A notícia saiu no blogue do Josías de Souza: Dilma ‘empurra’ Lobão para cadeira de Sarney e quer gestão técnica na área de Minas e Energia (vide aqui).
As opiniões e avaliações do Josías não o fazem merecedor de nossa admiração, mas bem informado sobre os bastidores da corte, lá isto ele é. Então, é possível que sua dica de cocheira esteja certa:
"Dilma executa dois lances: empurra Lobão para a poltrona de presidente do Senado e prepara a entrega da cadeira de ministro de Minas e Energia para [Márcio] Zimmermann, o segundo da pasta, personagem de sua irrestrita confiança".
Sei que de nada adiantará pois, na política oficial, a fidelidade aos princípios e à própria história de vida hoje têm o mesmo valor que o José Serra atribui aos papelzinhos por ele firmados, mas reafirmo a posição assumida em 14/10/2008, no artigo Ministro de Lula enaltece a ditadura militar (vide aqui): para antigos resistentes e perseguidos políticos, Lobão já era inaceitável como ministro e o será mais ainda como presidente do Senado.
Eis o que escrevi na época (hoje não mudaria uma vírgula ...):
"Em nome dos valores que nortearam sua criação e afirmação, o Partido dos Trabalhadores não pode omitir-se diante das declarações que o ministro de Minas e Energia Edison Lobão acaba de dar, enaltecendo a ditadura militar.
Em nome da coerência com os princípios democráticos e valores civilizados, que tem por missão defender, o Governo Lula precisa exonerá-lo o quanto antes.
Qualquer outra atitude representará o atestado definitivo de falência moral e política, tanto do PT quanto do Governo Lula.
Participando de um evento em SP, [o ministro Edison] Lobão fez elogios entusiásticos ao ditador Ernesto Geisel e ao regime militar, que, para ele, "foi um momento em que o Brasil reencontrou seu futuro, sua vocação para o desenvolvimento."
Segundo Lobão, aquela fase de torturas e genocídios não deve nem mesmo ser qualificada como ditadura, pois 'ditadura mesmo foi com o Getúlio [Vargas]'.
Para o ministro de Lula, o período de arbítrio mais recente não passava de 'um regime de exceção, autoritário, com Constituição democrática, que fazia eleições regularmente'.
Deu para entender? 'Regime de exceção, autoritário', todos sabem, equivale a ditadura. Lógica também não é o forte desse ministro que começou na Arena (partido de sustentação do regime militar), passou pelo PFL/DEM e agora é um dos representantes do PMDB no Governo Lula.
As eleições feitas 'regularmente' (ou seja, nem sempre, pois podiam ser suspensas por ordem da caserna) não impediam que os eleitos fossem destituídos, quando não se vergavam suficientemente aos tiranetes de plantão. Até governadores acabaram defenestrados e o Congresso Nacional várias vezes esteve fechado para expurgos.
Afora, claro, o fato de que durante 21 anos o Brasil teve seus presidentes da República eleitos 'regularmente' pela alta oficialidade militar e mais ninguém.
Finalmente, a tal 'Constituição democrática' tinha o nome alternativo de Ato Institucional nº 5..."
- Celso Lungaretti (*)
- Editorial