O novo conceito tem ganhado destaque no Brasil com a criação da primeira cidade inteligente de baixo custo do mundo, no Ceará
Com a ideia de repensar o modo de viver na cidade por meio de espaços fluidos, sustentáveis e com múltiplas utilidades, as Cidades Inteligentes têm ganhado visibilidade pelo mundo afora. No Brasil, o tema passou a ser levantado com a criação da primeira cidade inteligente de baixo custo do mundo em São Gonçalo do Amarante, no Ceará. Este foi o tema central de um dos painéis do CICLOS – Congresso Internacional de Sustentabilidade para Pequenos Negócios, realizado no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá.
Para explicar esse novo conceito, estiveram presentes Ana Fragata, diretora do Fórum Internacional de Cidades Inteligentes e Sustentáveis; Susanna Marchionni, CEO no Brasil da Planet Smart City; e Gabriel Eigner, CEO da Agrotours. A mediadora do painel foi a professora Raquel Blumenachein, doutora pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da UNB.
Susanna é natural de Turim na Itália e cofundadora da Planet Smart City. A empresa idealizou o projeto de primeira Cidade Inteligente Social do Mundo, desenvolvido no Ceará. Atualmente, estão em andamento as obras da Smart City Natal, que será construída no Rio Grande do Norte.
“Primeira do mundo lançada no Ceará, com infraestrutura de altíssima qualidade, serviço de tecnologia ao alcance de todos, mas, antes de tudo, pessoas. As cidades inteligentes devem sim ter tecnologia, mas pensada como meio e não como fim. No final, o mais importante é a inclusão social, porque as pessoas são o centro da sociedade.”
E um dos pilares das cidades inteligentes é a inclusão social, com a participação ativa dos habitantes na vida da cidade e com modelos renovados de vida. O pré-requisito para o desenvolvimento do projeto é considerar as pessoas como centro da cidade, de forma que a educação e o envolvimento sejam as principais ferramentas para a evolução da ação. O principal objetivo é que as pessoas encontrem soluções inovadoras e que incentivem novos comportamentos para passar as gerações futuras.
“Mudamos a forma de morar porque os projetos sociais do grupo são abertos para todos. Não precisa ser morador para ter acesso a isso, isto significa que as pessoas precisam sentir que pertencem ao lugar. Tem uma equação muito simples, que eu adoro, que é educação igual a segurança.”
Natural de Braga, em Portugal, Ana Fragata passou os últimos 12 anos trabalhando em pesquisas sobre sustentabilidade e regeneração urbana. Representando o Fórum Internacional para Comunidades Inteligentes e Sustentáveis (FICIS), Ana participou do CICLOS e falou sobre os projetos de cidades inteligentes desenvolvidos em vários locais da Europa.
Durante o painel, ela destacou que o termo “políticas urbanas” ganhou força na Europa, em vista das pesquisas atuais que apontam a existência de mais pessoas em áreas urbanas. De acordo com ela, para que a cidade seja inteligente e sustentável é essencial um envolvimento das pessoas nas decisões da própria cidade, com aposta em várias áreas.
“É essencial uma aposta na área da mobilidade, uma aposta no ambiente, uma aposta na governança, em áreas para a melhoria da comunidade. As iniciativas são implementadas nas cidades e as pessoas não se apropriam, portanto, se as pessoas conseguirem se apropriar dessas iniciativas das cidades, o retorno é muito maior. Um evento como Fórum Internacional das Cidades Inteligentes e Sustentáveis permite que as pessoas possam participar, possam ficar informadas, saibam que atuamos em todas as áreas.”
Ana também ressaltou a necessidade de replicar as ações das cidades inteligentes em outros locais, para que não tenham o mesmo tipo de problema. “É uma questão essencial que nós temos que incentivar”, ressalta.
O brasileiro Gabriel Eigner, CEO da Agrotours, com sede em Israel, falou sobre o sistema adotado pelo país que tem tornado um dos ambientes mais inovadores do mundo. Um dos pontos abordados foi o ecossistema empreendedor disponível em Israel, com muitas startups inovadoras. Segundo Eigner, o país possui uma população bastante ousada com habilidades de transformar ameaças em oportunidades.
Israel é um país muito pequeno, consequentemente tem escassez de recursos, então por definição tem que ser sustentável. Segundo ele, o ensinamento que pode ser dado, é que começou de uma maneira muito forte com as crianças, então as crianças que são hoje a geração do futuro. “Nós estamos herdando o mundo lá de trás, então para você realmente criar essa melhoria de sustentabilidade, eu acho que é um grande processo educativo. Não é mudar só a cabeça de adulto, precisamos mudar a cabeça da criança para ela não consumir muito plástico, não desperdiçar água e não fazer uma série de coisas que hoje são problemas dos adultos, mas na realidade tem que vir lá de baixo.”
Representante da Agrotours, Eigner diz que a empresa tem como foco justamente mostrar ao público brasileiro da área de negócios uma experiência de turismo diferente, conhecendo setores bem desenvolvidos em Israel e que podem ser uma boa aposta. “Acopla negócios com turismo, sempre de uma maneira customizada, então nós criamos cronogramas de acordo com a necessidade dos grupos. Nosso foco não é turismo individual, é turismo de grupos, uma vez que tem uma sinergia de assuntos que interessa para o grupo, nós montamos uma proposta com base no briefing que o grupo passa, essa proposta é discutida até chegar numa ação final. A proposta começou na área agro, mas hoje ela se expandiu em algumas outras áreas de negócios. Nós temos turismo para business, para mulheres de negócios e temos na área de gastronomia, porque Israel tem uma grande população vegana.”
Para finalizar, o empresário destacou um dos maiores diferenciais de Israel, que é o investimento em pesquisas, com diversos programas com recursos financeiros disponíveis para investimento em projetos de desenvolvimento. Outro fator relevante, mencionado por ele, é a educação como fator obrigatório que torna a população com um alto nível acadêmico.