Atualmente a situação do sistema educacional no Brasil é irregular e desigual. Dos três níveis de ensino escolar, apenas o fundamental é obrigatório, sendo dever do poder público disponibilizar vagas e obrigação do aluno frequentar as aulas. O Ensino Médio, nível preparatório para o Ensino Superior, embora disponível em muitos municípios, não é obrigatório, pelo menos por enquanto.
No Maranhão, por exemplo, cerca de 48% dos municípios não 
oferecem o Ensino Médio. Os jovens de regiões onde não há oferta dessas vagas 
devem migrar para um local onde possam freqüentar tais aulas. Mas nem sempre 
isso é possível. O resultado de casos como esse, somado à evasão escolar, é que 
no Brasil aproximadamente 2 milhões de jovens com idade entre 15 e 17 anos estão 
fora da escola, segundo informação do presidente executivo do movimento Todos 
pela Educação, Mozart Neves Ramos.
Mas o Projeto de Lei (PL) 7.409/06 
prevê, a partir do início do próximo ano letivo (2010), que a oferta de vagas 
para o Ensino Médio seja obrigatória e de responsabilidade dos estados. A 
proposta foi elaborada pelo senador do PDT (DF), Cristovam Buarque, e já foi 
aprovada pela Câmara dos Deputados em Brasília. Para entrar em vigor, basta 
apenas que o presidente Luís Inácio Lula da Silva sancione a lei.
De 
acordo com Maria Auxiliadora Seabra Resende, presidente do Conselho Nacional dos 
Secretários de Educação (Consed), a medida vai exigir um maior esforço dos 
estados em abrir vagas para regiões afastadas como comunidades indígenas, zonas 
rurais e em locais onde não há grande demanda por parte dos jovens. "A principal 
mudança é a responsabilização do poder público", diz professora Dorinha, como 
também é conhecida a presidente do Consed.
Um ponto de conflito é a não 
obrigatoriedade da matrícula. A nova medida garante acesso para todas as pessoas 
que queiram cursar o Ensino Médio, mas não exige que os jovens se matriculem. 
Para Dorinha, assim como a oferta das vagas, a matrícula também deveria ser uma 
exigência, já que a responsabilidade não é só do Estado, mas também da sociedade 
em se criar um pensamento coletivo de conclusão dos estudos.
Segundo o 
presidente do Todos pela Educação, antes de se exigir a matrícula é necessário 
prover um Ensino Médio motivador. "É importante que o estado oferte vagas para o 
ensino médio, mas o mais importante é criar um mecanismo motivador", declara. 
Ele informa ainda que cerca de 40% dos jovens que abandonam a escola, fazem por 
desmotivação. "É preciso mudar a cara do ensino médio no Brasil para que o jovem 
deseje estar na escola", sugere, acrescentando que os pais devem transmitir aos 
filhos a importância do estudo.
A solução, para  Mozart, é a 
implementação do ‘Ensino Médio Inovador’, uma proposta do Ministério da Educação 
(MEC) que disponibiliza este sistema para que as redes escolares possam aderir 
espontaneamente. Quando há interesse de um município ou um estado em adotar o 
sistema inovador o MEC assina parceria com as entidades 
educacionais.
Essa experiência já é vivida em Pernambuco nos Centros de 
Ensino Experimental. De acordo com ele, nessas unidades de ensino não há 
registro de evasão escolar. A diferença em relação ao ensino médio tradicional é 
que aumenta uma hora de aula por dia e prepara para educação profissional e 
tecnológica.
Outra dificuldade a ser enfrentada é em relação ao número de 
professores disponíveis, já que falta qualificação ou até mesmo profissionais. 
"Existe um déficit de 250 mil professores, metade na área de química, biologia, 
matemática e física", informa Mozart.
Já a presidente do Consed acredita 
que com a criação do piso nacional dos professores, um maior número de pessoas 
deve ser atraído a seguir carreira docente, o que minimizaria o 
problema.
Para Mozart, deve haver uma mudança na mentalidade dos 
docentes. Ele sugere que a forma de ensinar seja criativa e associada à vida 
real, para despertar maior interesse nos alunos.
Entre os países da 
América Latina o Brasil é o que apresenta o menor número de anos de estudo. 
Enquanto nos demais países a média é de 13 anos, no Brasil o número cai para 9 
anos de estudo obrigatório.
* Jornalista da 
Adital
(Envolverde/Adital)

  




























