AS ELEIÇÕES NOS ESTADOS UNIDOS

Barak Obama ora dá a sensação que vai varrer seus adversários (democratas ou republicanos) como um tufão. Em outros momentos sugere um McGovern, candidato democrata derrotado por Nixon em 1972. Foi varrido eleitoralmente.

McGovern era um estranho no ninho. Adversário da guerra do Vietnã no auge do conflito que se transformou na maior derrota política e militar dos EUA em toda a sua história, pagou o preço da histeria anti-comunista. Nixon dizia que a vitória do ex-Vietnã do Norte transformaria toda a Ásia num continente de países comunistas. McGovern foi derrotado pelo vírus patriotite, que contamina boa parte dos norte-americanos e se espalhou pelo mundo. Hoje começa a voltar com força total. Foram necessários dois mandatos de Nixon para que se percebesse que McGovern estava certo.

Defensor intransigente da política de direitos raciais, dos direitos de imigrantes, direitos humanos e do fim do privilégio de bancos e grandes empresas do chamado complexo militar/industrial, fez um discurso à esquerda de políticos tidos como liberais, caso de Edward Kennedy, à época, ainda um mito na política daquele país.

Obama até agora não é nem McGovern e nem Ted Kennedy, muito menosJohn Kennedy. Nem de longe Robert Kennedy.  É uma incógnita. Tem contra si o fato de ser negro e vai enfrentar, já enfrenta, as baterias contaminadas do vírus da patriotite, doença que faz com que norte-americanos se entupam de sanduíches do McDonalds, catchup e mostarda, embebedem-se de coca e pepsi e se voltam para Wall Street seis vezes ao dia, rendendo graças pelo sino que alguém bate às dez horas da manhã, símbolo do capitalismo opressor e da supremacia de brancos cristãos e eleitos por Deus.

Isso depois que fazem o mesmo em Israel, os primeiros escolhidos. Há uma hierarquia nesse fascismo. Tel Aviv vem à frente.

Barak Obama enfrenta ainda Hilary Clinton, mulher de ex-presidente, senadora por um estado importante New York, favorita até o primeiro vento mais forte a favor do senador. Há quem diga que a insistência de Hilary possa estar enfraquecendo o Partido Democrata e favorecendo a candidatura John McCain, o republicano. Ao que tudo indica Hilary permanece na disputa confiando nos chamados superdelegados, integrantes da cúpula do partido, onde o marido Bil tem forte influência. 

A próxima terça-feira pode definir a candidatura democrata e necessariamente o desgaste das primárias não precisa estar enfraquecendo Obama (enfraquece Hilary). Pode ser o contrário, mas isso só se vai saber à frente.

O que pensa Obama sobre a América Latina, por exemplo, ninguém sabe direito. O candidato é um prodígio de marketing, mas igualmente de ausência de idéias, pelo menos de explicitá-las. O discurso é vago, fala em renovação e esse mote tem sido fundamental nas vitórias obtidas até agora em primárias importantes. Foram as que o colocaram na liderança da disputa com a senadora.

John McCain conta com um fator que tem se mostrado decisivo em eleições dos Estados Unidos. A absoluta incapacidade dos norte-americanos de compreenderem o que se passa além de suas fronteiras. A certeza plena da maioria dos norte-americanos que é necessário impor ao mundo o seu modo de vida (até porque se sustentam de explorar o resto do mundo), tudo no pressuposto da liberdade, do patriotismo, da justiça, o velho discurso da farsa de uma sociedade que se cobre com o véu do moralismo e se esbordoa quando o presidente determina que soldados mortos numa guerra de conquista e domínio de um povo sejam cremados num forno para cremar animais.

McCain é mais uma animação dos estúdios Walt Disney. Faz o gênero.

Norte americanos são incapazes de perceber que foram completamente dominados pelo Vale do Silício da alta tecnologia que faz de humanos robôs.

Wall Street é Deus e Bil Gates o seu profeta.

A força de McCain está no não ser nada além de um vazio imenso que é o reflexo do grande balão de vento que, por sua vez, é a imensa e esmagadora maioria dos norte-americanos, imagem e semelhança de Homer Simpson (diagnóstico que William Bonner fez para os brasileiros "tratados" com patriote). É por aí que pode vir a ser o próximo presidente do país. Por não ser ninguém.

Bush é um fracasso mas Obama pode ser um risco para a maioria branca e cristã eleita por Deus para libertar o mundo. O Deus deles, evidente. Além de negro é filho de muçulmano. E Bush é um fracasso relativo, para os sacerdotes do capitalismo é uma bênção. 

O que muda para a América Latina?

Nada. Nem Obama, nem Hilary e nem Mcain.

Aqui vamos ter que continuar a luta pela construção e avanço do processo revolucionário por uma América Latina livre das garras do capitalismo e especificamente dos mariners norte-americanos. Sabendo que entre nós estão narcotraficantes como Álvaro Uribe. Presidentes corruptos e tirânicos como Alan Garcia. Birutas como Lula (biruta é um instrumento usado em aeroportos para indicar a direção dos ventos). Os dois primeiros assalariados de Washington, Lula dando uma no cravo e outra na ferradura, mas jogando fora os compromissos históricos do seu partido e os próprios.  

Eleições nos EUA são só parte do show da sociedade do espetáculo, o império exibindo-se a cores e ao vivo para todo mundo, com tecnologia digital e de alta precisão. Ou como disse o general George Patton, comandante militar dos EUA na IIª Grande Guerra ao assistir um desfile das tropas marroquinas, assim que chegou a Ásia: "muito bonito, parece mistura de Bíblia com Holywood".

Hipocrisia maior não pode existir. Até porque o exterminador do futuro é governador da Califórnia. O do presente está na organização terrorista Casa Branca.
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