...Com brasileiro não há quem possa.” O que parecia ser uma conquista do País, um atestado de maturidade em todos os sentidos, transformou-se num pesadelo sem tamanho, de custos absurdos (“o dinheiro da corrupção volta com os turistas”, frase do filósofo Pelé) e ameaça levar o futebol brasileiro à total esculhambação, seja entre dirigentes, seja na própria mídia.
Uma fogueira de vaidades.
Podemos e devemos até ser campeões do mundo pela sexta vez. Temos uma comissão técnica brilhante, jogadores de alto nível, o que prova que Flávio Costa estava certo quando disse que o “futebol no Brasil evoluiu da boca do túnel para dentro”.
Jogadores são escravos de um calendário que favorece a interesses de dirigentes, clubes estão falidos nesses interesses e no controle que o grupo GLOBO exerce sobre o esporte (muda horários de jogos para não atrapalhar a apresentação de novelas).
Dilma Roussef manifesta receio de comparecer à solenidade de abertura e ser vaiada. A repercussão seria péssima, no justo momento que começa o processo eleitoral, a campanha propriamente dita.
A histeria que tomou conta de vários setores da mídia beira o ridículo. Um desses comentaristas que sabe até a hora de nascimento de cada jogador, em qualquer transmissão, além de buscar manter a supremacia sobre os demais “experts”, só falta dizer o horário em que o atleta foi concebido.
O futebol, nesse sentido, está ficando chato. Comentaristas, em sua maioria, se transformaram em professores do assunto e o que menos importa é o espetáculo, mas a “sabedoria” dos leitores de táticas e seus nuances ao longo de um jogo.
Um exemplo disso foi o clássico pela Liga dos Campeões entre Atlético Madrid e Chelsea, onde dois comentaristas se revezaram no bombardeio ao telespectador com inutilidades despropositadas e que acabaram sendo definidas pelo ex-jogador Sorin, do ramo, ao dizer que “o jogo foi chato”. Chato o jogo, chatas as interpretações da dupla que comentou.
Que falta faz João Saldanha. Que falta faz Nelson Rodrigues para dizer que estava escrito há cinco mil anos e acrescentar sua célebre frase que “a maior explosão os últimos tempos foi a de idiotas”.
Sobram Jucas Kfoury para dizer que Serra é o homem é que Aébrio é um novo Collor, viciado em drogas, como o fez em 2010, tirando o mineiro do páreo e agora, provavelmente, vai votar no mineiro como bom tucano que é. Sem falar que a eleição do novo presidente da CBF – Confederação Brasileira de Futebol – consagrou a intervenção estrangeira no esporte, o eleito é paulista.
Cada área do jornalismo tem a Eliane Catanhede que merece.
O quadro de árbitros da CBF, por exemplo, pior que lástima. Juízes medrosos, ou torcedores a decidirem campeonatos (o do Rio e o de Minas), além da incompetência geral do homem do apito nos últimos anos.
Não deve ter um juiz brasileiro na copa do mundo. E olha que já tivemos juízes apitando duas finais e uma semifinal.
Há um clássico processo de transformação do futebol brasileiro num dos maiores negócios do mundo e fator de atração de máfias diversas. Ou como diz o sábio Ronaldo, “não se faz copa construindo hospitais”.
Vale lembrar Juca Chaves, “vença ou não vença o Brasil é o maioral”.
A copa do mundo virou um espetáculo grotesco, mas fora do campo. Dentro do campo é detalhe.
- Laerte Braga
- Editorial