alston ouviu vários moradores de favelas e parentes de vítimas. Conclui que nem interesse existe da Justiça ou quem quer que seja no âmbito do poder público para qualquer tipo de reparação.
Morador de favela para o BOPE e o governador Sérgio Cabral é bandido. Não mudou muito em relação ao tempo de Anthony e Rosinha, o casal Garotinho. Segundo o ex-governador, a "única arma que eu empunho é a bíblia".
Há um western de Sergio Leone, o diretor italiano, que o pistoleiro chega à cidade disfarçado de pastor, traz uma bíblia à mão e quando tentam matá-lo abre a dita cuja e saca uma "derringer" com a qual elimina os "bandidos". Era falsa, apenas uma forma de coldre.
Alston fala em "violência improdutiva" e acusa parte da Polícia de participar do crime organizado. O relatório contém ainda uma série de sugestões de caráter técnico para o combate ao crime no Rio.
A GLOBO percebeu que uma das formas de prender o telespectador é criar o choque, o sensacionalismo e nada melhor que as imagens de violência e barbárie do dia a dia, que ao mesmo tempo banalizam essa violência que acaba atribuída a um acaso que não existe quando uma bala perdida atinge um inocente.
Não há jornalismo, mas show, guerra por audiência. O diretor geral desse filme pode estar no governo do Estado, pode ser deputado, ou senador por Brasília, ou empresário FIESP/DASLU, ou governador do Mato Grosso, ou prefeito de alguma cidade brasileira.
Qualquer problema vai sempre existir uma tribo desconhecida e que ainda não teve contato com o homem branco, o cara pálida. É a senha para os arrozeiros do general Heleno que estarão por lá defendendo o progresso e a integridade do território nacional.
Já o avião espião norte-americano que sobrevoou a Amazônia brasileira e com especial dedicação a região de Roraima onde estão os patriotas do general, esse pode. Tinha todos os instrumentos para mapear geologicamente essa parte do território VALE/ARACRUZ.
Foi o mesmo que invadiu o espaço aéreo venezuelano.
Não demora muito aparece outra Isabela, ou outro tenente e o show continua. E vai ter sempre um bando de deputados para soltar um integrante do bando.
Nos próximos dias dúvidas sobre se o tenente era ou não o tal terceiro homem que o casal Nardoni acusa de ter matado a filha.
Mas como diz o pai do rapaz, "culpado é o governo".
Sérgio Cabral é culpado sim. De extermínio de populações excluídas.