Foi o último governador sério que o Rio de Janeiro teve. De lá para cá só bandidos. Moreira Franco, hoje ministro de Dilma. Marcelo Alencar, Garotinho, Benedita da Silva, Rosinha Garotinho e agora Sérgio Cabral.
A GLOBO, uma das grandes sonegadoras do País tomou posse do carnaval, moldou o desfile de escolas de samba ao seus interesses e dos patrocinadores, transformou-o em poderosa arma política de pressão sobre as escolas, como fez do desfile de escolas de samba uma festa das elites. Camarotes onde a preocupação é quem beijou quem, ou quem comeu quem.
As ligações do poderoso Boni antecedem ao desfile da escola de samba Beija Flor, onde enfiou atores e atrizes globais na “homenagem” paga e contratada que lhe foi prestada.
O carnaval carioca virou uma farsa global. Farsa que alguns críticos preferem chamar de espetáculo de silicone, de show de alienação no processo que lhe é peculiar e se insere no todo do grupo Marinho.
As raízes do samba, esse ritmo brasileiro que de fato ganhou o mundo, se encontram nos gritos de liberdade dos negros. Como o boxe, o jazz e o blues no grito dos negros norte-americanos. Não importa que alguns dos mais prestigiados compositores sejam brancos, caso de Noel, de Chico Buarque e outros.
O que importa é que Fátima Bernardes esteja reluzente na avenida e seja capaz de disputar o brilho das escolas e dos sambistas com os que assistem do lado de cá da telinha.
Que sejam ditas bobagens técnicas ao longo do desfile, isso é irrelevante. O telespectador é condicionado a acreditar nessas bobagens e a se transformar num parceiro das mesmas no quesito júri popular.
As vaias aos globais no momento inicial do desfile da Beija Flor devem ter espantado alguns ícones da televisão, acostumados ao assédio e aos aplausos.
Escolas de samba já foram poderosos instrumentos de reflexo da realidade brasileira, de críticas políticas, sociais e o próprio samba, o desfile, já sofreu mudanças decorrentes do brilho de figuras como Fernando Pamplona, substituído pelo delírio de proprietários globais do instante de show, de espetáculo, de uma sociedade carcomida exatamente pelo espetáculo, corretamente definido por Débord.
Joãozinho Trinta, um paraense que começou com Pamplona no Salgueiro, terá sido o último a entender o carnaval como festa popular, até no esplendor de suas criações.
Existe um esplendor esplêndido e um esplendor medíocre.
É o que temos hoje, com algumas exceções.
É hora de repensar esse modelo global, essa vestimenta que as elites impuseram a uma festa popular, numa certa medida, o momento de se “baianizar” o carnaval clássico, vamos usar essa expressão, das escolas surgidas nos morros e tecidas por costureiras e costureiros da mais legítima alegria popular.
Não é a grotesca figura de Sérgio Cabral, bêbado, beijando o prefeito Eduardo Paes.
Que os protestos de Martinho da Vila ressurjam nos próximos anos e que os homenageados não sejam aqueles que pagam ou cobram suas presenças em imensas alegorias que não passam de monstros a exibir caquéticas figuras de um modelo podre e que não tem nada de popular.
“Mangueira teu cenário é uma beleza/que a natureza criou ô ô/...todo mundo te conhece ao longe...”
A GLOBO não tem nada a ver com uma festa popular desse porte. Tem a ver com o troca troca dos camarotes. Só, mais nada. Transformou o real espetáculo em mero adereço.
O que é um samba enredo hoje? Os arranjos de sambistas pisoteados por diretores e especialistas, nada além disso.
Esse é o carnaval da GLOBO, como essa é a GLOBO em tudo e por tudo um câncer em todo o tecido político, social e cultural do Brasil.
E parafraseando Washington Luís, “ou o Brasil acaba com a GLOBO, ou a GLOBO acaba com o Brasil”.