Foi de um ridículo atroz o auê que a revista Playboy armou para promover sua edição de aniversário, fazendo circular a informação de que a principal entrevistada, a cantora Sandy, afirmara ser possível sentir-se prazer com a sodomia.
Ademais, foram escaladas celebridades para, com suas declarações, darem maior quilometragem à besteirinha.
A escolha de Sandy para a jogada rasteira foi, obviamente, inspirada no espanto (choque de imagens) causado por sua participação nos comerciais da cerveja Devassa. Ou seja, venderam o mesmo peixe pela segunda vez. Já tinha apodrecido.
É lamentável uma moça que sempre nadou em dinheiro haver se prestado a um papelão desses para reerguer uma carreira artística em baixa. Não teve sequer a atenuante da necessidade.
Quando rolava o diz-que-disse, Sandy negou ter declarado exatamente o que a revista plantou no noticiário e na internet... mas, claro, evitou colocar os pingos nos ii, porque não convinha. Era preciso deixar o escândalo (fabricado a quatro mãos) render mais um pouquinho.
Só quando o assunto já tinha esfriado ficaram conhecidas a pergunta e a resposta que realmente sairiam publicadas na revista:
Playboy - Dizem que as mulheres não gostam de sexo anal. Você concorda com isso?
Sandy - Então... Não tem como não responder isso sem entrar numa questão pessoal. Mas, falando de uma forma geral, eu acho que é possível ter prazer anal. Sim, porque é fisiológico. Não é todo mundo. Deve ser a minoria que gosta.
Ou seja, tudo não passou da mais descarada manipulação. Fizeram uma tempestade em copo d'água, mas deixaram o terreno preparado para desbaratinarem depois de atingido o objetivo.
Devem achar que o distinto público tem a idade mental de crianças: "enganei o bobo/ na casca do ovo...".
A indústria cultural fede.
* Jornalista e escritor. http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com
- Celso Lungaretti (*)
- Editorial