É só uma tentativa de colocar a presidente Dilma Roussef, ora de joelhos em Davos, numa enrascada criada pelo preconceito das elites paulistas, das mais atrasadas do Brasil e com certeza a mais pretenciosa.
Shopping virou propriedade particular lato senso, a justiça em boa parte já reconhece isso e para entrar nesses templos e preciso mostrar cartão de crédito com bom saldo, estar vestindo roupas de marcas e não assustar a classe média que se delicia lambuzando-se de pedaços de pizza. Ou requintados cachorros quentes com nomes estrangeiros e grife de batata frita inglesa sob as bênçãos de sua majestade The Queen, no delírio de um passado do reino onde o sol não se punha e hoje é uma grande Disneylândia, principal colônia norte-americana na Europa.
Guardadas as devidas proporções, a classe média brasileira morre de fome, mas conhece o Mickey e já viu os guardas de sua majestade. Não faz a menor diferença entre um e outro.
Costuma celebrar com pagode e sertanejo.
Rolés em shoppings não são, necessariamente, um movimento com corpo ideológico definido. É puro protesto de excluídos e marginalizados de um império que vai tomando conta do País e se manifestando cada vez mais poderoso.
Afasta determinadas parcelas da população.
Tem o enorme prédio da FIESP – Federação das Indústrias de São Paulo – para se proteger em caso de revolta e adora tortas mesmo que azedas. Importante é a pose.
Cheira Avon. Aquele que bate a sua porta.
Transformar rolés em motivo de intervenção da guarda nacional, participação do governo federal, só pode sair mesmo da cabeça de um tucano, imaginando transferir responsabilidades e deveres que são do governo estadual, o de garantir o livre trânsito de cidadãos, todos, em áreas públicas e exceto para alguns juízes shoppings são áreas privadas.
Não se fala no role de Joaquim Barbosa pela Europa, com diárias que totalizam 14 mil reais. E que o ministro diz que “é bobagem discutir diárias”. Como é bobagem discutir se o apartamento de Miami, através de fraude fiscal, foi comprado de fato, ou doado a troco de sentença.
A mídia se indigna com a ousadia de jovens negros, de homossexuais, de prostitutas, de não brancos, em buscar frequentar os mesmos ambientes que a classe média.
Esse episódio, ou esses episódios, lembram o pai de um dos delinquentes que agrediu uma faxineira para roubar seu celular e seu dinheiro e comprar drogas, a pretexto de estar agredindo uma prostituta e limpando o bairro, Barra da Tijuca no Rio. Segundo esse pai seu filho não poderia ficar preso junto a bandidos comuns, pois estudava direito, tinha educação diferenciada e era branco.
É exatamente isso, preconceito.
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