"Com a comunicação pode-se fazer com que a escola entre em compasso com a vida do jovem. Mas, no geral, tanto no ensino público como no privado, a utilização de mídia e educação ainda não está integrada de forma a trazer benefícios", analisa.
O projeto de um ano com 14 jovens em 2008 resultou no documentário "Hoje Novamente Ontem" (parte 1, parte 2 e parte 3). Os estudantes de
16 anos participaram de toda a construção do vídeo, desde a escolha do assunto nostalgia, passando pela produção de música e filmagens, até chegar à busca de patrocínio para rodar o curta.
"A comunicação ajuda a educar para a complexidade do mundo. O trabalho que os jovens desenvolveram está mais relacionado com o olhar para este mundo, no qual a análise crítica é um dos elementos do processo, do que com a técnica para a produção do curta", explica Sayad.
O aluno do 3º ano do ensino médio da Escola da Vila, na zona oeste de São Paulo, Leonardo Carvalho Cordeiro, aponta que a forma engessada dos modelos pedagógicos nas escolas é algo estrutural. "Em grande parte das aulas, acho que estou perdendo tempo, porque penso que poderia estar fazendo algo melhor para minha formação pessoal, me inserindo em outros espaços além da escola, onde posso ter participação efetiva", diz.
O coordenador do Programa de Juventude e Meio Ambiente do Ministério da Educação (MEC), Rangel Mohedano, acredita que é preciso mudar.
"Contar com discursos de diferentes gerações - aluno e professor - proporciona uma ótima troca. Além disso, é necessário unir os processos de aprendizado e de construção política do sujeito, para ir além da reprodução dos mesmos modelos".
"O trabalho de desconstruir a linguagem dos meios de comunicação predominantes leva um tempo. Já na elaboração de pautas, é surpreendente a criatividade dos meninos e meninas", afirma Tiago Torres, educador do projeto Jovem de Futuro, que propõe ações para um modelo de gestão participativa nas escolas com o objetivo de diminuir da evasão no ensino médio.
Segundo Sayad, trabalhar a linguagem é mesmo um desafio dentro da escola. "Seria essencial que as instituições de ensino passassem a pensar projetos pedagógicos a partir da comunicação, para oferecerem ao aluno um espaço de autonomia e não de controle", ressalta.
"A informação não sai apenas como antigamente, da escola e da família para o aluno, mas da TV, redes sociais, games, mídias especializadas etc. Então, esse jovem tem muito a oferecer. Dar voz a ele torna mais interessante o ensino", conclui o secretário da Rede CEP.
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(Envolverde/Aprendiz)