Os últimos acontecimentos no mundo árabe só surpreendem mesmo àqueles contingentes desnorteados da esquerda que queriam reduzir os intrincados dramas da região à velha ótica da guerra fria, alinhando-se com quaisquer tiranetes que adotassem retórica anti-EUA e anti-Israel.
Como Paulo Francis já dizia há uns 40 anos, os governantes autocratas e feudais do Oriente Médio jamais se unirão para travar uma guerra vitoriosa contra Israel, pelo simples motivo de temerem mais a revolta das massas contra seu despotismo do que qualquer outra coisa.
Então, a esperança, em todos os sentidos, repousa nas massas que se revoltam, não nos podres poderes estabelecidos.
E nós, revolucionários, temos mais é de nos colocar sempre e incondicionalmente ao lado do povo, dos humildes, dos injustiçados, dos explorados e dos excluídos -- pois é para isto que existimos, não para negar-lhes liberdade (ou, até, um salário-mínimo menos aviltante...).
Há um tipo de realismo político que jamais poderemos adotar e com o qual jamais poderemos nos acumpliciar, sob pena de deixarmos de representar, aos olhos de quem realmente importa para nós, a esperança num mundo melhor.
* Jornalista e escritor. http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com
- Celso Lungaretti (*)
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