Está na Folha de S. Paulo:
"O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem que a proposta de acabar com o sigilo eterno de documentos -- incluindo os do período da ditadura militar -- não deverá encontrar resistência nas Forças Armadas. Isso porque, afirmou, esses papéis já 'desapareceram'.
'Não há documentos, nós já levantamos os documentos todos, não tem. Os documentos já desapareceram, já foram consumidos à época', afirmou Jobim".
Ele só errou o último verbo: os documentos não foram consumidos, mas sim sumidos. Para bom entendedor, são três letrinhas que fazem toda a diferença.
Até a reportagem da Globo já flagrou esses arquivos queimados: os registros do nosso feio passado transformados em cinzas, no final de 2004, na Base Aérea de Salvador.
Então, o que Jobim realmente disse é: foi concluída a destruição sistemática das provas de atrocidades da ditadura de 1964/85.
Além de tornados impunes pelo Supremo Tribunal Federal, os criminosos talvez escapem também de ser expostos à execração pública, como merecem.
Tratou-se da versão tupiniquim de Fahrenheit 451 (d. François Truffaut, 1966), aquele filme sobre bombeiros incumbidos de destruir livros numa sociedade totalitária do futuro.
Só que o enredo, desta vez, não tem intenções críticas, mesmo porque não foi criado por um defensor da cultura e da civilização, como é o caso de Ray Bradbury.
Muito pelo contrário.
Infâmia virtual
http://youtu.be/ja_Q3Ngnldc - este endereço continua dando acesso a um grotesco vídeo difamatório, que ataca, da maneira mais vil, a memória de Carlos Lamarca, herói do povo brasileiro.
Até quando seremos tão ingratos com os que entregaram sua vida na luta contra a tirania?
* jornalista e escritor. http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com