O enredo do (popular) Carnaval 2013 da escola de samba carioca Unidos do Cabuçu homenageará o marinheiro e um dos heróis negros brasileiros, JOÃO CÂNDIDO Felisberto (24/06/1880-06/12/1969). O enredo será desenvolvido pelos carnavalescos Laerte Gulini e Clebson Prates que não apenas se inspiraram, mas, deram o mesmo título “O Mestre Sala dos Mares”, que é um dos clássicos da Música Popular Brasileira cujos co-autores são os compositores João Bosco e Aldir Blanc, eternizado pela cantora Elis Regina (17/03/1945-19/01/1982). A Unidos do Cabuçu desfila no Grupo de Acesso D que se realiza na Passarela Popular do Samba, na Estrada Intendente Magalhães, no bairro Campinho.
A Unidos do Cabuçu é do bairro carioca da zona norte Lins de Vasconcelos, tem como cores oficiais o azul-e-branco e é presidida por Valdir Merchioro que divulgou a sinopse do enredo “O mestre Sala dos Mares” junto com os já citados carnavalescos. A sinopse foi redigida de forma descritiva seguindo a ordem da letra dessa obra-musical e inesquecível clássico da MPB. Por sua vez, o planejamento do desfile da Unidos de Cabuçu terá a seguinte ordem: Comissão de Frente (“Aos marinheiros a chibata ao rufar dos tambores”. No Setor nº 1 (Revolta da Chibata) terá como Ala número 1 a das Baianas trajando fantasias representadas pela frase da letra da música “Há muito tempo nas águas da Guanabara”.
O carro Abre Alas representará a frase da letra da música “O Dragão do Mar reapareceu”. A Ala nº 2 os integrantes trajarão fantasias “Bravo Marinheiro Feiticeiro”. A Ala nº 3 terá fantasias de Timoneiro. A Ala nº 4 as fantasias serão o Levante da Chibata. O destaque de chão representará 250 Chibatadas. No Setor nº 2 (Dignidade de Um Mestre Sala) o Triplé nº 1 será o Bloco de Fragatas. A Ala nº 5 será a das Passistas que serão representadas por Mulheres do Cais. O 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira representará a Escravidão na Marinha do Brasil. A Ala nº 6 será a Bateria cujos integrantes trajarão as fantasias Almirante Negro. A Ala nº 7 será a dos Passistas cujas fantasias serão Salve os Almirantes.
A Ala nº 8 será a da Censura Velada. A Ala nº 9 será a O Pessoal do Porão. No Setor nº 3 (O Mestre Sala dos Mares) a Ala nº 10 será O Lenço Ficou Preto. O 2º casal de mestre-sala e porta-bandeira trajará a fantasia Loucura na Ilha das Cobras. O triplé nº 2 terá um Mestre Sala dos Mares. A Ala nº 11 terá integrantes fantasiados de Mestre Sala dos Mares. A Ala nº 12 será a das crianças fantasiadas representando a frase da letra da música “Glória aos Piratas e às Sereias”. A Ala nº 13 os integrantes trajarão fantasias de Vendedor de Peixe. A Ala nº 14 Glória às Todas as Lutas Inglórias. A Ala nº 15 será a dos Compositores e a Ala nº 16 será a Velha Guarda. A letra de “Mestre Sala dos Mares” eternizada pela voz da cantora Elis Regina sob o magistral arranjo-musical do maestro Cesar Camargo Mariano é a seguinte:
“Há muito tempo nas águas da Guanabara/O Dragão do Mar reapareceu/Na figura de um bravo Marinheiro/A quem a História não esqueceu/Conhecido como Almirante Negro/Tinha dignidade de um mestre-sala/E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas/Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas/Jovens polacas e por batalhões de mulatas/Rubras cascatas jorravam das costas dos negros pelas pontas das chibatas/Inundando o coração de toda a tripulação/Que a exemplo do Marinheiro gritava então/Glória aos piratas/Às multas/Às sereias/Glória à farofa/À cachaça/Às baleias/Glória à todas as lutas inglórias/Que através da nossa História/Não esquecemos jamais/Salve o Almirante Negro/Que tem por monumento/As pedras pisadas do cais”.
*jornalista – no RJ é torcedor da Portela a Majestade do Samba, foi um dos fundadores do Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo (1976), Sociedade Cultural Apóstolo do Samba (1979) e em Macaé foi diretor de Relações Públicas da Princesinha do Atlântico em 1982 o ano do último título da verde-rosa macaense no Grupo Especial.