Materiais didáticos estruturados (ou "sistemas de ensino") são cadernos, de uso individual, que organizam o currículo da escola e os conteúdos das disciplinas, aula a aula. Podem ainda orientar os professores e acompanhar o desempenho dos alunos, o que, na visão das pesquisadoras, otimiza o aproveitamento do tempo em sala de aula, favorece o estudo do aluno em casa e incrementa o domínio do conteúdo pelo professor. Isso explicaria a elevação da média das crianças na Prova Brasil e a melhoria do nível de conhecimento delas nas disciplinas avaliadas.
A grande diversidade de sistemas de ensino em uso pela rede pública traz a inevitável preocupação com a qualidade, necessariamente vinculada a um adequado projeto pedagógico e editorial, cuidadosa produção e revisão do conteúdo. Não cabe improviso, reutilização de materiais segregados ou adaptações de conteúdos planejados para outras finalidades. As soluções que atendem às necessidades da rede pública devem ser trabalhadas de forma precisa desde o planejamento editorial até a produção gráfica.
A ampliação da tendência apontada pelo estudo passa pelo apoio ao professor, com sugestões de temáticas para discussão com os alunos e atividades complementares que reforcem o aprendizado e sejam executadas de acordo com a disponibilidade e o ritmo de cada classe. Igualmente importante é a efetiva capacitação dos mestres, por meio de cursos e eventos de formação, que permitam contato com referências de sua área e troca de experiências com colegas.
Correção conceitual, clareza didática e atualização do conteúdo são indispensáveis. Reformulações e reedições periódicas garantem a contemporaneidade do material, apoiada por um portal que agilize o upgrade de informações e forneça subsídios para o trabalho cotidiano de estudantes e professores.
É enorme a responsabilidade dos fornecedores de conteúdo na gestão dos materiais estruturados, pois, como demonstra a pesquisa da Fundação Lemann, um número crescente de crianças tem sua vida escolar regida por eles. Cabe aos secretários municipais de educação avaliar as opções disponíveis e fazer escolhas com base em critérios pedagógicos. Essa parceria pode contribuir para melhorar o nível de ensino de nossa população, reduzir as desigualdades e abrir possibilidades de ascensão social.
(*) Fernando Almeida, biólogo e professor, é diretor editorial da divisão de sistemas de ensino da Editora Saraiva