Quando decidi disputar minha primeira eleição aos 62 anos --idade que já terei completado no 1º turno--, levei em conta fatores:
- políticos, principalmente o imperativo de lutarmos contra o processo de fascistização em São Paulo, que tende a servir como modelo para todo o País;
- pessoais, por tratar-se de uma oportunidade para furar o bloqueio macartista que a grande imprensa me impõe, como profissional e como personagem histórico; e
- o caráter didático que minha campanha poderia ter, ao resgatar valores essenciais da esquerda da minha geração, hoje quase esquecidos.
Dei, p. ex., máximo destaque a algo que no passado era o óbvio ululante para revolucionários formados na tradição marxista ou anarquista: que nossa participação no Legislativo e Executivo, sob o capitalismo, tem caráter eminentemente tático, servindo para acumularmos forças e prepararmos a transição revolucionária, mas não se constituindo, jamais, num objetivo em si!
Só por ter chamado a atenção para esta postura fundamental, minha campanha terá valido a pena.
Igualmente importante está sendo a ênfase que dou à união da esquerda anticapitalista, pois hoje só conseguiremos exercer uma influência marcante no processo político se atuarmos como bloco. Seria exagero dizer que unidos venceremos, mas, com certeza, somando forças obteremos algumas vitórias, ponto de partida para sairmos da atual condição de coadjuvantes.
Desunidos, pelo contrário, perderemos todas as paradas. Rivalidades clubísticas pertencem ao universo das torcidas de futebol, não ao nosso. O que conta, para nós, é o objetivo maior de transformação da sociedade.
Neste sentido, proponho uma reflexão sobre as três candidaturas que encabeçam as pesquisas eleitorais.
Vencedor, José Serra manteria a parceria fascistizante com o governador Geraldo Opus Dei Alckmin. Seria mais do mesmo. Mais tropas de choque na USP, mais Pinheirinhos, mais pobres e doentes sendo escorraçados para favorecer os grandes empreendedores imobiliários (aqueles que financiam generosamente a campanha de quase todos os candidatos promissores do sistema).
Celso Russomanno agregaria um componente ainda mais nefasto ao processo, além dos balões de ensaio totalitários que têm marcado os sucessivos governos dos tucanos e seus aliados: a emergência de um perigosíssimo populismo de direita. É um pesadelo pensarmos no que acontecerá se as más bandeiras estiverem sendo carregadas, na periferia e nos bairros pobres, pelo exército de zumbis cegamente submissos aos pastores eletrônicos.
Os vendilhões do templo, ao menos, limitavam-se a tocar seus negócios. A versão atual vai além, vandalizando templos umbandistas, perseguindo gays, querendo impor à sociedade uma tutela moral medievalista... e hostilizando a esquerda, como fez ao chantagear a presidente Dilma Rousseff. A bancada evangélica condicionou seu apoio ao projeto de criação da Comissão da Verdade à não participação de veteranos da resistência no colegiado. Jesus Cristo e sua vara estão fazendo muita falta...
Quanto a Fernando Haddad, que os companheiros da esquerda petista reflitam friamente: pode-se dele esperar uma firme oposição à escalada autoritária ou ficará no habital meio termo dos governos do PT no século 21? Ele é homem, p. ex., para desmontar o dispositivo de estado policial que Kassab sorrateiramente implantou, começando pela imediata exoneração dos 30 subprefeitos (num total de 31) que são oficiais da reserva da PM?
Então, repito minha exortação do 1º turno de 2010: quem vê no capitalismo o principal entrave à felicidade dos homens e a maior ameaça à sobrevivência da humanidade, tem de ser coerente, prestigiando os candidatos que assumem explicitamente posição contrária à desigualdade capitalista e favorável à transformação revolucionária: Carlos Giannazi (PSOL), Ana Luíza (PSTU) e Anaí Caproni (PCO).
Voto útil pode fazer sentido no 2º turno, para barrar uma candidatura nefasta como o foi a de José Serra e seu vice troglodita na última eleição presidencial, apoiada até pelas viúvas da ditadura.
Mas, é importante priorizarmos, no 1º turno, o crescimento da esquerda autêntica em São Paulo, até para servir como estímulo à adoção de uma postura mais combativa por parte do próprio PT --o qual, vale lembrar, ficou devendo reações bem mais contundentes às blitzkriegs da dupla Alckmin/Kassab.
O QUE FAZER?
Para quem quiser ajudar-me, nesta campanha tão difícil e desigual, o mais necessário
agora é que me ajudem a espalhar minhas mensagens por todos os meios:
- divulgar o excelente folheto que o artista gráfico Eliseu de Castro Leão gentilmente criou, seja me pedindo a quantidade que puder distribuir, seja imprimindo-o e entregando aos seu círculos próximos (o arquivo PDF está em anexo);
- batalhar com os conhecidos (tendo-os influentes...) espaços para mim na mídia convencional ou na alternativa, pois minha trajetória seria notícia em qualquer lugar onde a imprensa fosse imprensa, além de estar desenvolvendo uma campanha bem fora do convencional;
- divulgar minha carta destinada ao eleitorado em geral (copiar daqui ou utilizar o arquivo anexo, diagramado para impressão);
- imprimir e distribuir por conta própria o folheto, a carta e/ou o selinho de campanha que pode ser copiado do próprio blogue (aqui);
- divulgar meu manifesto endereçado aos companheiros de esquerda (copiar daqui );
- divulgar o vídeo que, solidariamente e por iniciativa própria, o poeta Marcelo Roque criou (disponibilizado em http://youtu.be/f76HdD34Arg).