Índia sofre com a falta de pessoal alfabetizado, experiente e pronto para trabalhar. Foto: Reprodução/Getty
Criar um sistema de educação melhor requer mais que dinheiro.
Há muitas evidências casuais de que os trabalhadores estão se tornando escassos na Índia. Uma pesquisa do Royal Institution of Chartered Surveyors estima que em 2010 a Índia contava com apenas 500.000 engenheiros civis face a uma necessidade de 4 milhões, e apenas 45.000 arquitetos face a uma necessidade de 366.000. Tal organização afirma que em 2020 o déficit acumulado de profissionais envolvidos com o ramo da construção deve ultrapassar as dezenas de milhões.
Em geral, há falta de pessoal alfabetizado, experiente e pronto para trabalhar. As condições básicas estão melhorando. A taxa de alfabetização nacional subiu de 52% em 1991 para 74% hoje em dia, de acordo com o censo. Mas os ganhos além disso estão demorando demais.
Segundo uma estimativa, hoje em dia 40% dos estudantes indianos se utilizam de algum tipo de educação privada, sejam escolas privadas ou professores particulares. Uma pesquisa de 2011 do Credit Suisse afirmou que os indianos tipicamente gastam 7,5% de sua renda em educação, mais do que os chineses, russos ou brasileiros. A educação é encarada como uma via expressa para a prosperidade. Um economista sênior do governo se preocupa com o fato de que os pais “quase gastam recursos demais com isso”.
Cerca de 500.000 do 1,4 milhão de escolas indianas, com cerca de 300 milhões de alunos, são privadas. Cerca de 97% das crianças em idade escolar se matriculam, embora metade abandone a escola antes de completar a escola secundária. A qualidade do ensino varia; algumas vezes os professores nem mesmo aparecem para ministrar suas aulas. Há muita memorização, discriminação contra crianças de casta baixa, inflação de notas e às vezes castigos físicos. Para melhorar a situação, o treinamento de profissionais é crucial. O governo parece ter reconhecido o problema, destinando cerca de US$ 11 bilhões para a educação neste ano (três quartos para escolas, o resto para universidades), um aumento de 18% em relação ao ano anterior.
No entanto, para que a Índia se torne mais competitiva, os maiores ganhos educacionais têm que vir após a escola, isto é, em educação técnica e superior. A quantidade não é o problema. A OECD estima que ao fim desta década a Índia formará mais estudantes de nível superior do que qualquer outro país do mundo, com exceção da China, responsabilizando-se por 24 milhões das pessoas graduadas entre 25 e 34 anos, cerca de 12% do total mundial.
A contagem oficial das instituições de educação superior da Índia, tanto privadas quanto públicas, é de quase 26.500, o maior total mundial. O número de estudantes atualmente matriculados é de 15 milhões, ou cerca de 14% da faixa etária. O governo está pressionando para aumentar a taxa de matrícula para 30% da faixa etária até o fim desta década.
* Publicado originalmente na The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.