Pontífice defendeu que a pobreza está no centro do Evangelho; o comunismo teria se apropriado dessa bandeira no século XX
O papa Francisco, cujas críticas ao capitalismo desenfreado levaram alguns a rotulá-lo como marxista, disse em uma entrevista publicada neste domingo (29) que comunistas tinham roubado a bandeira do cristianismo.
O pontífice, de 77 anos, deu uma entrevista ao Il Messaggero, um jornal de Roma, para marcar a festa de São Pedro e São Paulo, um feriado na cidade.
Ele foi questionado sobre um post no blog da revista Economist que dizia que ele soava como um leninista quando criticou o capitalismo e pediu uma reforma econômica radical.
"Eu só posso dizer que os comunistas têm roubado a nossa bandeira. A bandeira dos pobres é cristã. A pobreza está no centro de o Evangelho", disse ele, citando passagens bíblicas sobre a necessidade de ajudar os pobres, os doentes e os necessitados.
"Os comunistas dizem que tudo isso é comunismo. Claro, vinte séculos mais tarde. Então, quando eles falam, pode-se dizer: 'mas então você é cristão'", disse ele, rindo.
Desde sua eleição, em março de 2013, Francisco tem frequentemente atacado o sistema econômico global como sendo insensível aos pobres e não fazer o suficiente para compartilhar a riqueza com aqueles que mais precisam.
No início deste mês, ele criticou a riqueza feita a partir de especulação financeira como intolerável e disse que a especulação com commodities era um escândalo que comprometeu o acesso dos pobres aos alimentos.