Funeral de ativistas
No dia 20 de julho, na cidade turca de Suruc, fronteira com a Síria, ocorreu um brutal e criminoso atentado contra uma brigada de cerca de 300 ativistas da Federação de Associações de Jovens Socialistas que se preparava para partir para Kobane em missão internacionalista de solidariedade. Kobane — um cantão da Síria reclamado pelo povo curdo como parte de seu território pátrio — recentemente foi destruído por bombardeios do Estado Islâmico (Isis).
Esses jovens, que iriam realizar uma semana de trabalho voluntário de reconstrução da infraestrutura e de moradias destruídas pelos bombardeios, participavam de um ato político diante do Centro Cultural de Amara, quando foram atingidos por uma forte explosão que arremessou seus corpos a grande distância. Trinta e um jovens foram mortos e mais de cem ficaram gravemente feridos.
Rapidamente, as imagens do ato criminoso passaram a ser veiculadas na internet, provocando forte indignação em todo o mundo. Embora o governo fascista da Turquia de Erdogan rechace sua mão no atentado, já é notório que partiu dele sua maquinação, servindo-se das mãos de organizações como o Isis.
Em sua página na internet, a Confederação Internacional de Trabalhadores Turcos na Europa (ATIK) publicou uma declaração do Partido Comunista da Turquia / Marxista-Leninista (TKP/M-L), que afirma que “independente de quem sejam os autores do ataque, o principal responsável deste massacre é o Estado fascista turco e o imperialismo”. A declaração do TKP/M-L ainda denuncia os objetivos do imperialismo ianque e das potências imperialistas ocidentais na região, citando que “muitos países, particularmente o Iraque, foram arruinados e os imperialistas plantaram um governo fantoche que servisse aos seus objetivos, visando enfraquecer o regime de Assad na Síria e aos seus objetivos sobre o Grande Oriente Médio”. A declaração também destaca que “é um objetivo do imperialismo ianque redesenhar as fronteiras do Oriente Médio e do Norte da África para explorar as riquezas contidas no seu subsolo”.
Manifestantes armados em passeata de solidariedade
No dia 24 de julho, o Estado fascista turco desencadeou uma operação policial com a participação de aproximadamente oito mil agentes das forças de repressão em diversas localidades do país. Aproveitando-se da forte comoção causada pelo atentado criminoso e sob a justificativa de “retaliar os terroristas do Estado Islâmico”, o regime fascista de Erdogan ordenou a operação repressiva de grande porte que perseguiu e prendeu vários ativistas de organizações democráticas e revolucionárias do povo curdo e turco.
Após o atentado em Suruc, o regime fascista turco autorizou a utilização de uma base aérea na região fronteiriça com a Síria pelas forças armadas do USA para realizarem seus bombardeios na Síria e no Iraque. Os ataques às bases guerrilheiras do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), as razias contra democratas e revolucionários na Turquia, bem como os ataques nas áreas de domínio do Isis é revelador do jogo que faz Erdogan como lacaio e títere do imperialismo ianque na busca de jogar povos contra povos e provocar distúrbios que justifiquem mais e mais o intervencionismo, as invasões e agressões imperialistas na região.
Mais de mil pessoas foram presas durante a operação e uma jovem ativista chamada Günay Özaslan foi assassinada pela polícia em sua casa em Istambul. As forças de repressão impediram que a imprensa e advogados se aproximassem do corpo durante várias horas para tentar encobrir o assassinato covarde da ativista.
Milhares de pessoas acompanharam o cortejo fúnebre de Günay Özaslan e, após seu sepultamento, um grande protesto tomou as ruas, que se conflagraram com barricadas, incêndios e enfrentamentos entre as massas populares e as forças de repressão.
PROTESTOS CORREM O MUNDO
Após o atentado de 20 de julho, ondas de revolta popular tomaram as ruas das principais cidades turcas. Em diversos países da Europa também ocorreram manifestações denunciando o atentado criminoso e em solidariedade aos jovens ativistas, seus companheiros, companheiras e familiares.
Em 26 de julho, migrantes turcos, ativistas de diversas organizações democráticas, participaram de uma manifestação em Londres, Inglaterra. Os manifestantes bloquearam a Ponte de Londres com bandeiras, faixas e cartazes denunciando o atentado, a ofensiva repressiva do Estado fascista turco e a prisão de centenas de pessoas na Turquia sob a alegação provocadora de pertencerem ao Estado Islâmico. Em Bruxelas, capital da Bélgica, aproximadamente 250 pessoas se concentraram diante da Embaixada da Turquia. Dois dias depois, 27, em Frankfurt, Alemanha, aproximadamente cinco mil pessoas protestaram contra o atentado de Suruc.