Ela se relacionava com homens de forma virtual. Um de cada vez na maioria das vezes, outras dois ou três. Eles falavam de tudo: livros, música, viagens, seus hobbies, a família... as dores e amores do passado... Iam criando aquele tipo de intimidade superficial.. sabiam muito um do outro, mas nada sabiam na verdade... Ela poderia estar mentindo, ele poderia estar mentindo.. No entanto, decidira que isso não importava, naquele momento, ela e ele eram um par, com as mesmas necessidades, sonhos e talvez mentiras...
Eles vinham e partiam logo, algumas semanas, uns meses.. Ela nunca os conhecera pessoalmente, na verdade não tinha interesse nenhum em suas aparências.. apenas os usava para fantasiar personagens, tomar o lugar de alguém real que ela desejava imensamente e nunca teria... Afinal, ela ainda estava presa, e talvez estivesse para sempre, ao passado... aquele odioso e frustrante passado...
Essa displicência com a consciência ficou maior quando um deles, mostrou a ela que o jogo era de mão dupla.... Ele fazia o mesmo que ela, da mesma forma... Ela sorriu quando descobriu... sempre soube que era assim...
No entanto, há algum tempo, não muito conheceu alguém que havia se tornado importante... Tão significativo que ela abandonara essas fantasias virtuais e mergulhara nele... Até que um dia acordou e estava amando...
Bem, parece que a realidade do sentimento e ela não são um par... Ele se foi, sem explicações, sem sequer dizer adeus... ele partiu e deixou que ela ficasse ali... E ela ficou... olhando da janela a neve cair, imaginando os dois sentados na frente da lareira, conversando, tomando çay e fazendo amor... amor real, que ela não tinha há muito, muito tempo...
(Diário de uma Mulher)