Surge em outubro de 2013, no Complexo de Favelas de Manguinhos (Rio de Janeiro), o Experimentalismo Brabo, um coletivo de provocação artística, que atua preferencialmente em favelas e asilos. O grupo inicia sua atuação nas comunidades de Manguinhos e no Abrigo do Cristo Redentor, em São Gonçalo.
Composto por profissionais de arte, cultura e saúde, o Experimentalismo Brabo tem o desafio de propor intervenções artísticas que permitam a reflexão sobre cultura da paz, solidariedade, afeto e cooperativismo. O nome do coletivo representa ainda um desejo de experimentar diversas linguagens artísticas neste processo. As atividades do grupo são desenhadas para a escuta do oprimido. É preciso ouvir a voz de quem não tem canais de expressão, de quem já perdeu o direito de sonhar que pode ser melhor, de quem já não acredita mais nas práticas solidárias e cooperativistas e na construção de um arranjo de sociedade orientado por uma cultura de paz.
Brincação, passeio e Afeto Brabo são algumas das atividades
Pensar como a arte pode ser trabalhada numa perspectiva de escuta, este é o principal desafio do passeio brabo, uma caminhada brincante onde a proposta é interagir com todos os passantes, há braços e afeto: a perspectiva braba do passeio está em beber dessa água, que é gente. Os passeios brabos orientam outra atividade proposta pelo Coletivo, a brincação: o ato de brincar. Vários são os signos representados no brincar: além do espaço e meio em que se vive, o indivíduo representa suas vivências nas brincadeiras, sejam elas alegres ou tristes. Criança que “brinca” é no futuro adulto com maior eixo criativo e com mais capacidade para resoluções pra seus problemas.
A paz pode começar nas brincadeiras. Entendendo a afetividade como o principal caminho para a cultura da paz, brincar para nós é uma “experiência que não acaba nunca”. A perspectiva do afeto é discutida ainda na intervenção afeto brabo, onde o coletivo apresenta sua proposta de atuação.
No Complexo de Favelas de Manguinhos o Experimentalismo Brabo atua de forma voluntária, já no Abrigo do Cristo Redentor, conta com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. Sob a responsabilidade técnica da bibliotecária Karen Guimarães, o coletivo desenvolverá o Projeto Geração da Leitura, que prevê atividades culturais e artísticas que valorizem a memória e a história de vida dos idosos asilados.
Contatos:
http://www.facebook.com/ebrabo
Coordenação geral: Leo Salo – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. (991514570).
Responsável pelo Projeto Geração da Leitura: Karen Guimarães – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. (988021598)Participação do Ebrabo no XI Congresso da Rede Unida
Inervenção – XI Congresso Internacional da Rede Unida
Cléo Lima e Leo Salo representaram o Coletivo Experimentalismo Brabo no XI Congresso Internacional da Rede Unida, realizado em Fortaleza-CE, entre os dias 10 e 13 de abril. Com o tema central: “Girar Vida, Políticas e Existências: a delicadeza da Educação e do Trabalho no cotidiano do SUS”, o evento visa contribuir propositivamente com os processos de mudança na formação e desenvolvimento de profissionais da área da saúde, bem como na transformação do modelo de atenção à saúde e na busca da consolidação do Sistema Único de Saúde em seus princípios e diretrizes. A dupla realizou uma intervenção durante a abertura e participou de uma távola com a pesquisadora Ermínia Silva.
Além da intervenção artística e da távola, Salo e Cléo apresentaram dois trabalhos sobre a atuação do Experimentalismo Brabo, um sobre o Projeto Geração da Leitura e outro sobre a criação do coletivo:
XI Congresso Internacional da Rede Unida
GERAÇÃO DA LEITURA: UM EXPERIMENTALISMO BRABO SOBRE CULTURA, LEITURA E MEMÓRIA COM IDOSOS E CRIANÇAS EM SÃO GONÇALO-RJ
Autoria de Leo Salo e Karen Guimarães.
Resumo. Promover saúde para a terceira idade inclui o pensar sobre maneiras de reforçar a pessoa idosa como única e expressiva, valorizando sua experiência e cultura, elevando sua autoestima. Um dos principais problemas encontrados principalmente em instituições de longa permanência para idosos é o abandono de si mesmo. Por meio de arte e cultura, o presente projeto trabalha numa perspectiva de atuar na reflexão sobre estes problemas. O conhecimento de mundo registrado na literatura pode ser usado para dialogar com as histórias de vida dos idosos, em atividades lúdicas que promovam ainda o diálogo entre gerações. Dado que o ato de leitura não corresponde unicamente ao entendimento do mundo do texto, seja ele escrito ou não, entende-se que a leitura carece da mobilização do universo de conhecimento do outro – do leitor – para atualizar o universo do texto e fazer sentido na vida, que é o lugar onde o texto realmente está. Neste sentido, observa-se uma possibilidade de inovação em termos de memória e história oral, ao reconhecer o idoso como ser único e expressivo, dotado de experiência de vida e de uma bagagem cultural pouco aproveitada. Trata-se aqui, portanto, de valorização da história oral, da memória da solidariedade e da cultura da paz, como elementos passíveis de serem incorporados em atividades lúdicas e rodas de leitura. Todavia, descortina-se de forma concomitante ao diálogo entre gerações, um protagonismo dos idosos abrigados, não em perspectiva de uma prática assistencialista, mas sim na avidez pelo reconhecimento de uma instituição de longa permanência para idosos localizada no município de São Gonçalo, o Abrigo do Cristo Redentor, como um importante repositório cultural.
Cléo Lima
EXPERIMENTALISMO BRABO: UM COLETIVO DE PROVOCAÇÃO ARTÍSTICA NASCIDO NO COMPLEXO DE FAVELAS DE MANGUINHOS, RIO DE JANEIRO
Autoria de Leo Salo, Cléo Lima, Catia Nascimento e Felipe Eugênio.
Resumo. As inquietações que permitiram a criação do Coletivo Experimentalismo Brabo começam a tomar a forma de uma proposta de atuação a partir da interação entre integrantes do Ecomuseu de Manguinhos (Rede CCAP) e do Projeto CAIS (ICICT/FIOCRUZ e Cooperação Social/FIOCRUZ) ocorrida naturalmente diante da parceria entre as duas ações para a realiiação de atividades no território de Manguinhos, Rio de Janeiro. O que as pessoas de Manguinhos tem a dizer pro mundo? Que mundo se pode construir a partir do imaginário local? Como fazer a vida ser diferente porque vista pelo ângulo da solidariedade? Como promover a paz e o amor para o enfrentamento à cultura da indiferença e da reprodução cultural? É possível ver a arte colaborar para a construção de um horizonte contra hegemônico, que supere a cultura da violência e do individualismo? Face a estas inquietações, surge em 2013 o Experimentalismo Brabo, um Coletivo de Agitação Artística e Cultural que inicia sua atuação em territórios favelizados, e, originalmente, no complexo de favelas de Manguinhos. Buscando ser um movimento de intervenção cultural que trabalha com arte, esse coletivo aponta como ponto de chegada de sua atuação a emersão de simbologias contra hegemônicas para superação do que constitui um território de exceção. A partir da concepção inicial, profissionais da área da saúde foram convidados a participar desta nova iniciativa, que começa a tomar forma a partir da incubadora de projetos do Ecomuseu de Manguinhos.
Os anais do evento estão disponíveis na Revista Interface – Comunicação, Saúde, Educação ISSN 1807-5762 – Suplemento 3, 2014.
Mais fotos da participação do Ebrabo no XI Congresso Internacional da Rede Unida podem ser vistas no Facebook.