ENTREVISTA COM O CANTOR E COMPOSITOR ALEXANDRE LEÃO

 “João Gilberto, meu maior ídolo, recebeu um CD meu enviado por Rosa Passos e me mandou um recado maravilhoso, pedindo inclusive que eu continuasse a cantar "suave desse jeito, de um jeito que ninguém mais canta", segundo suas próprias palavras, entre outros elogios... Quer mais do que isso, de João Gilberto?” (A.L.)

Nascido em Salvador (BA), esse talentosíssimo músico começou a cantar e tocar profissionalmente ainda adolescente. Apresentou-se nos melhores palcos da terra de Jorge Amado, até que sua música começou a romper fronteiras. Em 1989, com apenas 17 anos, teve a canção “Paiol do Ouro”, de sua autoria e de Olival Mattos, gravada por Bethânia. Nos últimos tempos, ele tem sido gravado por intérpretes como Ivete Sangalo, Lampirônicos, Belô Velloso, Ricardo Chaves e muitos outros. A música “Quando no meu peito bate”, composta em parceria com Manuca Almeida, integrou a trilha sonora da novela “Marcas da Paixão”, da TV Record, gravada pelo cantor/ator Eduardo Conde.

Já em 1998, viajou para a Europa, fazendo shows em Lisboa e Porto (Portugal) e Frankfurt (Alemanha). Participou do Prêmio Visa nos anos de 1999 e 2000, como cantor e compositor, e em 1998 como violonista acompanhante do trompetista Joatan Nascimento, tornando-se o único músico brasileiro a participar das três diferentes edições do “Visa”. Dessa forma, bem de mansinho, Alexandre Leão conquistou o Prêmio Copene Cultura e Arte – atual Prêmio Brasken –, através do qual gravou seu primeiro CD, “Minha Palavra”. Este disco foi lançado em dezembro de 1999 com uma apresentação no Teatro Castro Alves, em Salvador. O CD foi premiado também com o Troféu Caymmi de melhor disco 1999/2000.

Alexandre sempre projetou em suas músicas um apurado sentido literário. Não apenas as suas letras exalam poesia e imaginação, principalmente num país como o nosso que trata a cultura apenas como bem de consumo. Ou seja: quem consome boa música é quem tem alto poder aquisitivo. Mas as coisas estão mudando, pois o trabalho de Alexandre está impregnado pela boa expressão da experiência, de um modo vivo e profundo. Além de todo esse sucesso, Alexandre morou em São Paulo em 2002/2003, quando gravou seu segundo CD, pela gravadora Velas e conheceu a maravilhosa cantora Rosa Passos, passando a apresentar-se freqüentemente nos seus shows, em várias cidades do Brasil. Desde 2004, Alexandre divide-se entre São Paulo e a sensacional Arembepe, praia do litoral norte baiano, que fica a 30 quilômetros de Salvador, que já foi o reduto do grupo Novos Baianos (Moraes Moreira, Baby, Pepeu, Boca de Cantor e outros) nos anos 70.

Hoje, Alexandre faz parte de um grupo de novos e interessantes músicos que está mudando a cara da chamada música popular, principalmente na Bahia – onde as pessoas erroneamente acham que só existe música “pra levantar e bater palminhas”. E para completar, para alegria dos fãs, Alexandre está participando de mais uma trilha de novela, desta vez com a música "Está em suas mãos" (Alexandre Leão/Manuca Almeida), composta especialmente para a bizarra "Caminhos do Coração", da TV Record. Se a trama televisiva é uma bosta, pelo menos vale pela trilha. 
Com muito suingue, soul e simpatia, estes elementos compõem o estilo desse jovem cantor e compositor que funde sucessos da música baiana com uma percussão vibrante e dançante. Já consagrado no cenário nacional como um músico experiente e, para a felicidade dos fãs, mais um filme do Cinema Nacional terá canções de Alexandre na sua trilha sonora. Trata-se de "Falsa Loira" do diretor Carlos Reichenbach. E a pedido do maestro Nelson Ayres, responsável pela trilha do filme, Alexandre compôs "Nem anjo, nem animal" e "Nós dois e o luar", gravadas pelo ator e “projeto de cantor” Maurício Mattar no estúdio Mister Vox, Rio de Janeiro, com direção do próprio Alexandre.

http://www.jornalorebate.com/87/2_clip_image006.jpg “É difícil dizer o que mais amo na música, de tanto que eu amo a música e todas as maneiras dela existir. A música me salva, me transporta para outros mundos, me dá uma sensação plena de felicidade” – disse o talentosíssimo cantor e compositor baiano. Na foto ao lado, Alexandre com a também maravilhosa cantora Mariene de Castro, lançamento do CD “Alexandre Leão”, Salvador (2004).


E depois de Marina Lima, Dominguinhos, Margareth Menezes, Mônica Salmaso, Funk como Le Gusta, Carlos Fernando (ex-Nouvelle Cousine), Perla, entre outros – até a Daniela Mercury juntou-se ao time de estrelas da MPB que gravaram jingles criados ou produzidos por Alexandre. Daniela colocou voz numa criação de Alexandre para os produtos de limpeza Ypê, que está tendo uma forte campanha publicitária, com veiculação nacional. A propaganda é aquela em que uma dona de casa é surpreendida com a Daniela (numa micro saia justíssima) cantando atrás das prateleiras. Recentemente, Alexandre respondeu algumas perguntas na comunidade LITERATURA CLANDESTINA (Orkut) com exclusividade e generosidade (dado o tempo exíguo e os muitos compromissos de um artista popular dos mais competentes desse país). Agora, confira trechos da entrevista com Alexandre Leão.

ELENILSON – O que você mais ama na música?

ALEXANDRE – É difícil dizer "o que mais amo na música", de tanto que eu amo a música e todas as maneiras dela existir. A MÚSICA ME SALVA, ME TRANSPORTA PARA OUTROS MUNDOS, ME DÁ UMA SENSAÇÃO PLENA DE FELICIDADE. Fiz dela o meu ofício, meu objetivo, minha missão. Eu me encontro com a música quando estou triste e ela me conforta, quando estou alegre, para celebrar a vida, e ela está sempre comigo... Eu amo a música como um todo.

ELENILSON – Como você faz pra compor?

ALEXANDRE – Eu componho por muitas razões e de muitas maneiras diferentes. Comecei falando de mim, do mundo que e como eu via e do que sentia. A partir do momento em que ganhei parceiros, passei a dividir as minhas emoções com as deles, e gostei muito mais de trabalhar assim. Hoje componho até por encomenda, como em trilhas de filmes e em jingles, que se constituem no meu exercício mais constante de composição atualmente. 

ELENILSON – Misturar a música baiana, batizada então de axé, com outros ritmos nordestinos mais apelativos acabou jogando tudo numa vala comum de música de "baixo nível". Isso aliado aos preconceitos de uma chamada "inteligentzia" e à overdose da mídia (sempre pronta para os 15 minutos de alguém) acabou por embalar tudo num clima de "onda que já passou". Mas é inegável dizer também que já vivemos um período onde a criatividade musical produzida na Bahia andou em crise, tanto que durante alguns carnavais as músicas mais tocadas nos trios foram "importações", tais como "Erguei As Mãos" (Padre Marcelo Rossi) e "Anna Julia" (Los Hermanos). Com você encara essas coisas?

ALEXANDRE – Eu acho que há muito pouco espaço na Bahia para a música que não é feita simplesmente para "dançar", entreter, como a música de carnaval ou o pagode. Mas o mercado criado por esta "indústria do entretenimento" é uma coisa que tocou e beneficiou um número enorme de músicos, produtores, técnicos e outros profissionais de uma maneira inédita no Brasil fora do "eixo Rio/SP". Só isso já seria uma grande vitória, sem contar com os trabalhos de qualidade que surgiram dentro deste "bolo", como o do Olodum, Ylê Ayê, Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Timbalada e Ivete, entre muitos outros que, se vistos sem preconceito, têm um grande valor e mudaram a cara da música no Brasil dos últimos 15 anos sensivelmente.
 
ELENILSON – Você lembra qual o primeiro disco que comprou? O que te despertou em música?

ALEXANDRE – O primeiro LP que comprei, economizando o dinheiro da merenda da escola, foi aquele do Ritchie (será que se escreve assim mesmo?), um enorme sucesso de 1983, que tinha "Menina Veneno" e outras canções que tocavam muito no rádio naquela época. Eu tinha 11 anos. A música sempre esteve ao meu lado. Meu avô era clarinetista e maestro da Banda Militar do Exército aqui em Salvador e posteriormente em João Pessoa, onde faleceu.
Meu pai sempre tocou algum instrumento amadoramente e minha mãe ouvia MPB (Luiz Gonzaga, Bethânia, Caetano, Chico, etc) o tempo todo. Eu acho que já "despertei" com a música.

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“A voz de Bethânia, por exemplo, é algo que está no meu inconsciente desde bebê... (risos) e eu tenho a honra de ter sido gravado por ela duas vezes, inclusive a minha primeira gravação, em 1989, quando eu era ainda um adolescente de 17 anos”. Na foto ao lado, Alexandre na Casa das Rosas, São Paulo, com Xinho Rodrigues.


ELENILSON – Quem são os seus principais parceiros?

ALEXANDRE – Meu primeiro parceiro foi Olival Mattos, co-autor da minha primeira música gravada, "Paiol do Ouro", por Maria Bethânia, em 1989, quando eu tinha 17 anos apenas. Mas ele morreu jovem (aos 36 anos) em decorrência de problemas renais. Depois disso veio Jota Velloso, com quem tenho mais de 30 canções. Em 1996 encontrei Manuca Almeida, que tornou-se o principal parceiro. A palavra de Manuca mudou a minha música definitivamente. Temos mais de 50 músicas gravadas por vários intérpretes. Meu mais novo parceiro é o carioca Carlos Colla, com quem já tenho um número significativo de canções e já algumas gravações vão surgindo. Colla é recordista brasileiro de composições gravadas e é também o autor mais gravado por Roberto Carlos, com 28 músicas de sua autoria registradas pelo "rei". Outros parceiros: Targino Gondim, Mabel Veloso, Ivan Huol, entre outros.

ELENILSON – Como foi se lançar em São Paulo, já que a capital paulista já havia recebido as cantoras Vânia Abreu e Ione Papas, os Lampirônicos e, mais recentemente, o intérprete e compositor Tito Bahiense?

ALEXANDRE – O ano de 2003 foi difícil, principalmente para compositores como eu, que assistiram à queda vertiginosa de direitos autorais advindos da venda de CDs. Coisas da pirataria... Foi também o ano em que as grandes gravadoras admitiram a falência do sistema e que um novo modelo de relação artistas/gravadoras começou a se estabelecer de fato. No entanto, foi o ano em que eu fortaleci meus laços e meu afeto pela cidade de São Paulo, tão pródiga em receber e misturar gentes e coisas. Nesse ano gravei meu novo disco pela Velas, também trabalhei com minha querida amiga Rosa Passos numa série de shows em que aprendi com ela mais e mais sobre seriedade, simplicidade e compromisso com essa missão de levar música para alegrar o coração das pessoas.

ELENILSON – Quais dos seus antigos ídolos se tornaram atuais colegas?

ALEXANDRE – Nesse quesito eu sou um privilegiado. A voz de Bethânia, por exemplo, é algo que está no meu inconsciente desde bebê... (risos) e eu tenho a honra de ter sido gravado por ela duas vezes, inclusive a minha primeira gravação, em 1989, quando eu era ainda um adolescente de 17 anos. Rosa Passos foi um caso de amor à primeira audição e depois tornou-se uma madrinha, com quem tenho me apresentado, gravado, etc. Mais do que uma colega, tornou-se uma grande amiga. João Gilberto, meu maior ídolo, recebeu um CD meu enviado por Rosa Passos e me mandou um recado maravilhoso, pedindo inclusive que eu continuasse a cantar "suave desse jeito, de um jeito que ninguém mais canta", segundo suas próprias palavras, entre outros elogios... Quer mais do que isso, de João Gilberto? Que beleza, que maravilha... Na Bahia, meus maiores ídolos de garoto eram (e continuam sendo) Gerônimo e Lazzo. Ambos já cantaram comigo em algumas ocasiões e Gerônimo inclusive gravou uma participação especial no meu primeiro CD, "Minha Palavra". Isso sem falar que tive a honra de ser gravado pelas Família Caymmi de uma vez só... Nana, Danilo e Dori, este último arranjando minha canção "Pop Zen" para a novela "Essas Mulheres", da Record. Também gravaram músicas ou jingles meus: Margarteh Menezes, Marina Lima, Dominguinhos, Daniela Mercury, entre outros que se tornaram "colegas".

Site: www.alexandreleao.com
Contato: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
fotos: divulgação.

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