Quando, em 1988, Jean-Luc Lagardère apresentou à imprensa "espantada" seu filho Arnaud como seu herdeiro, o autor conclui: "Não é apenas entre os Sarkozy que se dá responsabilidades às crianças." Esta é uma ilustração da "obsessão dinástica" que caracteriza a economia francesa e que encontra suas raízes no Antigo Regime.
E quando os herdeiros diretos são escassos, um genro pode fazer seu papel.
No entanto, se muitas das antigas famílias que controlavam o país desapareceram - os Darblay, os Schneider, os de Peyerimhoff, etc. - outros (os Peugeot, os Michelin ...) sobreviveram. Uma geração de empreendedores do pós-guerra sucedeu aos "históricos".
OS ATORES DA "NOVA ECONOMIA"
Então chegou a vez dos "audaciosos, capazes de manipular os instrumentos financeiros à sua disposição para fazerem fortuna rapidamente" e, finalmente, a dos "empreendedores em série", atores da "nova economia". O tempo dirá se os Pinault, Arnault, Naouri, Bolloré, ou o que o autor chama o "clã das lojas de conveniência" (os Leclerc, os Mulliez), assumirão sua sucessão.
Em 1988, 90 das maiores fortunas dentre 150 tinham sido formadas nos últimos 40 anos. Em 2008, as 200 maiores empresas francesas, 76 estavam sob controle familiar, contra 62 há duas décadas.
A história econômica da França continua marcada pela logomarca de um capitalismo de família cuja atividade tem se expandido internacionalmente.
Outra especificidade hexagonal, a concentração de poder. "Uma centena de pessoas controla 43% dos direitos de voto das empresas do CAC 40." Uma consanguinidade que beneficia os tecnocratas que passaram pelas altas funções públicas, além de serem oriundos das "grandes famílias" que enviaram seus herdeiros às "boas escolas".
Mas atualmente "são os homens políticos que deixam o setor público para aderirem ao setor privado. O mundo das empresas assumiu de fato o poder."
O livro - Le Monde Economia - 05/09/2011
Tradução: Argemiro Pertence