O governo israelense convocou o embaixador da França, nesta quarta-feira, 31 de dezembro, em razão do apoio dado por Paris ao projeto de resolução palestino, derrotado no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Esse apoio “causou decepção e perplexidade do lado de Israel”, explicou um porta-voz da diplomacia israelense, que informou ainda que Patrick Maisonnave deverá ser recebido na sexta-feira no Ministério dos Assuntos Estrangeiros em Jerusalém.
A França, preocupada com a situação no Oriente Médio, trabalhou durante semanas para desenvolver um texto de resolução a ser proposto ao Conselho de Segurança da ONU, e que seria mais flexível do que o projeto palestino. Os palestinos finalmente apresentaram nesta terça-feira seu próprio texto alterado. A França votou a favor, mas o texto foi aprovado por somente oito membros, tendo sido derrotado por não ter os nove votos necessários.
ABBAS ASSINA O PEDIDO DE ADESÃO À CPI
Logo em seguida à rejeição o projeto de resolução, o presidente Mahmud Abbas assinou o pedido palestino de adesão à Corte Penal Internacional (CPI). Além deste pedido, que permitiria processar as autoridades israelenses perante a justiça internacional, Abbas assinou outras vinte convenções internacionais em uma reunião transmitida ao vivo pela televisão estatal.
Os palestinos tinham ameaçado participar de uma série de organizações internacionais, se sua resolução, que solicitava uma solução do conflito com Israel em um ano e, em seguida, a retirada de Israel, nos dois anos seguintes, dos territórios ocupados desde 1967, fosse rejeitada.
As convenções assinadas por Abbas têm como foco especial os "crimes de guerra" e os "crimes contra a humanidade", as armas de fragmentação, a proteção das pessoas e outras áreas que podem ser usadas no futuro numa ofensiva judicial que os palestinos poderão lançar contra as autoridades israelenses, particularmente após as três guerras que assolaram a Faixa de Gaza ao longo dos últimos seis anos.
OS PALESTINOS TÊM “MAIS A TEMER” DA CPI QUE ISRAEL
A adesão ao Tribunal de Haia, uma vez ratificada dentro de cerca de dois meses, permitiria que a CPI investigasse questões ligadas ao conflito israelense-palestino. Israel e os Estados Unidos são firmemente contrários à adesão, sendo que o primeiro advertiu, nesta quarta-feira, que tal adesão se voltaria contra os palestinos.
"Quem tem o maior medo é a Autoridade Palestina, que formou um governo com o Hamas, uma organização reconhecida como terrorista e que, como a organização Estado Islâmico, comete crimes de guerra", reagiu o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, em um comunicado divulgado por sua assessoria.
"Faremos o que for necessário para defender os soldados israelenses, o exército de maior padrão moral do mundo", acrescentou o primeiro-ministro. "Esta tentativa de imposição de exigências será rejeitada, como nós rejeitamos o projeto de resolução palestino no Conselho de Segurança", acrescentou.
Tradução: Argemiro Pertence