Ela é feita delas, dores pequenas, mas constantes. Dores de abandono, desamor, indiferença, ódio... dores de ontem e de hoje...
Como são tolas essas frases feitas sobre o passado... Esqueça, ele não pode ser modificado, o que importa é o hoje... Tolamente as pessoas não percebem que o hoje foi construído sobre os alicerces do ontem, assim, ele se faz presente... seus resultados estão aqui, no agora. O que somos persiste com o sabor de ontem...
Ela está triste, tristeza a qual está absolutamente habituada.... Rejeição e abandono fazem parte de sua história, desta forma, não há novidade no que sente...
Ela abre a porta da casa, coloca os fones no ouvido, pega a mochila e sai para a rua. Precisa se ver em espaço livre, olhar o céu e não espiá-lo pela janela... Ela precisa de espaço, nem que seja por algumas horas... Dói, dói... e mais, incomoda... Ela não se importa muito com a dor, mas o incomodo... essa coisa de ter um cisco no olho, uma farpa na mão, uma pedra no sapato, isso ela não sabe como superar...
Mulher curiosa esta, ela supera a solidão, supera a doença, supera tudo, menos esses pequenos espinhos que outros consideram tolices... Talvez ela se apegue às tolices para poder ter forças para superar o que é sério... Talvez...
Hoje ela está andando se rumo pelas ruas, pensa no que tem acontecido em sua vida... Nos topos e vales, nos rios e lagos... Ela quer mais que isso, ela deseja o mundo... mas o mundo não a deseja... rejeição...
Um ônibus, quem sabe está nele a solução.. A freada a traz de volta a realidade... Não, não é esta a solução... talvez amanhã, ou depois de amanhã , na sua cidade, no seu lar... talvez ali seja o momento de decidir...
(Diário de uma Mulher)