O público e o privado

O Brasil está loteado pela corrupção política. E corrupção na mais alta escala. Dificilmente há político que não se utilize recursos ou de benefícios espúrios durante o mandato. Não precisa fazer parte do mensalão ou das amizades do bicheiro Carlinhos Cachoeira para ser considerado corrupto. A corrupção política está disseminada pelas facilidades que o poder público, sem fiscalização, proporciona àqueles servidores inescrupulosos, com mandato ou não, que fazem da vida pública meios de seus enriquecimentos ou transações ilícitas.

E não é difícil checar a legitimidade do patrimônio desses larápios. Basta avaliar a incompatibilidade patrimonial deles com a as suas rendas salariais. E a gente fica perplexa com a leniência do fisco nacional, que só demonstra competência para azucrinar a vida dos bagrinhos. Parece até um fisco nefelibata, parodiando Collor de Mello, ou seja, que vive nas nuvens e não sabe de nada.
Qual partido ou político que não tenha envolvimento suspeito com atos irregulares? Há exceções, mas são poucas. Como são operadas financeiramente as campanhas políticas no Brasil? E o caixa dois dos partidos? Há petistas que gostam de jogar pedras nos tucanos como se eles fossem a vestal da moralidade, mas o seu passado e presente continuam sendo estampados negativamente na mídia brasileira.
Deveria haver no Brasil um tribunal de inquisição para julgar o patrimônio de todos os políticos e familiares, com o objetivo de resgatar o dinheiro público surrupiado, que muita falta faz para Educação, Saúde e Segurança.
Vejam como veladamente se assalta o Erário. Enquanto a sociedade carente não tem dinheiro para pagar plano de saúde privado, é tratada com menoscabo pela classe política, morre em filas de hospitais públicos ou é jogada como animal em corredores fétidos dessas instituições, porque não há médico nem leito disponíveis – pasmem, os nossos senadores da República, os ex-senadores e familiares, de forma perene, têm assistência médica e hospitalar gratuita no Senado Federal, sem nunca terem contribuído com um só centavo. Mas eles se acham impolutos e se consideram honestos, mesmo desrespeitando flagrantemente os artigos 5º e 37, da Constituição Federal.

Júlio César Cardoso
Bacharel em Direito e servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC

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