"Neymar está cansado", escreve Juca Kfouri, mais como papaizão do que como comentarista esportivo.
Postura condescendente não ajudará nosso maior craque a superar a impotência que o tem acometido nas partidas internacionais importantes, nem vai fazer com que a Seleção Brasileira tenha um jogador capaz de fazer a diferença em 2014.
O apagão do último sábado repetiu os apagões contra a mesma Argentina em novembro/2010, contra o Barcelona no último Mundial de Clubes, contra o Velez Sarsfield na atual Copa Libertadores e contra o México no amistoso de outro dia.
Por sentir o peso da responsabilidade e/ou por não saber sair de marcações bem executadas, ele tem negado fogo em momentos cruciais.
Não se trata de cansaço. É falta de confiança mesmo, como no sábado, quando levou um ligeiro empurrão na área, fez menção de chutar mas refugou, preferindo desabar no solo. Ou seja, provavelmente supôs que, arrematando, o juiz não apitaria pênalti. Mas, também assim o pênalti não foi marcado. Perda total.
Messi, que agora está conseguindo render o máximo também ao atuar na Seleção, não tem tais hesitações: parte como uma flecha em direção ao o gol, finaliza e quase sempre acerta. Por acreditar no seu taco, prefere decidir com a bola rolando do que cavar penalidades máximas.
A diferença é que o argentino, tão ou mais talentoso do que o santista, foi desde cedo condicionado pelo Barcelona a priorizar a eficiência, a objetividade; e ultimamente chegou ao ápice, a ponto de compararem-no a um robô (faz sempre a jogada certa). Se tivesse permanecido no seu país, provavelmente seria tão exibicionista, hábil nas firulas e fricoteiro quanto o Neymar.
Este, por sua vez, desespera-se quando tem pela frente bons zagueiros, que não se deixam entortar facilmente, como Carles Puyol.
Só atingirá o padrão Messi de qualidade se for jogar na Europa, para aprender a aproveitar as brechas ínfimas que surgem, fazendo jogadas com a precisão cirúrgica característica do melhor do mundo.
Se ficar no Brasil, continuará dispersivo e propenso a apagões. E a possibilidade de que nos decepcione em 2014 será considerável.
É isto que ele precisa ouvir. Não o descanse, guri, porque você é "uma joia ainda em lapidação" do Kfouri...
* jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com