O cenário da guerra é todo o planeta. Nenhum lugar da terra está a salvo de uma agressão direta ou indireta de um punhado de países imperialistas comandados pelo USA, superpotência hegemônica única.
O foco pode variar de acordo com os interesses imediatos dos Estados reacionários dominantes. Ora é o Mali, o Sudão, a Costa do Marfim, a Líbia e o Egito, na África; ora é o Butão, o Bangladesh, o Nepal, o Afeganistão, o Paquistão, a Índia, as Filipinas e a Turquia, na Ásia; ora a Palestina, o Iraque, o Iêmen e a Síria, no Oriente Médio; o Peru, a Colômbia e o Haiti na Américas do Sul e Central. E isso, quase que invariavelmente, contando com concurso lacaio dos governos de turno das nações agredidas.
No momento, o imperialismo aponta para a Venezuela na América do Sul e a Ucrânia na Europa Oriental. Especialmente aí lançou ofensiva, juntamente com a UE, para retirar a Ucrânia do domínio do imperialismo russo e submetê-la ao seu mando, questão que se revela, a cada dia, decisiva e inadiável para consolidação de sua hegemonia total no mundo e enfrentar a crise geral do capital ao seu modo e interesse.
A “SALVAÇÃO” É MAIS GUERRAS
Com uma economia funcionando a serviço de poucos, fundamentalmente com base na indústria bélica e nos ganhos financeiros proveniente dos lucros obtidos por seus monopólios mundo afora, o USA encontra-se numa situação em que a grande parcela de sua população é cada vez mais jogada no sacrifício pelo rebaixamento de sua renda, pelo desemprego e pelo abandono da assistência social.
As catástrofes naturais como as ocorridas nos últimos tempos, assim como o estouro das bolhas especulativas, mostram o quanto o povo estadunidense e principalmente as populações de imigrantes têm pago um preço cada vez maior por viverem num país que concentra nas mãos de um punhado de parasitas o resultado da sua rapina sobre o Terceiro Mundo.
Por tudo isso já se inicia um clima de exaustão e de descrença na alternância entre os partidos da ordem, como demonstrado pelo movimento Ocupe Wall Street e outros protestos ocorridos no país, como o dos imigrantes, o que tem levado alguns dos seus economistas a defenderem um modelo de distribuição de renda menos concentrador como forma, até, de salvar o capitalismo.
Veja-se o desespero em que a situação está chegando e, segundo a inexorável lei da tendência decrescente das taxas de lucro, com todas as condições objetivas para piorar. Diante disso, para fugir da crise, tanto republicanos como democratas são unânimes em apostar em mais guerras como meio de salvação. Sob as surradas desculpas de fazer a “guerra ao terror”, “promover a democracia com eleições” e de “proteger as populações, em nome dos Direitos Humanos”, o imperialismo, principalmente ianque, desembarca tropas, contrata mercenários ou ataca com drones e mísseis de longo alcance, para aplacar qualquer forma de resistência e em seguida se apoderar do butim.
Doce ilusão, pois como já advertia Mao Tsetung, o imperialismo é um gigante de pés de barro cuja ação resulta sempre em fracassos, tal como mostra a história das guerras da Coreia, Vietnã, Iraque e Afeganistão, para citar apenas as mais conhecidas.
REPRIMIR PARA ASSEGURAR A EXPLORAÇÃO
Outro tipo de agressão é levado a efeito sob o mando imperialista, porém, executada por governos títeres contra o povo de seus próprios países. É o que sempre se passou com o Brasil e, neste momento, mais agravada ainda a situação.
Os interesses econômicos dos países imperialistas e de suas corporações monopolistas no Brasil são imensos. USA, Alemanha, Japão, França, Inglaterra, Itália, Rússia e China travam entre si duras batalhas. E as fazem encobertas pelo manto hipócrita da diplomacia e de acordos comerciais, para conquistarem espaços cada vez maiores em nosso território. O que é revelador de que o conluio entre eles é episódico, particularmente para reprimir as lutas de resistência do povo, porém a pugna para ver quem saqueará mais é permanente.
São disputas para implantarem suas plataformas de saqueio do país, através dos mais variados artifícios como remessa de lucro, juros sobre empréstimos e compra de títulos do tesouro (selic), subfaturamento na exportação e superfaturamento nas importações, preços escorchantes da assistência técnica, royalties, entre outros ardis. Tudo isto além da secular e incessante sangria das riquezas naturais, carreadas para fora diuturnamente: madeira, ouro, diamante, minério de ferro e tantos outros minerais estratégicos.
Os recentes escândalos envolvendo a espionagem do USA sobre o gerenciamento e as empresas estatais como a Petrobras; a compra da refinaria em Pasadena da petroleira belga; o cartel formado pela Siemens (Alemanha), Allston (Franca), Sony (Japão) e Samsung (Coreia do Sul) são uma clara amostra da tamanha exploração a que o povo brasileiro está submetido. Esta exploração, entretanto, se dá de forma desigual, pesando brutalmente sobre as costas das massas trabalhadoras da cidade e do campo, ademais das classes médias, no que resulta viver a nação sob desditosa condição de semicolônia do USA.
As estratégias do USA para a América Latina para incrementar a opressão e o saque sobre a região, sempre foram embrulhadas em um discurso de amizade, cooperação e prosperidade. Em 2007 o Comando Sul dos Estados Unidos apresentou ao então presidente Bush Filho sua estratégia para a América Latina e o Caribe para 2016, com o pomposo título de “Amizade e cooperação pelas Américas”. Já no prólogo do documento ficam claras as intenções imperialistas camufladas no discurso de amizade e cooperação:
“A Estratégia de Comando para o ano 2016 do Comando Sul dos Estados Unidos (USSOUTHCOM, por sua sigla em inglês) proporciona o método para alcançar nossa visão e converter-nos em uma organização conjunta interagencial líder que procura apoiar a segurança, a estabilidade e a prosperidade das Américas. Nossa visão estratégia responde ao mandato sempre presente de cumprir com nossos requisitos militares conjuntos e de reconhecer a importância cada vez maior de integrar todos os instrumentos de autoridade nacional para cumprir com os desafios do futuro em todo o hemisfério. À medida que avançamos para o futuro, nos comprometemos a consolidar um enfoque interagencial centrado nos objetivos que nos permitirá cumprir a promessa das Américas.
A palavra “promessa” tem dois significados diferentes, porém igualmente importante. O primeiro significado é um acordo mútuo entre as partes: um vínculo inquebrantável. O segundo significado é a intenção de obter grandes logros ou de fazer algo vital e importante. O Comando Sul dos Estados Unidos se compromete plenamente a cumprir com o expresso em ambas as definições. “Prometemos” ser um bom sócio em todo o hemisfério à medida que enfrentemos difíceis desafios juntos. Também trabalharemos com nossos sócios para ajudar a abrir a “promessa” do futuro.
“A meta da estratégia descrita neste documento é estabelecer relações duradouras e trabalhar juntos de forma cooperativa numa sólida Amizade e Cooperação pelas Américas.”
OPORTUNISMO PLANIFICA ESTRATÉGIA IANQUE
O resultado disso tudo em termos de Brasil foi uma série de medidas implementadas como, por exemplo, o anúncio da reativação da IV Frota da Marinha ianque, também conhecida como Frota do Atlântico Sul, por coincidência, logo após o anúncio da descoberta das reservas de petróleo no pré-sal. O aumento da repressão mais brutal ao movimento camponês em luta pela terra, que ademais de enfrentar-se todo o tempo com os bandos de pistoleiros e paramilitares mantidos pelos latifundiários e acobertado pelo Estado, passou a ser acossado por tropas combinadas do exército com a Força Nacional de Segurança e Polícia Federal, ademais das polícias militar e ambiental. Nas cidades a ação direta das Forças Armadas em apoio à criação das UPPs no Rio de Janeiro e o aumento da militarização no conjunto do país, inclusive armando as guardas municipais, foram as medidas precursoras para impulsionar a guerra contra o povo rebelado.
Com especial e sistemática frequência contra as remoções e contra os protestos da juventude e das populações faveladas e das periferias contrárias aos absurdos gastos do dinheiro público na construção das arenas da Fifa, enquanto a saúde, a educação, a habitação e o transporte públicos são sucateados, penalizando principalmente o conjunto do povo pobre.
Para praticar tamanho saque contra a nação, só estabelecendo um estado de guerra contra as massas rebeladas e para tanto o imperialismo se beneficiou sempre da subjugação das Forças Armadas brasileiras e dos gerenciamentos de turno no velho Estado invariavelmente ocupado, com a exceção única de Goulart – ainda assim muito vacilante –, por oligarcas fantoches e atualmente, da mesma forma, pelos oportunistas Luiz Inácio e Dilma Rousseff, devidamente rodeados, compartilhado e em composição com abjetas personagens de José Sarney, Renan Calheiros, Geraldo Alckmin, Sérgio Cabral, Eduardo Paes, Aécio Neves, Eduardo Campos, Marina Silva, et caterva.
São eles que, como expressão dos diferentes grupos de poder que se digladiam pelo controle da máquina estatal, se unem para aprofundar a subjugação nacional, para reprimir a luta popular, como agora com os projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional que penalizam os protestos populares e permitem o trânsito e a permanência no Brasil de tropas estrangeiras, leia-se do USA (Projeto de Lei Complementar 276/02, já aprovado na Câmara dos Deputados). Os ianques impuseram ainda ao Brasil a contratação da agência de recrutamento e aluguel de mercenários, denominada de Academiex-Blackwater, terceirizada como força paramilitar no Iraque e Afeganistão.
ONDE HÁ OPRESSÃO HÁ RESISTÊNCIA
Por mais desumanas que sejam as agressões contra o povo em forma de chacinas e assassinatos de moradores, de remoções, ocupações de favelas, despejos violentos e massacres no campo e na cidade, uma coisa é certa: a resistência popular cresce e se tempera nos embates de rua e no campo contra seus agressores.
De junho de 2013 até estes dias, temos assistido diariamente em todo o território nacional, a explosão da revolta popular em forma de queima de pneus e fechamento de vias, para apresentar a sua pauta de reivindicações imediatas. Aí quando os políticos se escondem e mandam a polícia, o povo vai entendendo que só colocando a questão do poder como reivindicação principal poderá atacar as causas os seus problemas, que para serem resolvidos de forma definitiva demanda uma revolução.
E, assim, vai amadurecendo rapidamente em sua cabeça que não vai ser através de eleição após eleição que as mudanças necessárias e desejadas chegarão. A ideia da revolução já não é algo distante no pensamento das massas, o que precisa chegar rápido até elas é a percepção da necessidade do principal instrumento para a revolução, o partido revolucionário do proletariado: o verdadeiro Partido Comunista.