Verioca nasceu perto de Clermont-Ferrand, no centro da França, e mora há mais de 10 anos em Montpellier, no sul do país, perto do mar. Aurélie nasceu e vive em Paris. Ambas não têm ligação familiar com o Brasil, mas são apaixonadas por música brasileira. Falando bem o português e cantando sem sotaque, as francesas apresentam ritmos como samba, choro e baião, em seu país e outras partes, e se declaram grandes apreciadoras da riqueza da música brasileira.
— Toco música brasileira há 30 anos, que hoje é mais que uma inspiração para mim. Já virou a minha música. Começou quando estudei violão clássico no conservatório. Vi algumas obras de Villa Lobos, Tom Jobim. Logo depois descobri a pianista e cantora Tânia Maria. Soube imediatamente que era este tipo de música que queria tocar. Desde esse tempo comecei a estudar e nunca parei — conta Verioca.
— Hoje, além do meu violão de 6 cordas e da minha voz, toco percussões: surdo, pandeiro, tantan, repinique, alfaia, tamborim e outros. Também cavaquinho e violão 7 cordas. Toco em vários grupos de música na França, a maioria de música brasileira: Madrugada que faz samba, Choro Sorrindo de choro, Guaraná Sambade afro-brasileira, Onda Maracatu de maracatu. Mas também toco com cantoras de canções francesas ou grupos de crianças — continua.
Já Aurélie, que faz voz e percussões, teve seu primeiro contato com música brasileira aos 14 anos de idade e logo se entusiasmou·
— Ouvi um disco de Chico Buarque e a gravação ao vivo de Vinicius com Toquinho e Maria Creuza de En la fusa. Depois comecei a cantar a música de Michel Legrand e standards de jazz, mas nas partituras do Real book queria sempre cantar os temas brasileiros. Até que em 2003 encontrei um professor muito querido, o Eduardo Lopes, que mora na França e faz oficinas sobre música brasileira — conta Aurélie.
— Foi graças a ele que desenvolvi essa minha paixão de uma forma muito profunda, longe dos clichês. Para mim, não tem nada igual a riqueza da música brasileira. Os ritmos, as harmonias, a poesia das letras. Isso tanto os compositores antigos, quanto a nova geração. Estou sempre descobrindo novos talentos a cada viagem e também graças à internet, que hoje em dia é uma fonte incrível para quem mora longe — continua.
— Guinga, Joyce, Edu Lobo, Djavan, Toninho Horta, Filó, João Bosco, Nelson Cavaquinho, Dona Ivone Lara, Fátima Guedes, Rosa Pasos, Les étoiles, Eduardo Gudin, Mônica Passos, Leny Andrade, Eduardo Gudin, Egberto Gismonti, Helio Delmiro, Elton Medeiros, Sueli Costa. Me sinto também muito influenciada pelos pássaros brasileiros — acrescenta Verioca.
UM POUCO DE BRASIL NA FRANÇA
Segundo as francesas, Além des nuages, novo cd da dupla, tem influência de todos esses artistas, sem distinção de gênero, época ou estilo.
— A música brasileira é sofisticada, mas também acessível, grave e dançante. Ela tem uma riqueza harmônica, rítmica e melódica incríveis. Então foi natural a ligação dessa música com o esse álbum. A música que fazemos fala de nós mesmas. Ela fala de amor, de esperanças, desilusões, alegrias, culinária e de fé na vida e nos encontros — afirmam as francesas, acrescentando que normalmente Aurélie escreve as letras e Verioca faz a música.
— Recentemente estivemos no Brasil para uma turnê com várias apresentações. Os shows tiveram o mesmo repertório que apresentamos na França, a nossa música tem baião, bossa nova e samba em qualquer lugar do mundo. Apenas invertemos a proporção de línguas: na França apresentamos as músicas em francês com umas palavrinhas em português no meio, no Brasil fizemos o inverso— explica Aurélie.
— Tento adaptar minhas piadas em cada país, e gostamos de homenagear um compositor diferente em cada lugar onde nos apresentamos. Assim tocamos uma música de Milton Nascimento em Minas, uma de Eduardo Gudin em São Paulo. E no nosso repertório tem sempre umas músicas de Guinga, que é muito importante para nós desde o começo da nossa parceria — acrescenta Verioca.
No momento a dupla está com shows pela França e planeja voltar ao Brasil.
— Apreciamos muito o Clube do Choro de Paris. Fizemos apresentações mais ligadas ao choro em Marselha e Paris com o duo Luzi Nascimento, um outro duo franco-brasileiro, de bandolim e 7 cordas, com um repertório autoral e também de grandes compositores, como Jacob do Bandolim, Pixinguinha e Ernesto Nazareth. — fala Aurélie
— Fizemos recentemente a abertura do show do Casuarina em Paris. Entre outras, cantamos Viver é ser feliz que gravamos com ele no nosso disco. E tivemos participação no show deles cantando "certidão" que é muito importante para nós, por falar do fato do samba não ter fronteiras e não precisar de certidão. Em novembro próximo estaremos no Brasil para continuar nossa turnê brasileira —finalizam as francesas.
Para contatar Aurélie e Verioca: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.