Indo direto ao ponto causador da polêmica entre as propostas do candidato, concordo com ele quando propõe que o Carnaval tenha o controle assumido pelo poder público, este só aprovando financiamento de enredo de escolas de samba com contrapartida cultural. No entanto, considero, por exemplo, que tal órgão do poder público seja estruturado como Secretaria Municipal Especial de Cultura e Arte Carnavalesca, assumindo junto com a RIOTUR tudo relacionado ao maior espetáculo da Terra. Assim, considero corretos os apoios às ideias mudancistas do candidato para o Carnaval prestado pelo carnavalesco Fernando Pamplona e pelo jornalista e escritor de samba Fábio Fabato.
Também manifestadas através da imprensa ocorreram reações contrárias tanto no mundo do samba quanto no meio político, que por si só revelam o comprometimento com a indevida privatização existente no apoteótico show artístico-cultural do interesse público mundial chamado Carnaval. Não por outra razão, pois o alcaide carioca é um mal-dissimulado privatista, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) como é considerado favorito a se reeleger, calou-se. Não foi esse o caso de outros dois privatistas candidatos, Aspásia Camargo (PV) e Otávio Leite (PSDB) considerados fora do páreo eleitoral, que alegaram tratar-se de "censura prévia e intervencionismo do estado".
Por sua vez, as reações contra as mudanças propostas pelo candidato a prefeito carioca Marcelo Freixo, característica e nada surpreendente foram de componentes de escolas de samba que têm sido submissas à capitalista, carcomida e sexista-machista estrutura da LIESA. Se não, vejamos. O presidente do órgão e fiel escudeiro dos infiltrados no mundo do samba, que são os contraventores do jogo do bicho e outras pessoas acusadas judicialmente de diversas práticas criminosas, Jorge Castanheira, cinicamente afirmou: "As ideias de Freixo põem em risco (sic) a organização do carnaval porque se tratam de aventuras". A seguir as declarações do carnavalesco Paulo Barros.
Atual campeã, a Unidos da Tijuca não iria mesmo ficar sem reagir. Afinal, ela é comandada por um empresário, Fernando Horta, que além de presidente da agremiação, preside o Conselho Fiscal da LIESA. Horta é o tipo do ‘velho malandro' que não se expõe. Por isso, quem falou foi o carnavalesco Paulo Barros: "Interferência no que o artista está fazendo está fora de cogitação. Isso é censura. Podem até existir outras formas de administrar o Carnaval, mas a Secretaria de Cultura interferir na criação seria uma piada". Veja agora o que afirmou a O Globo em 22/02/2012 o diretor de Carnaval, Ricardo Fernandes, sobre a reivindicação de afastamento dos bicheiros do Carnaval:
"É possível, hoje, uma escola sobreviver sem os patronos. Mas, querer que eles saiam do carnaval, acho uma injustiça. São pessoas que dedicaram sua vida (sic) às escolas. E não se deve misturar a vida pessoal com a sua presença nas agremiações". Já a assessoria de imprensa do Salgueiro ficou de emitir um manifesto de repúdio. Tudo, porque a sua presidente Regina Celi Fernandes tem-se revelado submissa como suplente do Conselho Fiscal da LIESA. Esperta, a presidenta não se expôs, delegando o encargo à carnavalesca Márcia Lávia Lage, que em redes sociais afirmou: "Freixo quer ‘moralizar o Carnaval'. Ele se referiu ao patrocinado enredo do Salgueiro "Fama" como se fosse uma aberração".
Por fim, em nota à imprensa a escola de samba Mocidade Independente se manifestou através de seu presidente e submisso membro do Conselho Fiscal da LIESA, Paulo Viana. Afinal, a agremiação apresentará em 2013 enredo patrocinado sobre o Rock in Rio. Sobre este evento a nota o considera cultural, recorrendo aos números desse festival no Rio de Janeiro em 2011. Que, segundo a nota, das 700 mil pessoas 45% teriam sido de turistas, cujas 98 horas de músicas teriam impactado 180 milhões de pessoas nas redes sociais do mundo inteiro. Concluindo, a nota afirma que nas versões do festival em Madrid e em Lisboa a cultura musical brasileira foi promovida do outro lado do Atlântico.
*jornalista - é torcedor da Portela.