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Ohm… Ohm… Ohm… É repetindo o mantra na aula de ioga que crianças, com idades entre 5 e 11 anos, começam seu dia de estudo na AGC (Academy for Global Citizenship). As mãozinhas, eventualmente, ficam sujas de terra das atividades feitas na horta ou com as três galinhas poedeiras que essa escola charter, pública de administração privada, tem. Na instituição, que fica em Chicago (EUA), a preocupação com a sustentabilidade é tão central que o currículo tradicional é trabalhado sempre a partir de questões ambientais, painéis solares proveem parte da energia usada na escola, o lixo produzido é reciclado e as refeições são orgânicas. O objetivo de tudo isso é formar pessoas capazes de responder aos desafios que o mundo de hoje coloca.
“A AGC tem o propósito de capacitar os alunos para se tornarem cidadãos ativos, aplicar seus conhecimentos e habilidades para fazer impacto significativo no mundo”, afirmou a fundadora Sarah Elizabeth Ippel ao Porvir. No DNA da escola está a crença de que aprender a partir de processos naturais é a maneira mais eficiente de empoderar os alunos e fazê-los compreender a conexão entre as suas escolhas cotidianas e o bem-estar global e local. “A atual geração vai enfrentar desafios significativos relacionados ao meio ambiente. Ela precisará ter as habilidades necessárias para lidar com isso”, diz Sarah Elizabeth. Lançada em 2008, a escola ainda está em fase de implantação. Hoje ela tem 300 alunos da educação infantil ao quinto ano do ensino fundamental e a previsão é chegar a 750 matrículas do ensino infantil ao médio até 2015.
Para apoiar o trinômio ensinar-aprender-colaborar, que rege as atividades da escola, a AGC aposta numa metodologia baseada em projetos, em que a criança, não importa a idade, embarca em um trabalho de campo sobre algum assunto de seu interesse e tem o apoio do professor para que essa experiência de aprendizado seja enriquecida ao máximo. “O aluno pode estudar um tema relevante, como sistemas globais ou locais de alimentação ou ainda energias renováveis. Ele pode trabalhar na nossa horta orgânica, visitar uma fazenda vizinha ou ir para o nosso laboratório de energia solar”, exemplifica Sarah Elizabeth.
A busca por respostas do lado de fora da sala de aula ressalta outra característica prezada na AGC: a participação da e na comunidade. A escola procura envolver a vizinhança e os espaços não tradicionais de aprendizado no cotidiano das crianças. Os pais são constantemente convidados a participarem da vida escolar dos filhos, seja em atividades rotineiras seja em workshops sobre sustentabilidade.
“Nós temos muito prazer em fazer com que nosso modelo seja um recurso aberto e gostamos de dividir nossa inovação com escolas ao redor do globo. A AGC acredita que nada em educação tem dono”
O fato de a sustentabilidade aparecer transversalmente na grade dos alunos não significa que as crianças não tenham acesso ao currículo tradicional. “Nós temos exigência acadêmica elevada. Ensinamos o conteúdo do currículo, mas também habilidades como pensamento crítico, habilidade de resolver problemas, criatividade e colaboração
A proficiência dos alunos tem sido comprovada por bons resultados nas avaliações do governo. No ano letivo 2011-2012, que acabou em junho deste ano, a escola considerada de “nível excelente”, o mais alto de uma escala de três estágios. Tudo isso, nunca é demais ressaltar, em um ambiente em que cerca de 80% dos alunos é de origem hispânica e também cerca de 80% (não necessariamente coincidentes) é oriunda de família pobre.
A metodologia que Sarah Elizabeth vem ajudando a consolidar, acredita a educadora, é inovadora. Por isso mesmo, o método não pode ficar restrito ao uso dos alunos de Chicago. “Nós temos muito prazer em fazer com que nosso modelo seja um recurso aberto e gostamos de dividir nossa inovação com escolas ao redor do globo”, diz Sarah Elizabeth citando uma parceria com uma escola de Uganda. Esse espírito é verificado também no site da instituição. “A AGC acredita que nada em educação tem dono”, diz a instituição, ao apresentar as iniciativas que lideram para compartilhar o que vêm aprendendo, os sucessos e os fracassos.
* Publicado originalmente no site Porvir.
(Porvir)