Ar compungido e preocupado dos apresentadores. No caso Sandra Anenberg (um dos rostos mais expressivos da tevê brasileira, começou na tevê com Ronald Golias no programa "Bronco", à época uma das pernas mais grossas do mundo da telinha) e um almofadinha qualquer cujo nome não guardei e nem vem ao caso, são todos produzidos em série. Os dois falam de violência no trânsito. Em São Paulo um motorista sai de seu carro e atira e mata um jovem por uma discussão sobre ceder ou não passagem. No Rio, um pai e seus três filhos saem de uma pizzaria e quase são atropelados por um motorista que acabara de avançar um sinal. Reclamam e o motorista sai do carro com uma barra de ferro. Ou vice versa, não importa, falo de Rio de São Paulo. Agride o pai diante do desespero dos filhos. É cruel, covarde e como todo pastinha da vida foge em seguida. O agredido está em coma num hospital.
O motorista, o da barra de ferro, que foi identificado, tem passagens pela polícia mas está solto pois nunca foi condenado, o processo está numa pasta qualquer de um fórum qualquer.
Um menino morre atropelado nas imediações de uma favela no Rio de Janeiro. Há revolta e dor entre os que por lá moram. Em protesto incendeiam um ônibus.
Um corte para o estado do Mato Grosso e a dupla apresenta as conseqüências do desmatamento. Seca, situações de terras inaproveitáveis para a agricultura, doenças provocadas pela poluição e em seguida São Paulo, onde uma repórter mostra uma dessas caixas de coleta de lixo na rua toda preta por conta da poluição.
Há dias o mesmo JORNAL NACIONAL saudava os recordes batidos pela indústria automobilística que chamam de brasileira. O número recorde de carros vendidos. O cidadão comum não sabe, a maioria, de cada carro produzido no País um pouco sai do seu bolso nos incentivos fiscais e nas renúncias dos governos na obsessão que entupir uma cidade de carros é progresso.
E haja índices de doenças provocadas pela predação do meio ambiente. Tanto quanto as existenciais, que acham que esse é o mundo real e acreditam nas pastas vencendo as almas e o sentido humano de cada ser. Enxergam roseiras sem ver. Olham e não enxergam.
O governador do Mato Grosso é Blairo Maggi, o maior plantador de soja transgênica do mundo, amigo de Lula, entronizador do advogado Mangabeira Unger (grupo Daniel Dantas) no Ministério e que acha que os alemães e italianos que vieram para o seu estado têm o direito de desmatar pois estão dedicando suas vidas a plantar ali. Plantar e criar gado. Segundo Maggi o "Mato Grosso é diferente". Para o general Heleno, amigo do juiz Lalau, isso não é ameaça a soberania nacional.
São os civilizados. Trazem o progresso. O sonho da VALE, doada por FHC a grupos estrangeiros em troca de propina para ele e os amigos, quando na função de governador geral do Brasil designado por Wall Street, é transformar a Amazônia brasileira numa grande plantação de eucaliptos.
Por esse mesmo progresso Ermírio Moraes devasta o Espírito Santo no afã de espalhar eucaliptos por todos os lados. Essa devastação implica em expulsar agricultores de suas terras, contratar pistoleiros para eliminar quem resiste.
São os civilizados.
Um grupo de índios hostiliza e provoca ferimentos em um engenheiro de uma empresa que quer construir uma hidrelétrica no Pará, em uma reserva indígena. O engenheiro é apenas um funcionário da empresa. Foi posto lá exatamente para enfrentar esse tipo de risco, invasão de terra de índios, pequenos agricultores e evitar que os verdadeiros chefes do crime legalizado, principais acionistas do estado brasileiro, sofram quaisquer tipo de ameaças ou agressões.
Sabiam que a reação dos índios seria aquela, precisavam do pretexto para mostrar os "bárbaros".
Um general a soldo de potência e empresas estrangeiras sai do seu comando, na Amazônia, vem ao Rio, vai a São Paulo e alerta aos grandes chefes do crime legalizado (bancos, indústria automobilística, grandes empreiteiras, latifúndio) que a soberania nacional corre risco com a demarcação de terras contínuas como reserva indígena, prejudicando "pobres" latifundiários em Roraima.
Os latifundiários, plantadores de arroz, contratam um coronel do Exército especialista em tortura, barbárie, etc, para civilizar os índios. A forma é simples. O coronel treina pistoleiros, ensina a fabricar bombas para atacar os índios.
Os índios são os bárbaros. Representam um entrave ao "progresso".
A moça da banda Calipso, do Pará, declara num programa de televisão que "o povo quer parar de desmatar, mas é preciso gerar empregos". O que se percebe é que "o povo" não desmata. Quem desmata são grandes empresas. O povo vive em regime de "trabalho escravo". Pelo menos uma vez por semana fiscais do Ministério do Trabalho flagram fazendeiros (latifundiários) usando e abusando de trabalho escravo. Todos estão soltos pela Justiça. Ou a moça não entende nada de "povo", ou quer salvar o "povo" esquecida que foi "povo", ou então por ter chegado lá em cima, no sucesso instantâneo do mundo de pessoas descartáveis, tem um jabá nessa conversa.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (que tomou posse debaixo de suspeitas de corrupção) critica, logo, prejulga, a política indigenista do governo.
Blairo Maggi, amigo de Lula, nessa estranha composição que é o governo do presidente equilibrista, enfia um norte-americano, Mangabeira Unger, advogado do Banco Oportunitty (Daniel Dantas, pilantra de porte internacional) no Ministério. Unger estabelece um plano de industrialização da Amazônia. Bye bye floresta.
Etanol nas versões com açúcar e light e chá de eucalipto que desertifica, em breve, nas mesas dos brasileiros.
O Mato Grosso é diferente.
O general Heleno, civilizado, democrático e patriota quer a Amazônia para a garantia da soberania de Wall Stret e Washington. De quebra criar bases para varrer com ameaças como os governos democráticos de Chávez e Evo Morales.
O ministro da Defesa, o tucano Nelson Jobim, é enquadrado pelo general, ameaça as FARCs-EP e um senador casado com uma deputada diz que o exército rebelde na Colômbia atua no seu estado, o antigo Espírito Santo, em Minas (tem ligações estreitas com o governador de Minas, muito estreitas).
O tráfico rola solto, vem sob o patrocínio de Uribe.
Nesse banho de civilização e progresso que pretendem dar na Amazônia, ressurge a Quarta Frota dos Estados Unidos, especialista em golpes militares na América Latina. Adoça a boca dos patriotas. Como fez em 1964.
Lula olha para o outro lado e vai defender junto com outros governantes sul-americanos a UNASUL. Uma proposta de um conselho de defesa desta parte do mundo. Contrário a isso só o narcotraficante que preside a Colômbia, Álvaro Uribe, preposto das grandes máfias do tráfico no mundo inteiro e íntimo de George Bush, o terrorista norte-americano.
Temos dois governos dentro do governo Lula. O de Blairo Maggi e do general Heleno, representantes da república VALE/ARACRUZ/FIESP/DASLU, personalizado no advogado, filósofo doutor Mangabeira Unger, com direito a sotaque e tudo. E a receber dos dois lados.
Outro, o formado por pessoas íntegras que ainda acham que é possível salvar o insalvável, o próprio governo. Neste lado estão Celso Amorim, Patrus Ananias e mais alguns poucos.
Morde e assopra.
O que o JORNAL NACIONAL mostrou na edição de sábado foi tudo isso. Ou melhor, toda essa contradição conduzida com maestria de equilibrista que não sabe para que lado está indo e nem sabe se existe algum lado, Lula.
E haja PAC para a felicidade das grandes empresas e a ilusão do progresso, do tal progresso. Inteiramente desvirtuado em seu sentido. Em sua concepção.
O motorista agride um pai com barra de ferro. O que um motorista mata um jovem sem razão alguma. Um menino morto por atropelamento. As reservas florestais sendo devastadas. As cidades entupidas de "progresso" sobre quatro rodas.
São os civilizados e trazem o bem a todos. Com direito a juros altíssimos. Henry Meireles, funcionário do banco central dos EUA no banco central do Brasil, já avisou que os juros vão subir.
A próxima novela das oito da GLOBO, A FAVORITA, vai contar a história de duas herdeiras de um império de papel e celulose (Patrícia Pilar (mulher de Ciro Gomes, ex-governador do Ceará, irmão daquele que leva a sogra para passear no exterior, a sogra e o cunhado, mas às custas dos cofres públicos) e Cláudia Raya vão disputar uma floresta de eucaliptos entre outras coisas.
Patrocínio e financiamento das transnacionais do negócio dentre elas a ARACRUZ.
Vai morder e assoprar, tal e qual o governo Lula. Exibir cenas de ocupação por movimentos populares, ação policial, defender o "progresso sustentável", fazer de conta que tem pena dos excluídos, que vem justiça social na esteira das plantações de fome e miséria, mas...
Apresentar um trabalhador bonzinho para mostrar o caminho ao rebanho...
Vender a idéia que as empresas estão preocupadas com o Brasil, os brasileiros, os trabalhadores.
Não somos nem mais Brasil. Somos Roça de Cana e Roça de Eucalipto, somos bagaços. Somos papel nas mãos do crime legalizado.
E instados a acreditar que o mundo real é esse.
O grupo Pastinha já está querendo saber se tem hotel e terreno por lá para transformar em sede e faturar um por fora, além de vender para cunhado, concunhado, afinal esses não são parentes.
Os índios são os bárbaros.