A matéria veiculada na noite do último domingo, pelo Fantástico, de criminosos organizados para matar policiais, revela a existência de grupos terroristas novamente em funcionamento no Brasil. Não são criminosos comuns, mas sim verdadeiros inimigos do Estado Brasileiro, e como tal deveriam ser tratados.
Para quem não se recorda, em 12 de maio de 2006 eclodiu uma onda de violência nunca antes vista na história do Brasil, atingindo vários estados, como Paraná, Minas, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo, organizada pelo grupo terrorista PCC (Primeiro Comando da Capital).
Só em São Paulo foram 73 rebeliões simultâneas em presídios. Aconteceram atentados com bombas de fabricação caseira e granadas, viaturas, quartéis, delegacias e postos policiais foram metralhados ou explodidos. Ônibus depredados e queimados. Muitas mortes. Nossas forças de segurança pública, que pela Constituição Federal deveriam nos proteger, ficaram reféns do medo. Os alvos eram claros: delegacias, quartéis, policiais e suas famílias, causando pânico e desespero entre todos nós, que pagamos impostos.
No dia 16 daquele mesmo mês, noticiou a Folha de São Paulo que o governo paulista teria realizado um “acordo” com o PCC para por fim ao conflito, o que nunca ficou bem claro. Todavia, acabaram os ataques de forma inexplicável.
Agora, mais uma vez criminosos se organizam para matar nossos combalidos policiais. Isso significa que em breve um novo “acordo” será feito. Ou melhor, depois de um período de pânico, casualmente os atentados deixarão de existir.
O crime só é organizado porque o Estado é uma bagunça. Efetivamente, não há segurança pública, apenas um embuste que, quanto exigida, demonstra ser falaz. Motivos são inúmeros, mas fico com os principais: os policiais são mal remunerados pelo risco que correm, e a existência de duas polícias, uma civil e outra militar, ambas mal equipadas. Somadas a morosidade da justiça e a sensação de impunidade, temos os ingredientes perfeitos para o fomento de um comando paralelo ao oficial.
Mas é absurdo aceitar passivamente que de tempos em tempos esses grupos terroristas, que existem e não são efetivamente combatidos, aterrorizem a sociedade sem parcimônia. Em pleno século XXI, num Estado que se denomina Democrático de Direito como o nosso, isso soa intolerável. Infelizmente, a estatura dos nossos homens e mulheres públicos está muito aquém dos cargos que ocupam.
Vladimir Polízio Júnior, 41 anos, é defensor público (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)